02; First Him

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Any Gabrielly

Certo, por essa eu não esperava.

Como assim aquele imbecil queria que eu matasse o filho do presidente? Fiquei muda, olhando para ele sem saber o que dizer. Senti minha boca se abrindo, mas nada saía, tamanha era minha surpresa e minha confusão. Um silêncio estranhamente absoluto se instalou no galpão, deixando a cena mais bizarra ainda.

Todas as vezes que eu recebia uma nova tarefa, uma nova pessoa que seria minha presa, eu apenas assentia e partia para o trabalho. Mas dessa vez foi diferente. Eu fiquei receosa e, por um segundo, pensei em recusar. Logo descartando a ideia por razões óbvias, minha família ainda era mais importante.

Mas o que me deixou mais hesitante não era o fato de que eu teria que matar alguém, mas sim quem. Eu estava acostumada a matar apenas executivos corruptos, mafiosos, terroristas, ladrões, serial killers... resumindo, pessoas perigosas que realmente fazem mal para alguém. Então, sim, eu não sentia muito remorso de mata-las.

Mas que mal um garoto comum poderia fazer para alguém?

— Bailey, como assim você quer que eu mate um garoto? — minha voz saiu baixa, causando uma sensação estranha em mim — Você só manda eu matar homens ruins e perigosos... Mas um garoto que não fez nada para ninguém?

Meu chefe apenas riu, se virando de costas para mim. Franzi o cenho, confusa com sua reação.

— Quem se importa se ele fez mal para alguém ou não? A única coisa que importa é que ele vai morrer — ele voltou a se virar para mim — E é você quem irá mata-lo

— Porque eu? — me aproximei dele — Você sabe que eu não gosto de matar as pessoas, especialmente se for um garoto que não fez, literalmente, nada para você. Porque quer mata-lo? Para punir o pai dele? Mate o pai dele então!

Percebi que fui elevando meu tom de voz conforme eu ia chegando ao fim da frase inteira. Na mesma hora eu me arrependi, vendo Bailey se virar para mim com sangue nos olhos. Aquele olhar me assustou. Era o mesmo olhar que ele me lançava quando eu era apenas uma criança e estava aprendendo com ele a arte do crime.

Naquele momento eu soube que eu estava fodida.

O homem passou a andar a passos largos em minha direção e segurou meu braço com força, me arrastando pela sala sem nenhuma delicadeza. Eu pensei em reclamar que meu braço estava doendo de tanto que ele apertava, mas isso só complicaria ainda mais a minha situação. Então fiz o que eu aprendi a fazer desde que fui "recrutada" para trabalhar para ele, aguentei a dor em silêncio.

Me deixei ser arrastada pelo salão e escada acima, quase tendo ido de cara ao chão quando errei um degrau na escada. Isso irritou mais o homem. Ele aumentou o aperto no meu braço e me arrastou para a sala dele, praticamente me jogando dentro da sala e fechando a porta atrás de nós. Tentei manter a pose ereta enquanto ele trancava a porta, se virando para me encarar. Aguenta, Any, aguenta.

— Quem você pensa que é para levantar a voz para mim? — sua voz soou baixa e sombria.

— Não foi minha intenção, chefe, não vai se repetir — na mesma hora jurei pra mim mesma que nunca mais faria isso de fato — Eu só estava tentando buscar uma solução melhor...

— Eu não pedi a sua opinião pra saber se era bom ou não matar aquele moleque, eu só falei que você vai — ele se aproximou de mim — Você irá matá-lo, do contrário quem morre é a sua querida mãezinha... — arregalei os olhos.

— Não! — tampei minha boca com minha destra na mesma hora que percebi que tinha gritado, de novo — Desculpa... — parei a frase no meio do caminho quando senti um tapa forte sendo dado na minha bochecha.

Criminal Love [noany] HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora