A tempestade costuma castigar a cidade de Dreamland e não é uma novidade a nenhum de seus habitantes. Mas, atrasada para a aula de literatura do senhor Raymond - a brilhante, encantadora e jovem Anna Hayes não esperava contar que justamente naquele...
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— Fugindo de mim, senhorita Hayes?
Eu conhecia aquela voz surpreendentemente tranquila e firme atrás de mim, paralisando-me à deriva do tumulto de estudantes apressados, pouco antes de eu dirigir-me para o lado externo do Instituto Columbus em meu intervalo.
Eu giro em meus calcanhares e deparo-me com o doutor Daniel Raymond, vestido formalmente, gracioso, com um sorriso perfeito no rosto bonito e predatório.
— Não tenho motivos para fugir de ninguém, doutor. Impressão sua, acredito. — Eu digo com tranquilidade.
— Eu gosto de suas respostas atrevidas.
Daniel estreita nossa distância com algum obscuro interesse, mas mantenho-me rígida e tranquila, olhando em seus intensos olhos verdes sem tremer.
— O que ainda faz por aqui? A palestra terminou a horas.
E uma vozinha petulante e rebelde que habita por alguma parte escura e muito profunda de meu cérebro sussurra-me razões nada coerentes e bastante perturbadoras.
— Confesso que eu tinha a esperança de te encontrar em algum momento. — Daniel diz sinceramente.
Minhas sobrancelhas erguem-se bruscamente. Oi?
— Estou aqui. Tem algo que queira me dizer, doutor?
Ele sorriu com uma leveza digna de um modelo de capa de revista.
— Por favor, esqueçamos de tanta formalidade. Daniel, está bem?
— Tudo bem. Só Anna, então. Algo que queira me contar, Daniel?
— Certamente, Anna.
— Prossiga.
— Suponho que é o seu intervalo?
Daniel confere seu relógio de pulso rapidamente e volta a me prender com seu penetrante olhar etéreo.
— Sim.
Eu lanço um olhar interrogativo para sua súbita pergunta.
— Me acompanha no almoço, Anna?
Oh! Um convite, tipo um encontro? Não, sua tonta, talvez ele pense que esteja passando fome! Meu subconsciente dilacera o estúpido pensamento de interesse, pois está muito machucado e torturado pela falta do professor Enzo e não aceita nada mais de nenhum outro nesse contexto romântico.
