♤ - Família Beck

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A mansão à minha frente tinha no mínimo, quatro andares. Ficava em um condomínio luxuoso no leste da cidade, onde os fotógrafos das empresas de turismo tiravam fotos para divulgar a cidade litorânea e seus atrativos, só esqueciam de fotografar a parte mais humilde também.

Desci do carro e fiquei parada em frente à casa - se era que aquilo poderia ser considerado uma casa. Subi os degraus e fiquei parada na porta. Ia ligar o interfone quando Leonard apareceu.

- Vi você chegando - ele estava parado à porta vestindo apenas uma bermuda escura. - Pode entrar.

Passei por ele e adentrei a casa, que era tão grande que se assemelhava ao salão de Hogwarts.

- Ok, o que os seus pais fazem? - Perguntei incrédula, me virando para ele. - Traficam drogas ou criancinhas?

Ele riu e bagunçou os cabelos com as mãos.

- Mais ou menos isso ai.

Ri e balancei a cabeça. Andei pela sala que não tinha nada de objetos ou móveis, absolutamente nada. Havia apenas duas longas escadas que davam para o andar de cima. À minha esquerda havia um corredor amplo igualmente à direita, ambos não sabia onde davam.

- Então - indaguei, com as mãos entrelaçadas. - , o que fazemos agora?

Ah, claro que eu sabia o que ele queria fazer.

- Quer conhecer o meu quarto? - Perguntou cinicamente.

Soltei uma gargalhada.

- Leonard - disse eu - , essa tática já funcionou com alguém?

Ele balançou a cabeça, envergonhado talvez.

- Escuta - disse se aproximando de mim. Segurou meu rosto com as suas duas mãos e olhou nos meus olhos. - Não vou te forçar a fazer nada que você não queira.

Sua voz era rouca e baixa.

- Agradeço por isso - comentei - , mas não existe nada que você queira fazer que eu também não queira.

Leonard pareceu surpreso ao escutar aquelas palavras, na verdade, até eu estava. O que deu em mim?, pensei desesperadamente. Só tinham três dias que eu conhecia esse garoto e eu já estava querendo ir para cama com ele? Que tipo que garota eu sou? O tipo que fica um ano sem beijar alguém por medo; escutei a voz de Cecília na minha mente.

O homem perante mim deu um sorriso sugestivo e segurou a minha mão.

- Vem comigo - disse ele, me puxando escada à cima.

Isso está mesmo acontecendo?

Passamos por um corredor largo cheios de portas. Quando chegamos à penúltima, entramos. Era ali o quarto dele.

Uma cama de casal, uma janela e uma bateria eram as coisas que mais chamavam no cômodo, que era todo revestido de tom cinza claro. Três quadros pequenos se faziam presentes sobre uma cômoda pequena de madeira, juntamente com uma carteira e um molho de chaves. Uma prancha, um skate e uma bola de basquete estavam ao lado. Sem bagunça. Sem roupas jogadas no chão.

- Então, o que achou? - Perguntou ele, ansioso pela minha resposta.

Me virei e encarei-o.

- Muito arrumado - respondi. - Você é sempre assim? - Tinha um tom de ironia em minha voz.

Leonard relaxou.

- As vezes - respondeu.

- Você quer dizer... Quando vai levar uma garota para o seu quarto - afirmei.

Morgan's - No Olho De LizOnde histórias criam vida. Descubra agora