Prólogo

160 17 13
                                    


O lugar estava em total silêncio, os números em vermelho neon marcavam dez para as três da manhã no pequeno aparelho digital ao lado da cama, faltaria algumas horas para que o som estridente e irritante do alarme soasse por todo o cômodo, se fosse algum dia rotineiro da semana, mas era madrugada de sábado. O dia começaria preguiçoso, a chuva que caía desde o início da noite, ainda se fazia presente, o barulho das gotas grossas batiam contra o telhado com insistência, como se não pretendesse dar nenhum tipo de trégua. A atmosfera do quarto estava carregada, por alguma razão, antes de terem pegado no sono, aqueles que ocupavam o apartamento em questão sentiam algo pesado em seus ombros, os três rapazes que dividiam o aluguel do lugar, nos dois anos em que residiam do apartamento e vivenciavam suas rotinas costumeiras, jamais sentiram tamanho cansaço e sensação de angústia, talvez fosse a semana de provas que tomou de toda sua disposição, então chegando no final da semana completamente exaustos e esgotados.

De qualquer forma, o clima era pesado e isso eles podiam sentir, Katsuki, o morador mais velho entre eles, não acreditava em nenhum tipo de força oculta, descarregos ou qualquer entidade espírita que seu amigo Izuku insistia em mencionar, achava curioso apenas, gostava de ouvir o homem de estatura mais baixa que a sua falar sobre, saíndo de seus lábios, aquilo beirava o místico e o fantasiosos para si, ainda não acreditando que realmente alguém pudesse voltar dos mortos, ou ter sua alma depositada em algum objeto. Em contrapartida, o morador mais novo da casa, Shoto, temia até mesmo barulho estrondoso que a antiga porta de um dos quartos fazia, quando um deles esquecia a porta aberta pela noite sem querer, e o vento a empurrava em direção a tranca, fazendo o barulho ecoar pelo apartamento, até que grande, tendo em vista que apenas os três aspirantes a designers viviam ali.

Quando o relógio ao lado da cabeceira virou o dígito para exatas 3:00 da manhã, o jovem rapaz de madeixas coloridas despertou de seu sono com um pulo, sua testa estava suada e a respiração descompensada, colocou uma das mão sobre seu peito desnudo, e a com a outra tapou a própria boca para evitar fazer barulho, seus amigos ainda dormiam calmamente em seus respectivos lugares, Shoto adormeceu em seu quarto com o laptop aberto posicionado em seu colo, o homem com as mechas coloridas em duas cores estava jogado no pequeno sofá de estampa escura, que ficava encostado na parede oposta da que a cama se encontrava. Izuku fechou os olhos sentindo sua respiração acalmar, tivera mais um pesadelo, o quarto só naquela semana, e sempre que acontecia se sentia horrível, com o peito carregado de um sentimento negativo, era sempre o mesmo, no mesmo local em seus devaneios, e na mesma hora fora deles.

— Izuku — sentiu uma mão tocar seu braço a mesma estava quente em comparação a sua pele, ainda que estivesse suado, estava gelado — De novo?

Katsuki estava ao seu lado na cama, ainda vestia a roupa do dia anterior, o moletom da faculdade e a calça jeans preta que sempre estava em seu corpo, quando acordou em sobressalto com o outro se levantando de repente da cama, viu que o caderno e alguns papéis que estava estudando repousavam sobre si.

— Sim… Desculpa se te acordei — respondeu sentindo a garganta seca, passando a mão em seu próprio rosto, pôde notar o suor em sua testa e os cachos que caiam em seu rosto levemente molhados — O mesmo de sempre…

— Vai passar uma água no rosto, tá cedo ainda — o loiro diz enquanto se levanta da cama, observou a bagunça que estava o quarto do amigo de fios coloridos no tom verde, e recolheu seu material do chão.

— Tá tão frio, quem desligou o aquecedor? — Izuku resmungava enquanto andava até o banheiro que ficava do outro lado do corredor, o loiro fez uma careta ouvido sua fala, o aquecedor estava ligado.

O homem que ficou para trás no quarto espreguiçou seu corpo, sentindo um leve arrepio passar em suas costas, uma corrente de ar frio entrava pela fresta da janela, xingou Izuku mentalmente por não ter fechado a mesma, por isso o aquecedor não conseguia fazer seu trabalho direto. Juntou o cobertor do chão e jogou sobre o colchão, ainda tinha algumas roupas do esverdeado caídas mais ao canto do guarda roupas, que revirou os olhos, era tão dedicado aos estudos, sempre organizado com suas anotações, nem parecia o mesmo desleixado que não arrumava a própria bagunça. 

We Have a TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora