Capítulo 1: Papiros

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Ágria do Norte, taberna Antilles.

O que se ouve são os brindes e beberrões naquele lugar, onde muitos já fecharam ótimos negócios, outros venderam as suas almas. Ouvia-se música e as risadas das florzinhas, que infelizmente não tinham um "bem-me-quer" dos seus clientes, esses com grandes sacos de ouro para gastarem a vontade com apostas, bebidas, e claro, o jardim de dona Rosalinda.

Além das cadeiras e rodas de conversa. Estava ela, séria, de pernas cruzadas, inquietas, com os seus trajes rubros, com o seu leque em movimentos bruscos e ligeiros. Rosalinda seria capaz de arrancar os olhos do seu próprio marido. Coitado, despreocupado, enchendo os copos de cerveja e ouvindo as novidades dos campos de batalhas.

— A comida do Barjus, está a ganhar do que servem lá naquela loucura. — Todos riem no balcão velho.

— Por isso os porcos estão a ficar magros, os soldados estão a roubar suas lavagens! — O velho taberneiro se diverte.

— Assim como esses porcos embriagados roubam-te, querido. — Rosa era conhecida como uma mulher por muitas vezes rabugenta e encrenqueira.

— Ora mulher! Pare de ser rabugenta, dance e alegre-se, muitos homens da nossa aldeia voltaram! — Barius tenta acalmar-la.

— Como posso diverti-me, sabendo que em um dos meus quartos e com uma das minhas florzinhas, está com aquele bruto, fanfarrão e vagabundo príncipe, que vive por aqui se embebedando, em quanto o sangue dos seus súditos é derramado nos campos de batalha! Além de ser mau pagador, aquele senhor deve-me e muito! — Com um timbre firme, ela fez o salão silenciar por alguns segundos, até uma pergunta ecoa no bar.

— O príncipe Jimin está aqui? — e os murmúrios começaram.

— Céus! O que Flor-de- Liz tem na cabeça para se deitar com aquele homem! — suspira a velha, que sobe até os seus aposentos.

E no andar de cima onde funcionava uma pensão, poderia ouvir os gemidos ferozes do Príncipe e da sua companheira. Ele era selvagem, de todas as formas, fazia qualquer donzela cair ao delírio e nos seus encantos. Flor-de- Liz não era diferente, ingênua e sonhadora, não dava ouvidos aos pedidos da sua madrinha, aquela que a criou como filha, e que desconfiava até da respiração do amante real da afilhada. Ah aquela respiração! Que fazia a pequena florzinha cambalear as pernas e palpitar o coração. Estava a muito tempo enamorada pela alteza, que pelos olhares alheios, não viam futuro no casal, todos sabiam das intenções do príncipe, sabiam o que Flor de Liz significava para ele, ou que não significava. Pobre flor, afogada nas suas ilusões, não via o quanto machucado o seu coração sairia, com esse embriagante romance.

— Ah! Você... É inexplicável! — fala o príncipe ofegante, pousando o seu corpo na cama velha, passando a mão nas curvas da sua concubina.

— Que bom que gostou, meu príncipe! – A apaixonada fala vendo o seu amado respirar fundo e suspirar — Por que demorou querido? Senti a sua falta.

— Florzinha, não comece com essas frescuras, não quero ouvir os seus melos fatigantes. — Disse a realeza de olhos fechados descansando, enquanto a florzinha calada e reprimida, aconchegava no peito frio de Jimin.

De supetão a porta era aberta, uma tempestade se armava no céu e no chão da humilde taberna. Em silêncio, no seu costumeiro silêncio, adentrava a podridão do lugar encharcado de cerveja. Coberto pela densa escuridão da sua capa, sentou-se no balcão, com todos os olhares pregados em si.

— O que o viajante deseja? — Balgius pergunta.

— A cerveja mais gelada que você tiver e informações.

Guerra de ÁgriaOnde histórias criam vida. Descubra agora