𝐢𝐧𝐯𝐞𝐫𝐧𝐨𝐬 𝐚𝐯𝐚𝐬𝐬𝐚𝐥𝐚𝐝𝐨𝐫𝐞𝐬.

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observou um floco de neve cair sobre seu livro, interrompendo sua leitura. com um pigarro, suspirou, fechando o livro que era de ser interessante, mas a data de hoje não lhe permite sequer aproveitar o terceiro livro da saga que tanto ama: A Rainha Vermelha. hoje se completa três meses desde que ele o deixou, levando consigo o clima agradável de outono e deixando para trás o frio quase que sufocante de inverno. e agora o chinês sofre com o frio enquanto observa de forma melancólica o mundo abaixo de sua sacada, as ruas pouco a pouco se cobrindo de branco e casais de mãos dadas, se esquentando do frio cada um de sua forma.

se bem que, antes o coreano tivesse levado só o outono, mas também levou parte do coração de wong. agora, o estrangeiro olha o mundo ao seu redor de um jeito vago, o sorriso em seu rosto falta muito vezes, e se baixa a guarda um pouco o kim lhe vem a mente com aquela risada gostosa, que lembra um dia com aquele sol gostoso de se sentir, e uma brisa boa para se desprender de preocupações. "por deus, onde eu fui amarrar meu burrinho?", é um questionamento constante na cabeça do estrangeiro. as mãos grandes percorreram os fios descoloridos em busca de algum conforto, lágrimas dançando em seus olhos amendoados.

de fato, yukhei deveria ter pensando melhor antes de oferecer um café, (que diga-se de passagem servia mais pra um codinome de quero te ter mais perto), pro coreano que estava 'turistando a cidade de interior francesa. yukhei deveria, por deus ele deveria tanto, ter simplesmente ido naquela aula de sua faculdade ao invés de passar a manhã cultuando cada curva do Jung. mas ele não foi, e tão rápido quanto a forma que eles se despiam para sentir sempre mais do prazer carnal, o wong se viu admirar não só a forma como o Kim revirava os olhos a chamar por seu nome, mas também a manha pós-sexo, o sorriso cansado e a cara inchada de tanto dormir.
yukhei caiu nos encantos de jungwoo sem que este ao menos tenha feito algo.

cansado de se afundar em melancolia, o rapaz levantou em um impulso de adrenalina, tentando a todo custo expulsar um certo nome de sua cabeça. se agasalhou e seguiu sem rumo, sendo um enorme clichê ambulante. tanto é que, quando foi se dar conta, estava na estação de trem onde viu chegar, e depois partir, o dono de uma parte de si. não pensou muito ao comprar um ticket para o centro da cidade, só aproveitou o calor dentro do vagão, e o fato de estar quase que sozinho ali. talvez o wong tenha uma coisa que sempre o atraí para problema, ou melhor dizendo, para kim jungwoo. e sim, agora é aquela parte que o grande plot twist chega: jungwoo se senta bem do ladinho de lucas, o qual demora um pouquinho pra se dar conta de que era ele mesmo ali, acabou indo direto para aquilo que tanto tenta fugir. sentiu a cabeça dar duas voltas, o coração quase que a própria sapucaí e as mãos suarem em pleno inverno francês.

— mundo pequeno, não? — "é ele." o wong confirma o óbvio, não sabia o que dizer, sequer tinha algo a dizer afinal.

— pequeno até demais. — ouviu aquela risada gostosa lhe preencher o peito, e o causar um desespero que daria tudo para não sentir. e foi assim que, conversa vai e conversa vem, lucas se vê tendo que dizer adeus denovo para ele. e talvez nem deus entenda a forma como o mortal se sentiu completo nos três meses em que ele ficou e decorou a casa com as mais belas flores, esculturas, pinturas e qualquer outra forma de arte, já que ele por si só já é uma. e deus deve até sentir pena de ter que observar o mortal novamente repetir as palavras que o cortaram, e ps, ainda cortam. no final, a culpa do moreno estar com o que sobrou de seu coração ao voltar 'pra casa, é dele mesmo; que insistiu em mergulhar sem saber do quão fundo era, e se afogou no mar de sentimentos que criou sozinho ao ver que não importava mais, que o seu garoto não era bem assim dele, e que ele não iria ficar para sempre admirando apenas sua paisagem.

— 'cê levou meu coração embora, e nem 'pra deixar eu sentir um pouco dele com você. — falou em meio ao apartamento solitário.

não precisa ser inteligente para perceber que já não se via mais as flores nas sacadas francesas, poucas são aquelas que resistem ao frio. pouca coisa resiste a um frio assim, e yukhei tenta resistir como pode, viajando de corpo em corpo, de estação em estação. mesmo sabendo que ainda está parado naquele corpo, naquela estação.

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.𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐨 𝐢𝐧𝐯𝐞𝐫𝐧𝐨, 𝐭𝐫𝐞𝐧𝐬 𝐞 𝐚 𝐟𝐚𝐥𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐥𝐞 𝐟𝐚𝐳Onde histórias criam vida. Descubra agora