Prólogo

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Ao longo da história humana mitos e lendas são contadas sobre vários seres sobrenaturais que a realidade nunca foi capaz de comprovar: dragões, duendes, fadas, gnomos, vampiros, lobisomens, demônios e muitos outros.

Há, porventura, os elfos que aparecem na mitologia nórdica, galesa e britânica que remonta há milhares de anos no passado, seres de orelhas pontudas, cheios de graça e beleza, dotados de muita sabedoria e protetores dos antigos lares. O que a maioria desconhece é que, ao contrário das demais lendas não comprovadas, estes seres não são mera ilusão coletiva distorcida da realidade, mas a reconstrução de uma realidade coletiva vivida por nossos antepassados há milhares de anos quando eles disputavam território com uma outra raça, os orelhas redondas.

Na língua dos elfos eles se chamam de tersbokin que se traduz livremente como "aqueles que têm orelhas pontudas", enquanto os humanos modernos são chamados de novbokin que significa "aqueles que têm orelhas redondas".

O que talvez possa impressionar você, caro leitor, é que os orelhas redondas e os orelhas pontudas já foram em algum lugar da evolução a mesma espécie e raça. É a partir de aproximadamente o ano 100.000 a.e.C. (antes da era comum) que há uma distinção clara entre ambas por razões fenotípicas principalmente e pelas habilidades mágicas. Os orelhas redondas eram indivíduos que nasciam desprovidos de habilidades natas para manipular energias (magia) enquanto os orelhas pontudas as tinham. Essa foi a raiz da separação dos agrupamentos.

Ao longo de dezenas de milênios, essas duas raças vão se espalhar pelos três continentes antigos: europa, ásia e áfrica. Enquanto os orelhas redondas, que não têm capacidades mágicas nativas, se aperfeiçoaram na arte de se reproduzir, os orelhas pontudas se especializaram na ciência e suas habilidades de magia. Essa lógica não tardou em trazer um conflito.

Os orelhas redondas possuíam alto índice de reprodução com muitos filhos e se espalhavam em torno de clãs e pequenos reinos. Os orelhas pontudas tinham baixo índice reprodutivo com no máximo dois filhos e se concentraram em cidades organizadas com governos locais (reis e rainhas) e central (Federação das Cidades Élficas).

Essa diferença populacional não favorecia os orelhas pontudas, mas conseguiram equilibrar o jogo em torno das disputas de território com magia e domínio da ciência. Entretanto, ano após ano, a diferença foi exacerbada a tal nível que os milhares de territórios élficos se restringiram a apenas seis cidades élficas restantes por volta do ano 10.000 a.e.C.

Ameaçados, os orelhas pontudas, buscaram várias soluções ao longo dos milênios anteriores. De tratados de paz a confrontos bélicos diretos, de ciência avançada a magia exacerbada. Nada podia parar os orelhas redondas. Ao ritmo a que se estava indo, nenhum elfo existiria em mais um milhar de anos.

Em 9.975 a.e.C. a enfraquecida Federação das Cidades Élficas empreenderam o maior esforço conjunto para solução do problema. Durante cento e sessenta e nove meses e uma sucessão de reuniões de um concílio e funcionários dedicados, foi elaborado um plano audacioso de migração de todos os elfos possíveis. Cidade por cidade seria migrada para um novo território com poucos orelhas redondas.

A ciência élfica, avançada, havia sugerido duas porções de terras com baixa quantidade de orelhas redondas. Eram continentes novos que não se ligavam aos antigos por terra e com milhares de quilômetros de distância. Um lugar onde pudessem recomeçar.

Escolheram o continente maior a quem chamaram de Albitersbokin — que se traduz por "nova terra dos orelhas pontudas" —, a sua porção sul especificamente, pois detinham todas as qualidades necessárias para que o povo élfico florescesse. Bem longe dos continentes antigos lotados de orelhas redondas.

O Último Reino dos Elfos [Amostra]Onde histórias criam vida. Descubra agora