13-05, 22:53 pm
"Como a última gota da tempestade, cá estou eu, em busca de me redimir enquanto recordo-me do teu formoso riso, a brasa do teu abraço e as incontáveis estrelas cadentes que percorriam por sua íris sempre que seu olhar se encontrava no meu.
Você sabe, eu sempre fugi do perdão, banal para uns, valioso para outros.. Talvez, esse tempo todo o meu egocentrismo tenha lhe feito mal, no fundo, eu sabia disso. Eu sabia como as minhas piadas ácidas distorciam as juras de amor que joguei como palavras ao vento. Pernoites onde pude conhecer mais do precioso Renjun, apelidado por mim como Jun, você era como a névoa da matina, flores rotineiras do início do outono, nossa estação favorita.. Foi quando nos conhecemos; em uma tardia madrugada, tímidos porém corajosos o suficiente para reconhecermos que era ali, naquele momento, que nossos corações bateram em sincronia após anos. Algo clichê, de vida passada, o humano do qual sonhava todas as noites, ali na minha frente com suas madeixas cobertas de um moletom de sua bandinha favorita... Me desculpe, junnie! eu não me recordo o nome.. era algo como discoteca em pânico? você me dizia muito sobre eles, suas camisas eram as melhores e confesso que ainda guardo uma que roubei do seu cabideiro do dia em que pude te admirar pela primeira vez através do brilho da singela lua que era ofuscada apenas pelo seu estridente sorriso.Cá estou, com aquele sentimento de puro arrependimento, com incertezas sobre eu, você... sobre nós. Aqui da minha janela eu posso sentir a fresta de sol queimando parte do meu rosto, o que me faz recordar do dia em que você esqueceu de usar o protetor solar e no fim acabou igual o ciclope.. Jun, naquele dia compartilhamos de tantos risos que esquecemos até do que nos impedia de ser feliz.. ou melhor, de quem. Seus pais nunca nos apoiaram, eles sempre me diziam no breu da noite, quando eu descia até a cozinha para pegar um copo de água, que nossos sentimentos não eram certeiros. Eles queriam o ver com qualquer pessoa que não fosse simplesmente Eu, Lee Donghyuck. Você passava horas confessando seu eterno amor por mim, parecia uma criança com os olhinhos mais brilhantes e singelos do mundo.. Ali era meu ponto fraco, me perder em suas íris fazia sentir-me como o maior pecador já existente. Entretanto, eu fracassei, fui um fracasso por não poder, certamente, corresponder na mesma intensidade. Éramos jovens, Injun, jovens demais para termos razão do que sentíamos. Bem, você sempre me passou certeza, mas.. e eu? eu sempre soube que amar você era o que eu queria, entrementes, não sabia se era o que eu deveria concretizar.
Fui fraco, imaturo e egoísta, mais uma vez pensei no melhor para mim mesmo jurando que tudo isso era por você. Jurei mais uma vez em vão, menti para mim mesmo, acima de tudo, matei a mim mesmo e tentei, ocasionalmente, curar-me com um novo alguém. Mais uma vez, machuquei alguém, meu dom era esse afinal, maturidade certamente não era meu forte.
No breu sombrio, sem o suor das suas frágeis mãos, sem o gélido anel que marcava nossa união, sem você, sem Huang Renjun. Tudo isso pois me entreguei a fraqueza, confiei nas palavras de seus pais, Jun, me perdoe! Talvez você nunca saiba disso, eu lutei contra monstros, monstros internos e impacientes.. Lutei para que tudo não acabasse, novamente, foi em vão. Jurei aos céus que deveria deixar-te ser feliz, livre e que pudesse encontrar alguém que lhe fizesse ser amado, o que eu não sabia, é que você já havia se machucado mais uma vez por mim. Não sabia que Jisung seria tão astuto ao ponto de contar à você sobre a única saída que tive com Jaemin. A minha fraqueza, minha recaída e meu maior erro. Migalhas de nossos corações foram estilhaçados ao chão naquela dia, eu não tinha palavras, Eu, Haechan, coincidentemente conhecido como o maior tagarela da Vila, não tinha míseras palavras para soletrar-te, o perdão fugiu de meus lábios e eu novamente errei, deixando com que você, meu maior amor, fosse embora.
Novamente perdido em meio ao caos, com a culpa no colo e o medo nas costas, ambos pesando mais do que uma tonelada. Uma tonelada de solidão.
Durante meses nos afastamos, não sabíamos como estávamos, eu estava entregue ao pecado, todavia, tinha alguém do meu lado.. Jaemin jurou que me ajudaria, mesmo eu recusando, sabia do seu amor por mim, sabia que seus olhos inchados eram resultados de tudo o que fiz aquele belo rostinho com o maior coração do mundo chorar. Lábios avermelhados e tentadores, mas, não eram os seus.. Não era o frágil rosto do meu Jun.Um ano se passou e acabei por saber que seus avós haviam falecido. Eles eram o seu porto seguro, os únicos que nos apoiaram, recordo-me de sua avó tricotando um amoroso cachecol de casal enquanto seu avô pintava a cerca que rondava o jardim florido, da cor de suas madeixas. Eu sabia que você estava mal, que estava acabado, eu queria ajudar, queria ceder todas as minhas inseguranças à qualquer um que em troca me desse você.. Mas não consegui realizar isso, quando compareci ao velório, pude ver-te ao lado de Jisung, a forma como ele acariciava seus pequenos fios me incomodava, deveria ser eu ali, ele nem mesmo sabia da história de amor de seus avós, não sabiam que eles haviam se conhecido nos tempos de colégio, que sua avó era a maior galanteadora dentre os quatro cantos e que seu avô era apenas do clube de jardinagem.. Ele não sabia de nada disso, por que ele estava ali, Renjun? Por que você estava assim, tão entregue? Eu chorei, chorei por tantos motivos, deixei com que aquelas flores por cima dos túmulos significasse pedidos de desculpas, por não conseguir cuidar do bem mais precioso da vida daqueles não mais jovens amantes. Ao sair, esbarrei com os seus olhos, tristes, sem vida, sem energia, sem o seu Eu.. Me senti horrível mais uma vez, por não ter o direito de te abraçar, novamente, tudo o que eu fiz foi ir embora.. deixando você pela última vez.
3 semanas depois, minha deixa.
Um aviso, um pedido de desculpa, uma lágrima, mil sentidos, diversas emoções através de um "me perdoe, não pude cuidar dele, haechanie.. eu deixei o junnie partir". Minha deixa, minha infelicidade, o abismo.
Segurei Jisung pelo colarinho e ali depositei toda a força que eu não tinha, eu nunca pensei que poderia chorar tanto. Eu estava fraco, eu queria você.. somente você, Renjun!Não tinha forças, não havia forma alguma de me consolar, o seu amor era tudo o que eu tinha, seus olhos marcados em minha mente, seu sorriso contagiante e o tom ruborizado de suas bochechas. Você era um personagem de fanfic, Jun.. O mais perfeito, e eu, bom, eu era o que não deveria estar ali. Eu não deveria ter te encontrado naquela noite de outono, onde o mundo parou e eu me perdi em você, onde os céus nos presenteou com folhas secas, com uma brisa que nos permitia enxergar apenas o mais importante, um ao outro. Eu não deveria ter me dado ao luxo de ter um amor, não deveria ter deixado nascer algo que eu nunca seria capaz de transformar em certeza, algo duradouro..
Palavras de perdão nunca serão suficientes, nunca serão adequadas para o que eu me permiti fazer. Tudo o que eu fiz, um erro insubstituível, minha imaturidade trouxe erros imperdoáveis, querer você e não poder ter-te ao meu lado, contando piadas é o que mais me chateia.. Eu quero muito você, quero estar ao seu lado para sempre.. Deixo aqui, então, minha despedida.
Não sei ao certo se nos encontraremos novamente em uma outra vida, se iremos ser julgados como pecadores por qualquer força existente, todavia, quero ter você e penso tornar isso um ato de egoísmo.
Adeus, Junnie, mesmo que não possa ler isso, penso estar falando com você diretamente. Te amei cada segundo e pequei à cada milésimo."
– Lee Donghyuck.
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Carta de desculpas à Huang Renjun | renhyuck.
Romanceonde haechan escreve o que jamais poderá ser dito.