— Dez minutos no banheiro com o Nathan. – Theo disse quase gritando graças a música alta, visivelmente alterado.
Eu já estava acostumado com as situações inusitadas que passava após aceitar jogar esse maldito jogo, mais conhecido como verdade ou desafio, mas eu preferia chamar de "desempaca fodas enquanto fode a minha vida".
Pra início de conversa eu sequer deveria estar naquela festa, não sou o tipo de pessoa que vai pra casa de alguém encher a cara em plena quarta-feira tendo aula bem cedo no dia seguinte, fui arrastado até ali graças aos meus – também malditos – amigos: Alice, Theo e Bryan. O trio maravilha que adorava me envolver em enrascadas junto a eles, e dessa vez não foi diferente.
Alice reuniu um grupo de pessoas próximas em sua casa e acabou chamando alguns novatos da escola, de acordo com ela eu tinha a obrigação de comparecer já que nós éramos melhores amigos e essa seria a primeira festa do ano. Eu mudei de ideia? Não, mas os outros dois concordaram e ali estava eu.
— Porra, vamos com calma, não quero que ninguém transe no meu banheiro. – Alice refutou, causando risos no local.
Meu cérebro estava se perguntando em todas as línguas possíveis o porquê de eu ter aceitado participar daquela brincadeira. A última vez havia sido no sétimo ano, onde eu fui desafiado a beijar uma menina e secretamente perdi o meu bv. Um beijo não tão bom até porque a boca dela parecia uma máquina de lavar, e fora isso... bom, eu sou gay.
Meus olhos se direcionaram ao rapaz que estava na minha direção, apoiado na ponta de um sofá, ele encarava Alice numa expressão indecifrável onde eu não sabia dizer se estava envergonhado ou achando graça.
Notei o garoto se levantar porém não era atrevido o suficiente para olhar em seu rosto; ele andou até mim e eu engoli em seco quando senti dois tapinhas em meu ombro e um sussurrar em meu ouvido, num tom baixo porém audível para os outros ali presentes.
— Melhor não decepcionar o seu amigo.
Os gritinhos dos meus colegas tornaram a situação ainda mais constrangedora, e tenho a impressão de que virei e segui o garoto apenas para me livrar dos encorajamentos com apelos sexuais.
Andando por aquele corredor você tinha a impressão de estar numa mansão, mesmo que a casa de Alice não fosse lá das maiores. O rapaz a minha frente não disse uma palavra, nem mesmo quando paramos em frente ao tal banheiro, ele só abriu a porta e tomou a frente para entrar ali dentro.
O banheiro no meio do corredor era bem apertado, haviam três banheiros na casa – um no quarto de Alice, outro no de seus pais e o principal, onde nós estávamos – e eu já estava ciente do quão estreito ele era sendo usado por apenas uma pessoa. Como haviam banheiros nos quartos não tinha necessidade de colocar um chuveiro, então aquele era composto por basicamente um vaso sanitário e uma pia.
Eu me apoiei na pia enquanto o rapaz se apoiou na parede em frente, nós estávamos bem próximos um do outro e o silêncio no cômodo passou a me deixar desconfortável. Não sabia o que falar mas queria quebrar aquele gelo de qualquer forma, então sem pensar muito disse o que me veio a mente:
— Deve ser meio chato ficar trancado com um desconhecido numa festa... eles são assim mesmo, me desculpe por isso.
— Chato? – ele riu, mostrando um belo sorriso e também um piercing na língua que fui capaz de ver graças a sua fala. — Eu acho que é divertido.
Não tinha dito uma palavra sequer e estava achando divertido? Sujeito esquisito.
— O que é divertido? – eu realmente fiquei curioso.
O rapaz de fios escuros deu passos lentos em minha direção, seu olhar caído o tornava extremamente atraente e eu tinha que admitir que ele era bonito, muito bonito. Seu sorriso de canto também não colaborava, nem os braços tatuados e muito menos o piercing na língua. Era um pedaço de mal caminho bem em minha frente e com o rosto quase colado no meu, nossas bocas estavam a milímetros de se tocarem e eu só conseguia sentir seu olhar penetrante me fitando. Ele entreabriu a boca como se estivesse prestes a me beijar, mas não o fez, me deixando ainda mais ansioso.
— Pra falar a verdade... – senti sua mão segurar meu rosto e o levantar, assim podendo olhar diretamente em seus olhos já que ele era uns centímetros mais alto — Você tem sido a única parte divertida desde que cheguei nessa festa.
Antes que eu pudesse o questionar sobre ele encostou nossos lábios, eu senti como se pudesse me derreter em seus braços ali mesmo quando senti o puxão dos fios em minha nuca e a sensação do metal de sua língua em contato com a minha, isso foi o suficiente para que me esquecesse de qualquer coisa presente em minha cabeça. Sua mão antes em meu rosto foi até a minha cintura e eu levei meus dois braços ao redor de seu pescoço, a outra mão do rapaz deslizou para a minha bunda e eu arfei baixo entre o beijo quando senti uma mão apertar minhas nádegas enquanto a outra puxava minha cintura contra a dele.
O garoto percebeu o meu estado e sorriu, e quando vi ele já estava mordiscando a minha orelha e deixando selares pelo meu pescoço, em certo momento eu senti sua língua e um chupão acompanhado de um puxão na nuca, ele conseguia me levar ao céu apenas encostando sua boca em minha pele.
— O seu nome. – murmurou ao pé do meu ouvido.
— Hum? – eu estava um pouco desnorteado e a respiração quente em meu pescoço continuava causando certo efeito em mim.
— Me diz o seu nome, bebê.
— M-matthew... me chamo Matthew.
— Então, Matthew... – ele aproximou nossos rostos novamente, dessa vez passou a língua pelos lábios, molhando-os, e eu jurei que poderia soltar um gemido vendo aquela cena de tão perto. — Os dez minutos já se passaram.
Ele se afastou de mim e abriu a porta do banheiro, saindo deste, deu um último sorriso em minha direção antes de sair oficialmente do cômodo e voltar para a festa.
Eu estava imóvel, extremamente excitado e permaneci assim por uns bons segundos, me virei de frente para o espelho que ficava acima da pia, onde eu estava apoiado. Minha boca estava levemente inchada e avermelhada, meu cabelo não se encontrava na melhor condição e pude notar a marca do chupão em meu pescoço. Eu deveria estar preocupado com o que faria para disfarçar essa mancha roxa aparente no dia seguinte, mas quando tentei refletir sobre isso só consegui lembrar da sensação dos selares em minha pele, então só dei uma leve arrumada no cabelo e lavei o rosto, tentando acordar daquele transe. Respirei fundo com a mão na maçaneta e saí do banheiro, indo de encontro aos meus colegas.

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Truth or Dare?
JugendliteraturNathan é um canadense recém chegado numa cidade dos EUA, sua família teve de se mudar por conta do trabalho do pai e ele logo foi matriculado numa escola dos arredores. Graças a sua curiosidade acabou achando um convite no instagram para uma festinh...