Capítulo 03

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"— Heloísa, já chega! Vamos conversar! — Stênio diz entrando no quarto , decidido a conversar com a esposa.
— Stênio, conversar o quê?
— Como o quê Heloísa !?? —  O olha sem entender.
— Stenio, eu estou atrasada ! Não posso e nem quero falar !
— Você vai falar sim Helô! Já chega de você ficar estranha ,correndo de mim.—A segurou pelo braço.
— Stenio.. - Ela fechou os olhos, ela abaixava a guarda perto dele. —Me solta ! —  Puxo o braço se soltando dele.
— Você vai me falar por que está assim Heloísa ? O que tá acontecendo com você amor ! Deixa eu te ajudar, cê tá com algum problema.?
— Me diz quando eu não tenho problemas Stênio! — Retrucou.
— Heloísa! — A repreendeu.
—  Stênio eu tô cansada , é isso !
— De quê Helô? Pelo o amor de Deus! Fala logo o oque é que está acontecendo! — Sua voz saiu em tom desesperado.
—To cansada só Stênio, chega de me fazer perguntas !
— Eu que tô cansando Heloísa , olha a maneira que você está ! A dias mal fala comigo , mal fica com a Amora !
—Deixei essa tarefa pra você Stenio, não foi assim com a Drika? A diferença é que agora você não precisa disputar — Falou firme o olhando, mas já se arrependendo amargamente do que acabara de dizer.
— Quê?— A voz dele chegou a falhar.
As palavras de Helô foi como um soco em seu estômago, Stenio não acreditou que ouviu isso ,na hora sentiu seu rosto queimar e sua testa suar.
— Heloísa , você tem noção do que acabou de me dizer ? — Ainda incrédulo ele a pergunta.
— Sim. — Disse fria.
— Eu pensei que você já tinha me perdoado sobre a Drika ,a anos atrás ! — Ele não acreditava.
—Stênio, eu preciso ir ! — ela tinha sim o perdoado , mas precisa de um motivo para afasta-lo dela, para sua própria segurança.
— Não .. Helô , você não tem que ir. Meu Deus Heloísa ,você ouviu a barbaridade que me disse ?— Ele nem sabia como reagir.
Helô o olhou fria , pegou sua bolsa e abriu a porta do quarto.
— Eu sei Stenio —  Helô acabou deixando sua voz sair falha e embreagada.
Stenio consegui interpretar a voz dela e teve mais certeza de suas suspeitas. Helô saiu sem falar mais nada, quando enfim chegou em seu carro, a delegada apoiou seus braços no volante e abaixou a cabeça soltando o choro que segurava, mas ela sabia que não podia ficar ali da aquela maneira, mesmo atordoada ela ligou seu carro e foi direto pra PF, quando chegou não falou nada com ninguém, entrou pra sua sala e ligou seu computador.
—  Doutora ? — Bateu e abriu a porta.
— Entra Barros — Respondeu sem olhar.
— Doutora , é verdade. Consegui confirmar que a Drika realmente tomou o café no dia que ela passou mal — A olha.
Quando Helô ouviu de barros a confirmação, a delegada sentiu seu mundo cair, ela abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro, não queria acreditar e olhou pra cima segurando firme as lagrimas.
— Não acredito Barros ,não ... Foi culpa minha! —Sua voz saiu totalmente embreagada
— Doutora ,não tinha como a senhora saber. Essa gente blefa a senhora sabe ! —  A olha.
— Eu recebi um mensagem de aviso Barros! E achando que era blefê eu continuei e olha , a Drika perdeu meu neto caramba ! — se culpa cruelmente.
— Doutora , a senhora tá de cabeça quente , pensa ! Não tem como isso , tá muito estranho.
— Barros. Eles não estão de brincadeira ! Eu vou fazer o impossível pra proteger minha família ! Tô afastando o Stênio.—  Fala triste. — Vou fazer oque eles pediram !
—Doutora será por pouco tempo ,a senhora vai ver ! A senhora deve ter muita cautela ,não sabemos o motivo deles exigirem que a senhora se afaste da família. Mas olhando de outro lado , é até melhor. Montamos um esquema de segurança, a Jô já tá por dentro ! — Avisa, mas Helô estava tão aérea que não ouviu uma palavra que Barros disse.
—  Mais do que nunca Barros, estou empenhada para acabar com essa quadrilha ! — O olha —  E se você parar para pensar , isso tudo tem uma forte ligação, o segredo é pensar e encaixar !— Fala pensativa.
Barros não entendeu oque Helô quis dizer, mas não queria a encher de perguntas . A pedido da chefe da polícia , Barros saiu de sua sala e quando se viu a sós , Helô abaixou a cabeça e lamentou profundamente o que havia acontecido com a filha mais velha, Drika havia perdido o bebê e Helô deduziu que alguém da quadrilha que a mesma estava investigando , provocou o aborto. Desnorteada e se sentindo culpada ,a delegada não parou para pensar ,aquela "confirmação" fez com que o mundo fugisse debaixo de seus pés, várias imagens vieram a sua cabeça do dia que a filha havia passado mal, o momento em que acompanhou Drika no processo de raspagem do útero , a imagem da filha sofrendo.
  Seus olhos minavam grossas lágrimas , a cada flash que tinha. A delegada se deixou escorregar até sentar-se no chão , atrás da porta. Juntou os joelhos e os abraçou e como uma menina , Helô chorou em silêncio.
Já Stênio, tentava a todo custo entender o comportamento da esposa, havia sim ficado magoado com o que ela disse , mas ele a conhecia tanto que sabia que Helô estava passando por algo muito mais grave do que ele imaginava , só não sabia o que era. Chateado Stênio voltou para o escritório, as palavras de Helô ecoava em sua mente , ele não parou de pensar um só segundo, tentava de todas as maneiras  entender e saber o que de fato estava acontecendo. Na hora do almoço nenhum dos dois fora pra casa, Helô continuou na PF e seu pensamento estava preso na confirmação de Barros, ela não conseguia pensar em mais nada, apenas se culpando cruelmente, toda hora lia o bilhete que recebeu a um mês atrás, o olhava como se buscasse as respostas em casa palavras escrita.

"A delegada está mexendo com fogo perigoso. Melhor parar por aí , ou alguém vai pagar muito caro! Estamos mais equipados que antes! Fica esperta! Ah! Geralmente café com leite, tem lá suas surpresas."

Helô lia várias vezes o bilhete, com os olhos atentos, e quando pensou em ligar para a filha, na tentativa de  confirmar  se a mesma tinha mesmo tomado o maldito café,mas seu celular tocou primeiro. Ela olhou na tela e viu a foto do marido, a delegada  suspirou e até pensou em não atender, mas no último toque ela deslisou o dedo atendendo a chamada.
— Fala Stênio! — Soltou um suspiro e fechou os olhos.
— Helô... Helô a Creusa Helô, ela ...ela foi atropelada — A voz do advogado saia falhada e atordoada.
Quando Helô ouviu a última frase , abriu os olhos e recebeu a notícia como um coque ,deixando seu celular cair no chão.

>>> Socorro

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