Havia algo de errado nesta tarde, mas Madara não conseguia identificar o que era de fato a origem daquele sentimento estranho, um nó na garganta que sufocava gradualmente. Talvez fosse apenas o tempo estranho para esta época do ano, uma tarde chuvosa em pleno o período de estiagem, ou o cigarro barato comprado no mercadinho da esquina, o uísque vagabundo sendo ingerido vagarosamente, ou até mesmo o livro com um enredo chulo, clichê e entediante que ele estava lendo apenas para tentar distanciar a sua mente do real problema, da verdadeira razão do desconforto.
O apartamento estava silencioso, os únicos sons presentes eram os produzidos com o farfalhar das folhas do romance, o copo sendo depositado periodicamente na mesa e os suspiros vindos do homem sentado em frente a pequena varanda. No entanto, o silêncio e a calmaria preenchiam apenas o exterior, na mente de Madara havia uma enxurrada de pensamentos, um turbilhão confuso, angustiante e melancólico advindo de um coração que fora reduzido a cacos, pequenos frangalhos amuados.
Suspirando, o homem apanhou-se pensando naquele que lhe esquentava a alma, aquele que tinha um aroma de lar. Hashirama era lar, aconchego e segurança, sempre que colocava os olhos naqueles cabelos castanhos longos, nos olhos quentes e no sorriso brilhante, Madara não conseguia conter o formigamento nas mãos, nem o arrepio que lhe percorria o corpo, sentia tudo transbordando e sabia que nunca iria ser capaz de conter todos os sentimentos que o homem causava a si.
Era óbvio, amava muito aquele homem maldito, chegava a ser desonesta a forma como o mais alto transformava um simples abraço na mais pura forma de derreter completamente o homem de postura séria que o Uchiha era, os beijos transmitiam tanto desejo, o sexo era alucinante, os braços fortes ao redor da cintura, a mão enorme lhe puxando o cabelo ou disposta em seu pescoço sufocando lentamente fazendo lhe brotar lágrimas nos olhos, as mordidas, as palavras sujas sussurradas de modo arrastado no pé do ouvido. Tudo era sempre muito lindo, porém, no dia seguinte sempre acordava sozinho em sua cama, sem nenhum recado ou sinal de que o Senju realmente estava lá na noite passada.
Madara estava cansado de ser despedaçado assim, cansado de fingir que não havia e que nunca houve nada entre ele e hashirama até que o senju resolvesse bater na sua porta em uma madrugada qualquer e reivindicar seu corpo sem saber que levava também sua alma de brinde. Mais uma vez suspirando, Madara se sentia ridículo, apaixonado por um homem que lhe usava apenas como uma válvula de escape, que o queria apenas enquanto suas pernas estivessem abertas. Gotas no papel, de repente o uchiha percebeu algo úmido em suas bochechas, oh! São lágrimas. Puxando firme a fumaça do que ainda lhe restava do cigarro ele refletiu em sua solidão, Hashirama Senju é um desgraçado e Madara uchiha, bem, ele é um homem patético.
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Pathetic.
Fanfiction"Havia algo de errado nesta tarde, mas Madara não conseguia identificar o que era de fato a origem daquele sentimento estranho, um nó na garganta que sufocava gradualmente."