OLHO NO OLHO - CAPÍTULO 04

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Nos dias que se passaram, ele me ligou várias vezes. Não se falou mais em beijos. Acho que ele percebeu que era um pouco cedo para falar nisso.

Falávamos de tudo e de nada ao mesmo tempo, ele me contava sobre o seu dia, me apresentou a alguns amigos durante as gravações, pessoal que trabalhava atrás das câmeras e outros atores, muitos deles bem conhecidos.

Trocávamos informações bobas sobre nós, descobri que a cor favorita dele era verde, a minha era lilás, o livro favorito dele eram os da série Jogos Vorazes e os meus Harry Potter e Orgulho e Preconceito. Sua flor preferida eram girassóis e as minhas eram as peônias e as rosas.

Sempre mais de uma opção no meu caso, até porque eu tinha tendência a ser a pessoa mais indecisa da face da terra.

Descobri nele um cara divertido, inteligente, atencioso e um tanto quanto vaidoso, mas fazia sentido para alguém que trabalhava com a sua imagem.

Com o passar do tempo me peguei cada vez mais ansiosa pelas suas chamadas diárias, alguns dias eram mais de uma. Chegando ao ponto de conversar com ele coisas que nem minhas amigas sabiam.

Inclusive uma das nossas conversas, umas das mais constrangedoras, chegou ao ponto de falarmos sobre nossas experiências sexuais, que no meu caso era literalmente inexistente. A coisa toda começou falando sobre relacionamentos.

Eu não namorei tantas mulheres quanto gostam de dizer por aí. Foram quatro só, isso contando namoro de adolescência.

— Achei que a sua lista "curta" teria perto de uns dez nomes, no mínimo. Mas, realmente, você é um rapaz bem comportado.

Nesse dia ambos estávamos na cama, cada um com um balde de pipoca. Havíamos combinado de assistir a um filme juntos, cada um na sua casa, com a chamada de vídeo ativada para comentarmos durante o filme. Mas, ao invés de assistir, começamos a conversar sobre preferir ficar em casa num sábado à noite e dentre os diversos assuntos, acabamos assim.

Eu sou um homem comportado. – Disse, piscando para mim, enquanto jogava uma pipoca na boca. Nunca achei tão sexy ver alguém comer pipoca antes. – E você? Sua lista é curta ou longa?

— Nenhuma das duas na verdade. – Respondi, também comendo pipoca em seguida para evitar a conversa.

Como assim?

— Tem uma terceira opção que você não mencionou.

Qual? Infinita?

— Na verdade está mais para inexistente.

A confusão estampada no rosto dele seria cômica se não estivéssemos falando da minha falta de experiência sexual e vida amorosa.

Inexistente do tipo "faz tempo que não namoro ninguém"? – Sim, com a nossa convivência, ele acabou pegando algumas expressões e modo de falar meus. O que até era bem bonitinho, se fosse parar para pensar.

— Inexistente do tipo nunca tive um namorado antes.

Conseguia praticamente ver as engrenagens do cérebro dele processando aquela informação e no que ela poderia implicar.

Mas ficar, dar uns beijos, passar a noite com alguém, já né?

— Você não acha que está querendo saber demais, não?

Não enrola. Já te contei até do fracasso que foi quando tentei transar a primeira vez. Acho que já passamos desse ponto.

Suspirei, resignada, me sobrando somente concordar com o que ele havia dito. Ainda me lembrava de como havia tentado, sem sucesso devo dizer, segurar o riso quando ele me contou de como as coisas haviam acabado antes mesmo de começar naquela vez, e como a garota, que era mais velha que ele, ficou indignada quando ele chegou aos finalmente apenas com as preliminares.

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