Meus olhos se arregalam e meu coração começa a pulsar mais rápido.
- Ka...? - murmuro, mas me silencio na mesma hora.
Essa é mesmo a menina que apareceu no meu sonho? E também é a garota brisada que se mudou para minha turma faz poucos meses?
- Gostei da sua máscara. - ela elogia, quase sem medo algum, displicente, como se desconhecesse qualquer noção de perigo. - Ela é bem maneira mesmo.
- Hã? - sussurro para mim mesmo, surpreendido. Será que ela entendeu que eu sou do Clã Máscara Negra? Que sou um assassino?
Como na situação de Fogo, eu devo mata-la em breve. Não, espera. Isso é diferente. Não estou em nenhuma missão, e ela também não sabe quem sou eu de verdade. Mesmo assim, eu deveria ser sensato, ela pode me denunciar, e isso ajudaria alguém em algum nível. Não posso confiar nela.
No entanto, ela é apenas... esquisita. Talvez especial, sei lá. O que diabos eu devo fazer?
Ela estava em meu sonho, e eu sabia seu nome! Isso significa o quê? Que eu a conheço? Isso é apenas coincidência ou manipulação de meu alter ego? Teria a ver com o fato de ela me atormentar como se fôssemos amigos de verdade?
Levanto as mãos à cabeça e começo a ofegar, confuso. Ainda não ouso dar um passo, com medo de com isso, tomar uma atitude errada.
- Você está bem?
Na verdade estou estupefato. Então, alguma coisa tem de fato nexo, eu acho. Como um quebra-cabeça, é só juntar as partes. E apesar de não ser muito, sinto como se estivesse concluído uns dez por cento desse singular quebra-cabeça. Eu sei que tenho que pensar nisso, mas não agora. Vai para a lista de planejamentos, que já são muitos, eu acho.
Me recomponho.
- Ajuda. - afirmo, não me impressionando quando a garota recua ao ouvir minha voz. No entanto, ela me estuda um pouco e volta ao estado original.
- Você precisa de ajuda?
- Sim.
A situação é estranha, eu sei, mas parece que eu não conseguiria forçá-la a fazer o que está em minha mente. Talvez considerando sua imprevisibilidade mental, se eu pedisse, a reação dela seria diferente. É um tiro no escuro, mas parece que não é tanto levando em conta o que conheço dela.
Ou talvez eu seja tão bizarro quanto ela.
- Com o quê? - ela indaga. Reparo que ela está meio interessada demais, quase empolgada. Parece que eu acertei na jogada, mas não me precipito.
Levanto um dedo e aponto para o agente Fatel. Pela milésima vez, me pergunto por que estou fazendo isso. Isso é loucura.
- O homem.
Karine espia e coça o queixo com curiosidade. Gostaria muito de saber lê-la.
- O de capa?
Na verdade é um sobretudo, sua idiota, penso, mas não digo. Aparentemente ela entendeu.
- Sim. - respondo. - Distraia ele.
- Distrair? - ela se vira para mim mais uma vez e fica mais curiosa. - Consigo fazer isso.
Não digo nada, apenas espero ela sair correndo do nada, para me ajudar ou para me denunciar.
- E o que eu ganho?
- Ah...
Realmente eu não estava esperando isso. Na verdade a frase me desconcentra quase por completo. Ela é burra ou não? Não consigo pensar em uma forma de compensar a garota. Talvez seja melhor desistir disso. É loucura.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Máscara Negra - Impacto
Ciencia FicciónEm um 2028 catastrófico em que aconteceu uma guerra nuclear, a humanidade se dividiu entre aqueles que conseguiram se salvar isolados nas Células de Refúgio, protegidas pelas Muralhas, e os habitantes das zonas mortas, regiões afetadas pela batalha...