Capitulo 18 - Culpa

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Sem Revisão

Juliana Menezes

Eram 1h00 da manhã, e eu estava rodando pra lá e pra cá preocupada. Me sinto totalmente responsável por tudo que aconteceu, eu não poderia ter contado.

Não sei o que fazer, já liguei pra Fatinha diversas vezes e ela não me atende.

Corri pra casa dela assim que pude, e ao chegar encontrei apenas uma carta de despedida, ela se foi de novo e por culpa minha. Assim que li a carta liguei pro Luiz pra avisar sobre o acontecido, o coitado está desolado.

Meu irmão é um completo imbecil, como ele pode ser assim tão cruel?

***

Algum tempo já se passou e nada, meu coração começa a doer, como se algo de grave tivesse acontecido, um pressentimento ruim.

Tento ligar novamente para a Fatinha e finalmente ela atende:

- Fatinha pelo amor de Deus cadê você? - pergunto já desesperada

- Oi, meu nome é Lucas, a moça, a dona do celular, sofreu um acidente, estamos aguardando o socorro.

Meu coração passa a bater descompassado. Não, não não!

Não é possível isso só pode ser um pesadelo.

- Moço, pelo amor de Deus, me diz que isso é mentira, você só pode estar se confundindo. - suplico na esperança de que seja um engano

- Infelizmente não, a moça e a bebê estão indo para o hospital mais próximo.

Quando ouço isso sinto como se o chão não existisse mais.

- Pelo amor de Deus, me passa o endereço desse hospital, eu vou pra lá agora. - suplico

Quando menciono a palavra hospital os olhos de Luiz se arregalam com preocupação. O rapaz no telefone me informa o endereço do hospital e eu me impressiono por ser tão longe.

- Muito obrigada.

Desligo e minha respiração está agitada, meu Deus que nada aconteça com elas.

- O que aconteceu Ju? - Luiz para ao meu lado me encarando desesperado.

- A Fatinha e a Liv, elas...sofreram um acidente.

Vejo quando o medo começa a percorrer seu corpo, o mesmo medo que me ocorre agora, medo de perde-las.
A diferença entre nós dois é que eu além de sentir medo, também sinto culpa.

- Vamos para o hospital agora! - eu e Luiz seguimos desesperados até o tal hospital, decido deixar ele dirigir pois além do caminho ser longo, ele tem conseguido manter a calma melhor do que eu.

O caminho para o tal hospital parece mais longo do que imaginei, parece que nunca iremos chegar.

Começo a bater o pé freneticamente impaciente, e os pensamentos passam a rondar minha mente. O que a Fatinha fez para merecer tanto sofrimento? O único erro dela foi amar demais, amar demais alguém que não merecia. Descobri que meu irmão nunca foi o que eu pensei, ele me decepcionou da pior forma, demonstrou ser ambicioso, cruel. Bruno só pensa em dinheiro e sempre foi assim, desde pequeno sempre foi muito ambicioso, sempre dizia querer ser rico, ter um império, na adolescência passou a dedicar sua vida somente a isso, a ficar milionário, passava por cima de qualquer um para conseguir o que queria. Mamãe e papai sempre diziam que a força de vontade dele era digna de orgulho, e que aquilo era apenas vontade de crescer, mas em certo momento ele começou a passar dos limites, mas ninguém o parou.

Sou tirada do meu devaneio por Luiz

- Chegamos Ju. - vejo sua mão tremer, acho que nós dois não sabemos o que nos espera, o que vamos ouvir quando entrarmos ali, se serão boas notícias ou más notícias, eu só rezo para que esteja tudo bem, ou eu nunca irei me perdoar.

O hospital é razoavelmente bom, bem organizado. Caminhamos em direção a recepção em busca de notícias.

- Boa noite, minha amiga e minha sobrinha deram entrada aqui: Maria de Fátima dos Prazeres e Lívia dos Prazeres. - digo e sinto como se minha voz não fosse sair.

- Pode aguardar ali nos bancos que que quando der o médico vira falar com você.

***

Eu e Luiz sentamos e ficamos ali, aguardando por horas e nenhuma notícia vinha, eu já estava ficando angustiada e morrendo do medo, mas tentava me apegar ao fato de que notícia ruim é a primeira que chega.

- Será que eles não tem consideração? Estamos aqui a horas e ninguém nos dá uma notícia se quer, é um total descaso conosco. - Luiz diz me tirando de meus devaneios.

De fato já faziam horas que estávamos aqui e ninguém nos informava nada, eu já perguntei diversas vezes na recepção e sempre nos pediam para esperar

Apenas depois de mais uma hora, o médico veio nos dar notícias.

- Parentes de Maria de Fátima e Lívia dos Prazeres. - levantei bruscamente assim como Luiz quando ouvi isso.

- Somos nós.

- Boa noite, eu sou o Doutor Marcos, responsável pelo caso das duas. - ele diz calmo e eu o encaro desesperada esperando que continue.

- Boa noite, sou Juliana a cunhada da Fatinha, e esse é Luiz, o namorado. Me diga doutor que você tem boas notícias sobre a minha cunhada e minha sobrinha. - suplico

- A garotinha teve sorte, por estar na cadeirinha sofreu apenas alguns arranhões, estamos deixando-a em observação apenas por precaução. - diz e eu consigo soltar o ar que estava preso em meus pulmões ao saber que ela está bem.

- E quanto a Fatinha? A Maria? - Luiz se adianta perguntando.

- O quadro da moça é um pouco mais grave, ela foi atingida diretamente pela batida e bateu muito forte com a cabeça, o que causou um traumatismo craniano...

Começo a chorar no momento em que ouço isso, meu Deus o que eu fiz?

- Tivemos que operá-la e a colocamos em coma induzido.

- Doutor, ela vai ficar bem? - pergunta já me afogando nas lágrimas

- Infelizmente ainda não temos previsão de melhora, como eu disse o caso dela é bem delicado e ninguém além dela pode fazer algo agora. Temos que aguardar que ela melhore e acorde, infelizmente agora o que resta é esperar.

Caio sentada na cadeira, chorando e chorando.

- Doutor nós podemos levar a menina? - Luiz pergunta

- Daqui a uma meia hora, se correr tudo bem, ela já terá alta e vocês poderão levá-la. Algum de vocês possuem a guarda legal, ou algum comprovante de parentesco?

- Infelizmente não doutor.

- A menina não pode sair sem a autorização de um juiz então, vocês precisam comprovar que tem algum parentesco com ela, notei no registro que só há o nome da mãe, e como ela está sem condições de decidir o destino da menina, cabe ao juiz. Do contrário não podemos autorizar que ela saia. - o doutor informa

- Tudo bem doutor, irei providenciar isso agora mesmo.

***
Liguei para o meu advogado e pedi que ele providenciasse algo que me desse permissão para levar a Lívia, mas infelizmente não há nada que comprove que eu realmente sou tia da menina, a não ser que...

- Vou ter que falar com o Bruno. - viro para Luiz e ele me encara perplexo

- Não e não. A Fatinha nunca iria querer aquele cara envolvido com a menina.

- Eu não tenho escolha, eu não posso deixar minha sobrinha aqui, ele é o pai, tem o sangue dela e é meu irmão, é o único jeito. - digo por fim, e seja o que Deus quiser!

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⏰ Última atualização: Nov 29, 2020 ⏰

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