Um dia como qualquer outro.

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POV CHARLOTTE

–Charlotte, acorde!!!– Escuto Maria, me chamar em meio a desespero e logo pulei da cama, percebendo que Phil não estava nela.
–O que houve? Phil já saiu?– Perguntei abrindo a porta de meu quarto, ainda totalmente desarrumada.
–Ele disse que ía buscar leite, pois não tinha mais e falou que queria você na mesa do café antes de ele voltar.– Maria ainda expressa nervosismo.
–Meu Deus! Já estou descendo!– Troquei minha camisola branca por uma saia longa, botas e uma camiseta azul bebê. Depois fui no banheiro e logo desci e vi meus filhos tomando café na mesa.
–Bom dia mamãe!– Disse minha adorável filha Ashley de 5 anos.
–Bom dia mãe.– Meu filho Mitchell fala como se estivesse cansado.
–Bom dia meus bebês, dormiram bem?
–Sim.– Os dois responderam, mas sabia que Mitchell estava mentindo.
–Maria, tua torta de maçã ficou muito boa. Pode me dar um pedaço pra levar pro colégio?– Mitchell deu um sorriso.
–Claro Mitch!– Ela responde dando outro sorriso.

Mitchell é meu filho mais velho, ele tem 16 anos. Eu engravidei quando ainda estava na faculdade, eu fazia psicologia e em um dia, maldito dia este, conheci Philip David Joseph Bozeman e começamos a namorar. Pouco mais de um ano de namoro, fiquei grávida e ele me fez sair da faculdade para casar com ele e logo vir para esta fazenda na qual estou presa até hoje. Apesar disso tudo, eu amo meu filho assim como Ashley que é a minha bebezinha, eu a amo muito.

–Bom dia senhora Bozeman! Mitchell, vamos logo, estamos atrasados para o colégio!– Mavys chega, e logo percebi que os olhos de Mitchell brilharam ao vê-la. Eu sei que eles gostam um do outro e apoio ficarem juntos, porém, Philip não pensa a mesma coisa.
–O-okay, já e-estou indo.– Ele a responde com a voz trêmula.
–O QUE ESTÁ FAZENDO DENTRO DA MINHA CASA???– Philip já chega aos gritos com a pobre Mavys.
–Desculpe senhor Bozeman, eu só...– Ela abaixa a cabeça, demonstrando tristeza.
–EU NÃO QUERO SABER DE DESCULPAS, CAI FORA DA MINHA CASA!!!
–Phillip, deixe a menina. Ela só veio aqui para chamar o...– Ele já veio correndo em minha direção com as garrafas de leite, já sei onde isto vai dar.
–Cala a sua boca, vagabunda.– Ele me deferiu um tapa no rosto, na frente de todos e logo chorei.
–Pai, para com isso!– Mitchell segurou seu braço que estava pronto para me bater novamente.
–Não se meta e vai logo para a escola, seu inútil.– Ele apontou para a porta, onde Mitchell saiu com ódio expresso em seu rosto.
–Papai, por que você machucou a mamãe?– Ashley pergunta inocente.
–Eu estava apenas corrigindo ela minha filha. Sua mãe é uma inútil, igual seu irmão. Você é a única de quem me orgulho. Mas vamos para a escola, eu vou te deixar hoje.
–tchau mamãe, eu amo você.
–Tchau minha filha...– Limpei minhas lágrimas que não paravam de cair e ajudei a Maria a tirar a mesa do café.

Eu me sinto impotente por não conseguir fazer nada, não é porque amo o Philip. Meu amor por ele acabou a muito tempo, exatamente quando percebi que ele era abusivo. Eu só estou aqui ainda pelos meus filhos e por que não tenho dinheiro para ir embora já que é ele quem controla tudo, mas ainda tenho esperança de que isso tudo vai acabar.

–Charli, não sei como consegue aguentar isso tudo. Se eu fosse você, já teria fugido!– Maria opina enquanto lava a louça e eu seco.
–Eu só aguento pelos meus filhos Maria, eu queria muito ir embora mas o Phil pode me achar e fazer algo contra nós. Ele é um dos empresários mais influente do país então não seria problema para ele acabar com a vida de alguém e ficar por baixo dos panos.– Seco os pratos e talheres e depois subo em um banquinho para guardar tudo.
–Eu entendo perfeitamente. Craig e eu não temos passado por bons momentos ultimamente, geralmente as brigas são pela bebedeira dele e por ele não gostar da Mavys.– Vejo nos olhos de Maria algumas lágrimas caírem.
–Não fique assim Maria!– Lhe dou um abraço, oque melhora sua expressão.– Nós vamos vencer isso tudo por nós e nossos filhos.
–Eu tenho muito medo de que ele machuque a Mavys, ela é tudo oque eu tenho!
–Ele não irá. Antes disso, nós já vamos ter ido embora.
–Charlotte, seja realista. Nós nunca sairemos daqui, não temos dinheiro e nem para onde ir. Só se acontecesse algum milagre.
–Ora, não desacredite, milagres acontecem todos os dias. Agora, eu vou tomar um banho e já venho te ajudar com o almoço.

Enquanto tirei minha roupa no banheiro, percebi que as marcas do cinturão de Phil estavam bem expostas em meu corpo. Ver tudo isso me deixa exausta e sem forças para lutar. Faz tempo que não sinto amor próprio, nem se quer consigo lembrar da Charlotte de pelo menos 15 anos atrás. Eu era feliz, estudava bastante porque queria ser psicóloga e ajudar pessoas e no entanto, não consigo ao menos me ajudar. Bom, pelo menos vou tomar um banho quente que me ajuda a relaxar.

POV MITCHELL

Tudo o que eu queria era ter uma família feliz como a de qualquer outra pessoa, desde criança sempre soube que o que meu pai fazia era errado. Eu quero ajudar a minha mãe, mas não tenho a mínima ideia de como e isso acaba com meu psicológico porque eu sei que a culpa é minha. Se eu não tivesse nascido, ninguém sofreria. Principalmente ela. Essa noite eu não consegui dormir por causa dos barulhos, Ashley veio dormir no meu quarto mas só ela dormiu. Então por que não tentar dormir um pouquinho ago...

–Senhor Bozeman, está prestando atenção na aula???– A senhorita Fitzgerald, professora de matemática chama minha atenção oque resulta em um susto.
–Ahn? Sim, estou.– Cocei meus olhos e vi que todos estavam me olhando com espanto.

É uma merda ser filho do "renomado Phil Bozeman", todos me conhecem e querem ser meus amigos por interesse. Na real, eu só tenho alguns amigos e uma deles é a Thalia. Todos chamam ela de Mavys, mas somente eu a chamo de Thalia e ela aceita. Eu acho ela a garota mais linda da região, eu gosto muito dela e sei que ela sente o mesmo, mas ainda não estamos juntos por causa do meu pai.

–Você tá bem, Mitch?– Ela toca em meus cabelos.
–Sim, eu só estou cansado.– Respondo sem sair da posição que estou.
–Acho que sei porque...
–foi isso mesmo...

Eu não conto oque acontece em casa abertamente, porque meu pai proibiu todos nós de falarmos alguma coisa. Aliás, quem vai acreditar? Todo mundo pensa que nossa família é perfeita.

POV PHIL

–E aí garotão, como você está?– Converso com Maximus, meu Corsel e ele me responde relinchando. Ele é um cavalo inteligente e só obedece a mim.
–Senhor Bozeman...– Escuto a voz de Jefferson, veterinário da Fazenda me chamando de longe.
–O que é, Jefferson?
–Eu queria dizer para não cavalgar em seu cavalo, pois ele está com a pata machucada, devido não ter trocado a ferradura.
–Se ninguém trocou, por que é que você mesmo não fez isso?
–É que isso é trabalho do Cra...– Eu já estava com os punhos fechados para socar a cara dele, então cheguei bem perto e disse:
–Não me diga quem deve fazer, ou o que deve fazer. Você é somente um empregado, aqui quem manda sou eu! E só por isso, eu vou tirar do seu salário a quantia para comprar novas ferraduras para o Maximus.– Eu já estava bufando de raiva.
–S-sim senhor, o senhor é quem manda.– Ele estava pálido e tremia de medo.
–Agora some da minha frente, seu inútil!

As vezes eu acho que os empregados esquecem que quem manda aqui sou eu. São todos uns inúteis, igualmente aquele bastardo do meu filho e a vadia da minha esposa. Maldito dia em que engravidei ela, deveria ter sumido ao invés de assumir um muleque imbecil como aquele que não serve ao menos para ordenhar uma vaca. A única pessoa que receberá uma herança quando eu morrer será a Ashley, ela sim merece tudo oque eu tenho pois vejo que ela será uma ótima líder.

–Craig, quando saíram os caminhões de entrega da fábrica?– Falei com ele que estava na entrada da Fazenda sentado em um banco.
–Saíram as 9 da manhã Phil.– Disse ele sem olhar para mim. Craig é o capataz da Fazenda e o único que pode me chamar pelo primeiro nome, mesmo eu sendo orgulhoso, sei que ele é meu único amigo.
–Ótimo, e o andamento da fábrica?
–Está bem, só um empregado que quebrou duas garrafas de leite.
–Mais tarde vou mandá-lo embora,me passa o nome dele.
–Tudo certo então.
–Agora eu vou dar uma volta a cavalo, mais tarde volto.

Eu não sinto a menor pena e remorso por mandar qualquer empregado embora, aqui na fazenda são mais ou menos 500 pessoas, metade delas mora aqui. Então pra mim tanto faz, até porque todo mundo quer trabalhar na laticínios Boyz.

Oioi gente, essa é minha segunda fic e é isso. Digam oque acharam dos personagens e do começo. Bjs💖

O preço da liberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora