Áreas isoladas já eram de costume.
Mas as cenas ainda custavam a sair da minha mente, era perturbador. Assim que Olivia desceu do carro e passou o isolamento, permaneci mais alguns minutos dentro do carro respirando fundo. Apanhei minha pistola no compartimento interno e ajeitei em meu coldre. Tomei um ar e saí.
Em passos calmos, analisei toda a cena externa e concluí que haviam indícios de que o assassino passara por ali a poucas horas. A rua pacata não ajudaria muito e muito menos os vizinhos, que normalmente preferiam não se pronunciar. Notei que a casa a frente havia um sistema de câmeras de segurança, posicionados para a rua e pelo modelo e forma que estava postado, teria ampla visão.
Fiz o caminho até a casa e apertei a campainha, a fim de alguém me atender. Esperei alguns segundos até pressionar o pequeno botão novamente, aos poucos uma figura já mais velha se fazia presente.
- Olá, boa tarde. – saudei o senhor que me olhava desconfiado.
- Em que posso ajudá-lo? – ainda sem abrir a porta com rede de proteção, me respondeu.
- Gostaria de saber se seu sistema de vigilância está funcionando.
- Na medida do possível sim, não tive problemas até então.
- Então se importaria de ceder algumas imagens à polícia de Detroit? – mostrei o distintivo e ele assentiu prontamente. – Certo, pedirei a um oficial que colha as informações necessárias, obrigado por sua colaboração...
- Colleman, Joel Colleman. – se apresentou e eu assenti.
Virei novamente para a frente da casa em questão e adentrei o isolamento, encontrando toda a equipe já postada colhendo todas as informações necessárias para a perícia.
- Três casos, três mulheres. – Sara também acompanhava as investigações.
- Algo em comum entre as vítimas? – analisei a entrada da casa, a fechadura estava quebrada, claramente um arrombamento.
- Eram separadas e tinham filhos entre 8 e 10 anos. – suspirei.
- Com certeza não é passional, a não ser que o assassino tenha três ex esposas.
- Meio improvável, mas não é impossível. – concluiu e lançou um olhar curioso em minha direção. – Como está se sentindo? – segurou meu braço levemente.
- Ainda não posso definir. – mirei seus dedos em meu antebraço e suspirei.
No momento em que meus olhos fitaram os seus, ela sorriu genuinamente com clara intenção de me trazer calmaria.
Sara e eu tínhamos tido uma breve, porém intensa, história. Algo que em sua memória não fora esquecido tão rápido quanto na minha, devo admitir. Alguém sempre sai machucado quando não existe entrega total de uma das partes, e a parte em questão era eu.
Voltei meu olhar a cena do crime e encontrei Olivia analisando calmamente um alçapão no teto, sorri gentil para Sara e fui ao encontro da detetive.
- Quantas casas hoje em dia possuem um alçapão? – perguntou, levando sua mão a cintura.
- Em Detroit? Pouquíssimas. – lançou um sorriso.
- Me ajude a puxar a escada. – pediu e acabei dando pezinho para que ela conseguisse puxar a porta do alçapão, descendo em seguida a enorme escada de ferro.
Assim que posicionada, apoiou-se na mesma e subiu os degraus lentamente, segurando sua lanterna.
- Quer ajuda? – ofereci e ela negou.

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Escala de Hare
Bí ẩn / Giật gânAos 9 anos, Tyler Woods lembrava do rosto dele, do som de sua voz e da forma que ele encarava o corpo inerte e agonizante de sua mãe sem vida ao chão, apoiando o taco de golfe em seu ombro, com um sorriso ladino satisfeito do que acabara de cometer...