ANTOLOGIA DE PARK E BYUN | ChanBaek

10 - Este meu eu Líri(c)o

– Não matem as flores, uma delas diz me pertencer! 

Te amar é como recitar ao espelho os meus antigos sentimentos, estes que são cúmplices de um crime passional. De dia, somos escuridão para de noite, iluminar nossos corpos no mesmo espaço com sonhos e estrelas.

Quem nunca amou costuma dizer que horários iguais determinam onde seu pensamento está. Eu não acredito nesse tipo de ditado, pois você mora em cada minuto, paga aluguel adiantado, passeia e dança pela sala de estar, estando sempre existente entre silêncio ou versos amontoados. Passado e futuro, mas principalmente, presente.

Por vezes, eu deslizo, sou derrubado, tremo da cabeça aos pés, canto ou murcho, sou vítima desse pomar que nos obriga a escrever histórias de romance enquanto somos enterrados por um drama bem elaborado mentalmente e bem servido pelo coração, com tinta que se desvai pelos olhos e nos afoga até o pescoço.

Quando eu me lembro da distância que nos separa e complica todos os nossos outros atalhos de um até o outro, meu sorriso se parte e em dois, perece pelo que poderíamos ser e pelo que nos tornou.

Nós existimos ou com os nós desistimos? Confusão. Somos filhos dela, somos sinônimos e hóspedes. Amar e amar, até quando conheceremos essa forma de viver? Respirando poesia por dois e desejando se desfalecer em um? Quantos mal-me-queres em girassóis irão se despedaçar do nosso coração até que a última pétala reste para contar a nossa caótica história?

Madrugou e você não me respondeu. Nove minutos atrás eu tinha um papel em branco e um lápis imóvel na mão. Em ponto, eu tenho palavras desconexas que fazem sentido pessoal, um lápis gasto e uma agonizante amargura eletrizando-me por dentro. Afinal, é sempre assim, não é mesmo? Um dia, dois passos para perto, três dias, quilômetros além da primavera. O caminho continua longe, mas o sentimento não. E como um insistente soldadinho, meu coração permanece ardente, esquentando o ambiente interno para incendiar o externo. 

Sei que devo estar ficando louco de tanto olhar para o relógio e me perguntar onde está e se está plantado, pensando em mim também. Durante esses meus pesados vinte minutos, eu faço de conta que está onde desejo que esteja. Na minha cozinha, na minha sala, no meu quarto ou nos meus braços, mas você insiste em estar nas minhas linhas, na ponta do meu lápis, na pressão do meu teclado e nos meus prolongados suspiros. Você continua em mim, mas longe de nós, não quer sair daqui, de dentro, do centro de mim e no gosto da minha saudade.

Brinco que qualquer dia desses eu te encontro na rua, faço palhaçadas e sorrio á toa enquanto bebo feito um adolescente, me iludindo que alguém de madeixas amendoadas, sorriso lascivo e olhos tristes é qualquer estranho na rua no qual esbarro. Mas você não é esse "qualquer". Você sente, sente tanto que não sei como te ajudar a lidar com cada sentimento. De qualquer forma, eu nunca soube lidar com os meus próprios, então não conseguiria colaborar de qualquer jeito.

Ei! Eu te escrevo cartas, na verdade, escrevo milhares destas em pensamentos todos os dias, mas quando eu me declaro para o papel, não fica tão bom quanto o excesso de coisas que você, destinatário, causa em mim. Chega a ser dolorosamente injusto, pois as nossas fraquezas nos tornam perfeitamente um do outro. Chega a ser tão nocivo que cura. Chega a ser tão simples, que nós complicamos, chega a ser um pedacinho da liberdade que eu e você nos prendemos.

Você é pureza da alma e ingenuidade juvenil. É Lírio, a junção de todas as cores que personagens apaixonados insistem em colher. E roubá-lo do jardim, assassinando-o para doar a outros amores não resultaria em prisão perpétua? Desejávamos nos tornar estáveis em terra firma, sendo que vivíamos nos despedindo.

Permita-me te pergunta uma coisa. Posso te regar com os meus versos para que seja plantado ao meu lado? A única coisa que te ofereço por agora, não são flores, mas sim, palavras. E com estas, eu te rego mais uma vez.

Eu te amo, Byun Baekhyun.