A música estava alta. Daddy Issues era a sua preferida do momento, sabia a letra decorada. Casa limpa, chão encerado, tudo para ela. Ao entrar na mansão era possível ver um enorme salão com tapete e paredes brancos, com 4 quadros gigantestos, 2 em cada lado, cada um custando em média 20 mil reais. Além disso, as paredes tinham detalhes compostos por espelhos circulares e colunas de gesso embutidas, dando um ar de Grécia Antiga. No centro havia uma mesa gigante de cor vemelha – cor de sangue quente como uma maçã evenenada pedindo para ser mordida. Os detalhes são mais perfeitos que o próprio demônio, sendo ele não tão perigoso quanto a dona, que escolheu muito bem como deixar a mesa o mais sublime possível para servir o prato do diabo. À frente da mesa encontra-se uma escada de 68 de degraus: 20 no sentido frontal, 16 à direita e 32 à esquerda. O corrimão foi feito a ouro, sua forma lembra uma coroa de espinhos e o carpete da escada é de tom bege claro.
Javane está na cozinha preparando torradas, sardinhas e caviar para comer antes de ir à faculdade, escutando sua playlist. A mansão foi feita em conceito aberto, dá para ver a cozinha e o salão como um só. Os utensílios para fazer a comida são todos banhados a prata, os talheres banhados a ouro, tudo a sua escolha, não aceitava misérias. A decoração da cozinha era amadeirada, tinha uma ilha enorme no centro, a bancada era composta por quartzo, as prateleiras e armários rodeavam a cozinha inteira, é basicamente o que Javane precisa para guardar as coisas, só não sabe o motivo de seu pai comprar tanta coisa para casa (mas ela amava isso) e dar pouco dinheiro para ela gastar com seu lazer. A torradeira apita avisando que as torradas estão prontas; pegou um prato e as colocou ali. As sardinhas estão quase prontas, basta uns 10 minutos para fritarem. O celular toca. É uma ligação de seu pai, mas não atende por estar com raiva dele. Haviam brigado no dia anterior, ela reclamou por ele ser tão mão-de-vaca com ela e que não aguentava mais a situação. Está na vigésima primeira chamada, as sardinhas acabam de ficar prontas. Ela resolve atendê-lo.
– O que quer?
– Oi, filha, tudo bem? Bom dia. Como está a casa? Em ordem? Só queria dizer que confio muito em você para o cuidado dessa casa, ela deve ficar sempre limpa e, principalmente, não leve ninguém à mansão. Um beijo.
– Era só isso que queria me falar, idiota? Finge que está tudo bem, mesmo a gente tendo brigado ontem. Eu nunca vou esquecer do que você está me fazendo passar aqui – cai aos prantos –, estou praticamente sozinha nessa vida de merda. Não posso nem ter dinheiro para sair com meu amigos, seu merda?
– Calma, docinho – ri com cinismo. – Estou fazendo isso só para proteger minha filhinha preciosa. Eu sei o que estou fazendo. Agora tenho que desligar, até mais...
– Filho da pu... – seu pai desligou o telefone.Aquilo foi o gatilho para que começasse a chorar ao ponto de perder a hora de ir à faculdade. Sua comida esfriou, foi só um desperdício, então a joga no lixo, junto com seus sentimentos. Talvez não tivesse sobrado nada, pelo menos o prato estava vazio. Subiu as escadas da direita, onde se localizavam dois quartos. Tinha pavor daquele quarto, não conseguia nem olhar para ele, muito menos entrar.
O andar de cima foi construído para ser o entreterimento da casa, foram feitos salão de jogos, sala de cinema e um espaço aconchegante para as visitas. Nesse andar é onde fica a varanda preferida de Javane, é super espaçosa, do jeito que ela pediu. Estava coberta pela cortina ainda, ela não desejava ver a luz do sol. Abriu a porta do seu quarto, o charme era o branco da parede com bolinhas pretas, além de uma escrivaninha que ganhara da mãe em seu aniversário de 16 anos. Ainda estava de camisola, decidiu tomar um banho rápido e ir para a faculdade. Tirou a camisola como se o tempo tivesse congelado, de tão devagar que estava, para ver seu corpo desnudo e esbelto sendo refletido no espelho do banheiro, com pedras de cor azul-marinho, azulejo marrom e banheira dourada. Resolveu usar o chuveiro, era mais fácil. 15 minutos depois já estava com toalha no corpo escolhendo a roupa que usaria na aula de hoje. Escolheu uma simples camisa preta decotada e uma calça jeans azul. A escolha realçara seu tom de pele quase pálido, tão branco que corava com um leve raio de sol, seus cabelos ruivos tinham leves junções de vermelho e laranja, os mamilos eram os protagonistas da musa sem sutiã, não aderia ao uso deles. Sabia o que queria.
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Flores relatadas
AksiJavane é uma garota de 19 anos, filha de família rica. Sempre teve tudo o que quis, seu pai dava muitos mimos apesar de ser indiferente às emoções da filha que reclamava por ele nunca dar dinheiro para gastar com seus momentos de lazer. O orgulho pr...