8 - Se arrependimento matasse...

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As luzes se apagam, todos se calam e o slide reflete o clipe sobre as cortinas.

Olho em volta e não consigo avistar Mike e Pietra, então volto a me sentar e fico olhando para o palco.

- Só quero ver qual vai ser o espetáculo de hoje. - Carlisle diz enquanto limpa o balcão.

- Que espetáculo? - Pergunto olhando para o palco.

- Esses dois! - Ele murmura.

- Espera só até eles começarem o show.

De repente desligam o slide, as cortinas se abrem e um globo espelhado sai do teto. Começa a tocar "Don't stop the music".

Thomas Walker e a garota das mexas roxas começam a cantar e coreografar.

Fico surpreso ao ver aquilo porquê nunca imaginaria isso vindo de Thomas Walker.

- Eu avisei! - Carlisle diz sorrindo e aplaudindo.

Depois do show, todos gritam e clamam pela a apresentação deles. Realmente, foi impecável.

Quando me levanto, Mike vem até a mim.

- Ei, fiquei te procurando. - Ele diz batendo em minhas costas.

- É a nossa vez!

Quando Mike disse aquilo, eu realmente não entendi.

- Nossa vez? Vez no que? - Respondo olhando para ele.

- De cantar! - Retruca Carlisle.

- Você tá de sacanagem com a minha cara né? - Falo em um tom de indignação e soletro: - N-U-N-C-A!

- Para de graça Sterling, ninguém vai saber que somos nós. - Mike resmunga enquanto bate em suas coxas.

- Por favor, só se vive uma vez.

Fiquei pensando sobre aquilo, mas mesmo assim eu não consigo. Eu fico imaginando todos prestando atenção na minha voz.
Se eu desafinar? E se eles não curtirem minha voz?

Então penso o que Emma faria se estivesse aqui.
Olho para meu primo e vejo que ele me espera ansioso, então respiro fundo e peço uma dose de tequila.

A bebida desce rasgando pela minha garganta como se fossem chamas. Carlisle coloca mais uma dose para mim me incentivando.

Respiro fundo, balanço a cabeça, bebo mais uma dose e tiro de mim a maior coragem do mundo.

- Uma música - Falo em um tom sério.

- Qual seria a música?

- OPA! - Mike comemora. - Que tal..."Bring Me To Life"?

Eu e Mike amamos essa música. Talvez isso me motiva a ir cantar, mesmo sendo minha primeira vez cantando em público.

Eu realmente não sei o porque estou com essa coragem toda hoje, mas tenho certeza que isso não se repetirá.

Me levanto, sinto que vai ser uma péssima ideia e se eu tomar mais uma dose eu enxergo tudo embaçado. Eu e Mike caminhamos pelos fundos para ninguém nos ver, Pietra fecha as cortinas e ajeita o slide.

Ao me sentar no banco que está por trás das cortinas, respiro fundo e sinto meu coração pulsar cada vez mais rápido. Estou trêmulo, sinto arrepios por todo o meu corpo, minha cabeça latejando de desespero dor de cabeça, um embrulho no estômago.

Quando estou prestes a desistir, Mike pega em minha mão esquerda e sussura para eu me acalmar. Pego no microfone, fecho meus olhos, sinto a tensão apossar-se de mim e então respiro e inspiro.

A música começa, estou cantando a parte da Amy Lee e Mike a parte do outro cara que eu não sei o nome.

Ouço vozes enquanto tento me concentrar em cada nota da música. Meu coração acelera cada vez mais rápido e parece que irei ter um ataque cardíaco. Tenho certeza que se Mike fosse como eu, já estaria durindo no chão.

Ouço aplausos, assobios e isso me conforta um pouco.

Quando estamos quase terminando as cortinas se abrem. Ouço mais vozes e gritarias, quando abro os olhos me deparo com todos aplaudindo e encaro rapidamente Mike.

Sem ao menos terminar a música, corro para fora do palco e saio pela porta dos fundos.

Estou sentindo uma sensação horrível. Angústia, raiva e arrependimento possui o meu corpo agora. Eu sabia que não deveria ter ido para aquele palco idiota.

Ouço vozes vindo por trás da porta então me escondo.

- VOCÊ NÃO DEVERIA TER FEITO ISSO, PIETRA! - Mike grita enquanto me procura.

- Eu não deveria ter feito? - Pietra retruca de braços cruzados -

O garoto canta bem pra caralho, você tá falando sério né?

- Cara, não interessa! - Ele diz pondo a mão na cabeça.

- Você não tinha o direito.

- Ele deveria me agradecer! - Ela diz rindo.

Depois de uns segundos eles entram de volta para o bar, me sento sobre o banco de concreto que estava mais para frente e pego o meu celular.

Vejo os status da Emma e de Nicholas. Todos estão reunidos na beira da piscina na casa de Adrian.

- O que estou fazendo aqui? - Pergunto para mim mesmo

- Também quero saber. - Ouço a voz de Thomas vindo por trás de mim.

Me viro rapidamente e esbarro meu rosto na parte de baixo da barrida de Thomas.

- O-oque você está fazendo aqui fora? - Falo me levantando.

- Eu sempre venho aqui para fumar. - Ele ascende o cigarro que está entre seus dedos.

- Como você tá?

- Estou bem! por que eu não estaria? - Retruco.

- Bom...Não sei, talvez aquele surto de sair dali do nada depois de dar aquele lindo espetáculo. - Ele diz enquanto dá uma tragada e soltando a fumaça pela sua boca.

- Eu não...

- Jaiden? - Mike grita correndo até a mim.

- Você tá bem cara?

- Estou sim. - Respondo e percebo que Thomas me encara enquanto ele fuma.

- Me perdoe, a Pietra ela apenas..

- Está tudo bem. A culpa não foi sua e sim dela! - Falo Interrompendo Mike.

Tudo bem? Não está nada bem. Pietra não tinha o direito de ter feito aquilo! Eu mal a conheço e não dou liberdade para que essa mesquinha venha fazer isso comigo.

- Que garota atrevida! - Diz Thomas, jogando seu cigarro no chão e apagando com a sola de seu tênis.

- Bom... deu a minha hora. Até mais Jaiden! tchau Mike.- Ao falar aquilo ele dá uma piscada para mim e vai até a porta dos fundos com as mãos no bolso de seu casaco.

Depois daquilo, Fomos embora para casa. Ignorei Pietra a viagem toda, por mim seria assim o verão todo até eu nunca mais olhar em sua cara.

E Quando Eu Partir?Onde histórias criam vida. Descubra agora