Capítulo 57

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      Apollo coloca Beatrice na maca com cuidado, seus olhos estão marejados, seus pelos arrepiados como espetos.

- O que vamos fazer? - Sam pergunta e Jackie entra.

- Pega o desfibrilador. - Apollo diz rouco.

Jackie já o puxa, enquanto Rya procura uma tesoura e entrega para Apollo.

Ele corta as roupas de Beatrice, sem se importar com a nudez que ficou exposta.

Jackie liga o aparelho. Memórias do médico usando o mesmo em Beatrice após o conflito com Ralf invadem sua memória como um gatilho de uma arma sendo puxado.

Apollo conecta o aparelho de captação dos batimentos cardíacos. O único som que é escutado é o último batimento cardíaco de Beatrice e o som contínuo, seguido de um único risco.

O coração de Beatrice parou de bater.

Sam sente o corpo convulsionar com o choro preso em sua garganta.

Apollo mesmo com os olhos encharcados, esfrega as superfícies metálicas enquanto Jackie carrega a energia para o choque.

- Vai! - Jackie grita com as mãos trêmulas.

Apollo profere ambos objetos contra o tórax de Beatrice, o corpo da mulher é levantado com a força da energia.

A respiração de todos está descompassada, Apollo chora vendo que não houve reação.

- De novo! - Ray grita afastando Apollo que toma o lugar de Jackie.

O capitão está no chão, em total desespero e pranto.

Apollo carrega uma nova carga, e Ray profere contra o corpo de Beatrice. O barulho do corpo voltando a deitar na maca após ter a descarga faz Ray engasgar com o choro.

- Não pode nos deixar... - Ray rosna. - Precisamos da sua luz para afastar nossa escuridão.

Luck chuta a porta do centro médico com brutalidade enquanto seu rosto já banhando em lágrimas demonstra sua descontrole contra a situação.

Ray prepara uma carga mais forte e tenta se controlar, a pele de Beatrice já queimada, e não há sinais do batimento cardíaco, apenas o som contínuo que continua a apitar causando irá em todos.

Um soldado entra sem entender a situação, que por sinal é Crown.

- Me deixe fazer isso. Meu pai era médico, já o vi fazer isso muitas vezes... - Crown toma o aparelho das mãos de Ray.

Ele esfrega a superfície do desfibrilador, e posiciona ainda no ar e injeta em Beatrice e espera um segundo a mais e retira.

- Carrega! - Crown grita e Ray carrega.

- É a última! - Ray estremece e Crown prepara.

Crown respira fundo.

- Vai lutar ou vai apenas se entregar. Não será mais uma pantera, apenas uma gatinha assustada se desistir. - Crown sussurra. - Lute comigo... quebre meu braço...mas reaja.

Crown impulsiona uma última vez, espera e retira. Eles encaram o aparelho que capta as contratações cardíacas.

Nada...

Nada...

Nada...

Começam a desesperar.

Seria esse o fim...

Apito.

Nada.

Apito.

Sam deixa o sorriso sair, o alívio o dominar.

O coração de Beatrice voltava a pulsar, como o coração de um passarinho.

Jackie se entrega as lágrimas, ele grita segurando a mão de Beatrice, o alívio explode por suas veias.

Apollo abraça Ray e os outros. Crown cobre a nudez de Beatrice e afasta o desfibrilador.

- O que mais precisamos fazer? - Sam pergunta.

Crown analisa o aparelho, os batimentos cardíacos se estabilizando progressivamente. Ele balança a cabeça e olha o braço de Beatrice furando.

- Já fizeram. - Crown sussurra. - Vamos apenas colocar alguma coisa para mante-la e a fortificar.

- Eu vou buscar os outros e uma roupa para ela. - Sam comenta alisando o ombro de Jackie que esta com a mão da esposa na testa.

Jackie apenas balança a cabeça em positiva.

Ninguém saí do lado de Beatrice, a noite escura se foi e os primeros raios de sol surgem no alto. Naquela manhã não houve trombetas para despertar os residentes da base.

O silêncio prevalece, quebrado pelas garotas brincando pelo pátio.

Um pássaro pousa na janela do centro médico por a claridade abundante passa iluminando o lugar.

O pássaro sacode suas penas e começa a cantar, um segundo assobio ecooa pelo cômodo e todos se olham a procura de seu cantador. Beatrice abre os olhos, encarando o rosto de Jackie.

- Foi eu que o ensinei a cantar assim...- Beatrice sussurra e olha para o pássaro. - Nunca pensei aue voltaria a ve-lo, Mini- Jackie.

Todos riram aliviados, Jackie deixa uma lágrima solitária escapar e Beatrice estende a mão, tocando o rosto de Jackie que fecha os olhos com o toque suave. Ela volta a mão e bate uma suave continência.

- Missão cumprida, capitão. - Beatrice sussurra rouca e Jackie concorda voltando a chorar. Ele cobre os olhos.

- Pensei que tinha perdido meu mundo, sem você eu não sou nada.

- Eu ouvi você me implorando para ficar. - Beatrice sussurra e encara Apollo. Ela acena e Apollo se derrama em lágrimas. Ela olha Kevin e fecha o cenho. - Vai perder suas bolas por falar que meu filho veio defeito.

Kevin perde a cor e gagueja.

- Como?

- Coisas que não sei como explicar. - Beatrice sussurra e sorri tranquila. - Vocês lutaram bravamente ao meu lado. Me trouxeram de volta a vida, meus irmãos.

Mini- Jackie bate seus asas, voando para longe sob o olhar de todos do cômodo.

Mônica trás Henry em seus braços e entrega para Beatrice.

- Sei que você é a mãe, mas a primeira amamentação foi que dei. - Mônica brinca e Breatrice sorri.

- Obrigada...- ela sussurra alisando o rosto do pequeno.

O quarto é invadido pelas gêmeas, que saltam na maca para ver o irmãozinho.

O coração de todos ali, preenchidos de volta com a alegria que a vida de Beatrice os proporciona, aliviados por terem sido capaz de traze-la de volta da morte.

Aquele momento, jamais seria esquecido, juntamente com a dor sentida e a alegria que surgiu junto da manhã.

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Felizes? Aliviados? ... Eu sinto os dois. Kkkkk

Espero que gostem.

Boa leitura.

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