Capítulo Único

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    Doeu, doeu muito, foi como… um "eu te odeio" da sua pessoa mais querida, foi como se aquele que você ama dissesse que você é um fardo, que você é inútil.

Você já teve sua primeira morte?

[...]

    A primeira: Foi a pior por ser a primeira vez, foi como se tudo tivesse desabado e eu estivesse caído morto e frio no chão. Uma criança animada e alegre, se transformou em menos, durante tempos ficou sem pular, rodopiar e fulerar pelos lugares. Desistiram de si antes mesmo de insistirem.
Apaixonado pelo mundo da arte, sempre pintando, dançando, cantando… Porém nem tudo é um belíssimo mar de rosas. Fora humilhado por não saber fazer, foi ridicularizado por ser sensível, obrigado a fazer o que não queria, sugaram ele, acabaram com sua vida…
Essa foi minha primeira morte.

"– Você já teve sua primeira morte?"

"– O que é isso, hyung?"

"– Um dia você saberá, tata..."

[...]

    A segunda morte: Um pré adolescente sem rumo, descobrindo as alegrias do mundo, as diversidade, o curioso. Sempre a procura de algo para o manter firme e com algum objetivo, encontrou isso que tanto queria, mas não era algo alcançável.
Sem um apoio se sentia desmotivado, com uma obrigação se sentia frágil, e a qualquer minuto ele poderia desabar… Não era fácil fazer algo sendo monitorado, o que queria era ser livre e aberto, sem ter que esconder nada de ninguém, por simplesmente não ter ninguém.

Certo dia ele levou a pior, levou uma coça, uhm… "se fodeu", crises e mais crises aparecendo, não tinha mais uma hora para acontecer igual no início, só… aparecia. Infelizmente o pior aconteceu, e foi na escola, na frente dos alunos e professores. Pelos colegas, fora tachado de louco, sensível, emotivo, para os funcionários era um ser frágil e que não podiam tocar.
Essa crise não foi boa, ligaram para seus pais… Sua mãe o tachava como maluco, louco, doente, mas no dia seguinte esqueceu tudo isso e fingiu não ser nada. Já seu pai se preocupou um pouco, conversou com si e o protegia de futuras crises perto daquela que as causava, porém… nem tudo é um mar de rosas… Descobriu pela progenitora que seu pai iria o bater pela maluquice na escola, mas não fez isso por estar cansado.

Bom, ele acreditou nessa possível mentira…

"– Hey hyung!"

"– Oh, olá Jungkook-ssi."

"– Acho que tive minha primeira morte, fui proíbido de dançar para sempre… Meu pai disse que estava ficando desconcentrado…"

"– Ah… Não desista dos seus sonhos, bebê. Lute pelo que quer. Você é um ótimo dançarino, tem bastante talento e é o que gosta de fazer, então faça saeng, viva!"

"– Não seja igual a mim, Jungkook-ssi…"

[...]

    A terceira morte: Aconteceu no quase fim de sua adolescência, foi como um choque de realidade, estava tudo tão claro agora… Que era pansexual não havia dúvidas, mas quando se deu por pesquisar o que era "Não-Binárie" e descobrir mais sobre essas pessoas, se sentiu incluse. Foi como um balde de água fria caindo sobre sua cabeça, era tipo acender a luz do quarto que estava durante anos apagada.
Seu nome virou um incômodo, o pronome que familiares usavam consigo 'e machucava, a falta de coragem para se assumir, tudo, tudo estava errado, nada 'e deixava realmente bem, se sentia totalmente vazie…
Sua mãe ainda 'e controlava, olhava suas redes sociais, seu eletrônicos, TUDO POSSÍVEL, sua privacidade ainda era inexistente, nunca teve esta, porém um dia algo realmente aconteceu. Sua mãe surtou com seu celular na mão, e não era a melhor coisa não…

"Eu não acredito que você é a porra de um viado! Não criei filho meu para sair e dar a bunda para caras aleatórios!"

"Bixinha!"

"Saia da minha casa, sua vadia!"

"Jungkook-ssi… socorro…"

"Alguém…"

"Por favor…"

"Essa… é a minha primeira morte…?"

[...]

— — —:

Uma luz branca, pessoas correndo pra lá e pra cá, vários raios caem forte dentro da casa, todos morrem, somente um fica vivo, este que sai muito ferido de dentro da casa em chamas. Exatamente 4 mortos, todos com uma mesma assinatura, uma pata de urso pelo corpo.
Ninguém identifica o único sobrevivente, ninguém viu uma pessoa muito ferida entrar nos hospitais perto do acidente na casa, nada, pois ela não existia mais.

"– Um corpo foi encontrado nas margens do Rio Han, totalmente ferido, porém já morto. A pessoa morta é conhecida com Kim Taehyung, único sobrevivente da família Kim, dona de vários orfanatos em Seul. A possível causa da morte é suicídio, ao lado do corpo foi encontrada um revólver calibre 38. Uma bala se encontra presa dentro da cabeça do líder da família Kim. Ainda não temos informações completas, então mais tarde voltaremos com mais notícias sobre o caso."

A minha quarta morte… Bom, essa foi a mais feliz de todas. Finalmente acabei com tudo, os desgraçados que maltratavam as crianças, os meus pais, minha irmã e eu… Na verdade, a minha última morte foi sem querer, mas já que iria acontecer de qualquer maneira, quem sou eu para adiar isso 🤷‍♂️.

Mas e você, querido leitor, já teve sua primeira morte? Não? Então não se preocupe, já já ela acontece! :).

My First Death • Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora