Ele (eu) e ela (eu)

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[...] Não posso especificar se fazem meses, ou a vida inteira. Penso no que posso fazer, no que falar. Convenço-me de que nada do que eu faça irá o ajudar. E então, ele toca suas mãos mas minhas como se me despertasse. Elas tremem, são feias, grandes e as veias azuis saltam. Tudo nele soa tão sombrio e desastroso, que não posso mais suportar estar no mesmo lugar que essa coisa. Essa coisa. Porque não mais o reconheço. Porque o sensibilizar dele me fere o peito.
Afasto. Retraio. Quero correr, quero gritar até que meus pulmões explodirem. Quero pedir socorro, mas não sei para qual de nós dois.
Ele fala, mas não o escuto. Suas palavras são como melodias melancólicas e sinto que quer algo de mim que nunca poderia lhe dar. Encaro-lhe pela última vez, seus cabelos emaranhados e o rosto impassível de emoções.
Digo adeus. Deixo-o para trás a passos largos, esperando que chame meu nome e diga que esqueci algo meu lá. Um sorriso, uma lembrança ou até mesmo um olhar esperançoso.
Não insiste, e mesmo que o fizesse, não voltaria.

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