Acapane

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A enorme quantidade de velas acessas naquele quarto não era suficiente para clarear devidamente.

Aygon ficou totalmente sem reação, seus olhos se fixaram na marca presente nas costas de Aurora como se estivesse hipnotizado, o jovem até tentou falar algo porém as palavras não saiam de sua boca.

— Você pensou que era único? — questionou Aurora enquanto delicadamente subia seu vestido.

—Eu não estou entendendo, você também recebeu um chamado? — disse Aygon tentando se levantar da cama.

— Não se levante ainda, você tomou uma pancada feia no nariz, ficou um bom tempo desacordado.

—Um bom tempo? —Refletiu Aygon ainda desnorteado — ARTHUR! Onde está meu amigo?

Ao se levantar da cama Aygon percebeu que estava sem sua camisa, porém não se importou, apenas continuou a olhar para todos os lados afim de encontrar uma porta. 

— Seus amigos estão todos presos —afirmou a princesa

— COMO ASSIM PRESOS — se exaltou Aygon, mudando sua expressão enquanto caminhava com a cara fechada até a primeira porta que encontrou.

— É melhor você se acalmar e não sair por essa porta — disse Aurora com a voz suave e calma se sentando novamente na cadeira ao lado da cama.

Aygon não deu ouvidos e com pressa abriu a porta de madeira. Ao abri-la se deparou com o general Beric em pé do lado de fora.

—Problemas? — disse Beric olhando para Aurora pelo vão da porta e ignorando Aygon a sua frente.

— Temos Aygon? — questionou a princesa cruzando as pernas.

— Soltem meus amigos.

— Seus companheiros  juntos a você, mataram vários de nossos soldados, cinco para ser mais precisa. Você deveria me agradecer por não estar preso junto a eles — explicou Aurora com as sobrancelhas frangidas e uma voz um pouco quanto intimidadora.

— Eles abusaram da autoridade dada a eles, e ainda queriam se aproveitar da garota que estava viajando comigo.

— Um crime não justifica outro, seus amigos devem ser julgados — afirmou Aurora com o mesmo tom de soberba e frieza no olhar

— Porém é seu dia de sorte, está aqui presente dois dos três membros do conselho de Acapane. Se você cumprir algumas exigências nossas poderemos votar a favor de seus amigos —Completou a princesa.

— E quais seriam essas exigências?

— A minha é bem simples, apenas quero que você entre aqui, para conversamos a respeito dessa marca que compartilhamos.

—E quanto a você —falou o jovem direcionando seu olhar para Beric.

O general o encarou de cima para baixo e sem dizer uma única palavra  fechou a porta.

— Com ele você decide depois, por enquanto vamos para minha parte.

Aygon se sentou na cama em frente a Aurora, que estava com um enorme sorriso em seu rosto.

— Não sei o que a princesa quer saber, porém já adianto que não sei de muita coisa.

—Eu quero saber de tudo, de onde você é,  sua família, seus ideais, suas ambições — falou Aurora, com seus olhos azuis arregalados enquanto flexionava um pouco as costas e trazia seu rosto para mais perto de Aygon.

O jovem sem poupar informação contou tudo para a princesa que demonstrava um enorme interesse e uma grande ansiedade ao ouvi-lo. Ao ouvir sobre a conversa com Totorios ela entrou em um frenesi total, sua perna esquerda não parava de balançar e roía as unhas de sua mão compulsivamente.

Regressão: A quebra do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora