Where i lost myself

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Quando o conheceu, Taehyung sentiu que todo o vazio que tentava preencher tinha desaparecido; sentiu no momento em que o olhou que as suas almas se entrelaçaram e assim que o tocou sentiu que o amaria para sempre. Taehyung estava perdido até encontrar Park Jimin, infelizmente nem sempre amar significa ser feliz!

Com os seus 28 anos, Taehyung perdeu o que mais amava no mundo. Foi tudo tão rápido, quase como uma tempestade que se aproxima de surdina, e que, sem menos esperamos, arrasa com a vida como a conhecemos. Naquela noite, Taehyung sentia exactamente isso, sentia que uma tempestade o tinha atingido e que ele lutava a todo o custo para se manter na superfície, para sobreviver.

Mal conseguia respirar. O seu corpo tremeu mais uma vez, as mãos de Jimin agarraram-no com força prendendo-o à realidade. Focou o seu olhar no da pessoa bem à sua frente e viu-se a si mesmo tão límpido como nunca se tinha visto antes. Viu o menino alegre e travesso que corria descalço pelo campo sem medo de nada nem ninguém, viu o adolescente assustado por deixar tudo o que conhecia e se mudar para a grande cidade, o adulto que apesar de ter tudo o que sempre sonhou se sentia vazio.

Taehyung tinha nascido na parte rural de Daegu e vivido toda a sua vida no meio da natureza, longe da civilização e de todo o caos. Corria descalço na floresta, por entre as altas árvores sentindo os seus pés afundar na erva ainda molhada do orvalho; corria tão rápido que parecia conseguir voar, saltava entre as pedras do riacho e colhia os frutos maduros das árvores mais baixas. Nas noites de verão saía de mãos dadas com a avó para uma clareira para observar as estrelas e acabava por dormir lá embalado pelo som do vento e das corujas.

Os pais de Taehyung acompanhavam-no em tudo como a tentativa de se agarrar ao símbolo daquele grande amor, porque afinal de contas o pequeno e divertido taehyung tinha sido a única esperança deles quando descobriram que não podiam ter filhos. Encontraram-no num cesto perto de um rio e um amor tão instantâneo e puro nasceu como se de facto taehyung fosse deles, como se fosse um presente enviado por Deus.

Quando cresceu tudo o que taehyung mais queria na vida era encontrar um amor como o dos pais, que duraria para sempre independentemente do que acontecesse. Jimin representava isso para ele, era como o prémio no fim da luta, o baú de ouro no fim do arco-íris, o objecto de desejo de Taehyung. Jimin era o amor eterno que Taehyung tanto procurava. Mesmo agora frente a frente, mesmo depois de Jimin lhe ter dito que tudo tinha acabado ele continuava a amá-lo, as suas almas continuavam ligadas. Lágrimas insistiam em cair, tanto Jimin como taehyung não conseguiam desviar o olhar porque sentiam que entre o silêncio pesado que se tinha instalado naquela cozinha o olhar falava as mais cruéis verdades.

Jimin queria pedir desculpa, queria pedir desculpa por não sentir mais nada, por se sentir preso, pelo estar a fazer sofrer. Jimin já não o queria! O amor que taehyung pensava que seria eterno, o amor que o aconchegava nas noites frias e solitárias, que o fazia sentir livre já não existia. Taehyung tremeu mais uma vez porque ao contrário de Jimin ele amava demais.

- Porquê?- perguntou com a voz falha, chorosa.

- Eu já te tentei explicar Taehyung. Eu simplesmente não consigo estar mais numa relação que acaba comigo. Eu sinto que me perdi.

-Por minha causa?

-Por nossa causa. Eu percebi que eu não posso dar-me a outra pessoa porque eu não me tenho. Eu não me tenho, eu não me amo e durante todo este tempo eu não era eu.

- Foram 7 anos Jimin.

                                                              ⭐

                                             8 de Agosto de 2015

- Já alguma vez pensaste no futuro? Eu às vezes penso em como será quando tudo acabar, quando eu morrer.- Jimin disse não tirando os olhos das estrelas.

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