A noite caiu em Helengan. Como de costume o Rei Anderon sai para sua cavalgada pelos campos em direção ao Bosque das Rosas. À sua volta havia apenas a escolta da noite. Os gêmeos, Lacerda e Caian, dois finóri de família sulista, guerreiros jovens de idade, mas experientes em combate. A noite está quente, os ventos do norte sopram contra o rosto de Anderon e o velho Rei fecha os olhos sentindo a brisa refrescante.Lacerda olha para o irmão e solta um sorriso debochado. Ambos não gostavam da cavalgada noturna, pois sabiam temer os terrores da noite e sabiam que não deviam brincar com as Brumas, mas seguiam com seu Senhor mesmo assim. Ele precisava de escolta, precisava de proteção e os gêmeos eram os melhores finóri guerreiros do reino. Os gêmeos foram incumbidos pelo próprio Alastor Drunkain, irmão do Rei Anderon e protetor do Príncipe Doravan, para esse cargo e era uma grande honra servir à família real.
Ao entrar no Bosque das Rosas, uma sensação horrível tomou o coração de Caian. O sentido finóri é apurado, quase sobrenatural e ignorar qualquer mau presságio é ter um encontro marcado com a morte.
Caian virou seu cavalo e observou a retaguarda. A estrada escura era invadida pelas Brumas que, iluminadas pelo brilho da lua, pareciam cercar os andarilhos, encurralando-os mais do que nunca. Com uma manobra rápida, Caian voltou a emparelhar seu cavalo ao lado da montaria de seu irmão. Olhou para Lacerda. Um olhar sério, frio e preocupado. Rapidamente, seguiu ao encontro do Rei.
— Senhor, creio que deveríamos voltar — disse o jovem, olhando atentamente para a face do Rei.
— Você não foi o único a sentir isso Caian — o Rei fitava a estrada fixamente — Volte e fique junto do seu irmão...
O Rei continuou cavalgando lentamente e observando o caminho a frente. Os olhos permaneciam semi cerrados, quase como se forçasse a vista para enxergar mais adiante.
— Prepare-se para o pior Caian — Anderon virou-se para encarar o jovem ao seu lado — Acredito que nosso caminho não terá mais volta.
Anderon voltou seu olhar para a estrada parecendo, aos olhos do jovem Caian, muito mais velho e cansado. O finóri observou a expressão do Rei mais atentamente e percebeu que ela era serena, uma calma sobrenatural.
Caian puxou as rédeas de sua montaria e voltou para o lado de seu irmão na retaguarda.
— O que ele disse? — perguntou Lacerda com um olhar suplicante — Vamos voltar?
— Não, meu irmão — Caian tinha uma expressão triste ao dar as notícias ao irmão mais velho — E acredito que esta será nossa última cavalgada.
†
— Eles estão demorando Alastor! — O jovem Doravan andava de um lado para outro no salão do trono — Nunca demoram tanto, deve ter acontecido alguma coisa!
— Se acalme Senhor, já mandei os batedores procurarem por eles — Alastor era um homem grande e com aparência severa, mas sustentava um olhar preocupado.
— Não podemos ficar de braços cruzados Alastor! — o príncipe caminhou na direção do velho conselheiro e o puxou pela armadura, fazendo o gigante se curvar e o encarou — Eu mesmo vou me juntar aos batedores.
— Inviável alteza — o semblante do homem pouco se alterou com a investida do príncipe e ele falava calmamente — Como seu tutor e guardião, tenho que mantê-lo em segurança e, se sua preocupação for de fato real... — o homem fez uma pausa e desviou o olhar — Temo que estará mais seguro aqui.
— Bobagem! Eu irei — Doravan soltou o homem e se afastou em direção a porta — Não vou ficar aqui parado enquanto minha família e amigos correm perigo.
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Os forasteiros
FantasyEm um mundo coberto por uma névoa sinistras e criaturas sobrenaturais o jovem Aslan Drunkai tenta descobrir os segredos que o colocou em contato com os forasteiros, guerreiros poderosos oriundos de outro plano.