-Case comigo? – Pediu o sol, esperançoso, para o belo satélite brilhante que era a lua. – Eu já a amo a muito tempo. Desde a época dos dinossauros, pterodátilos, tiranossauros.
Mas a lua achou aquilo tão estranho: Uma bola quente de fogo, cujo brilho é mais forte do que o dela. "Imagine só, tenha dó."
-Meu coração não pertence a ninguém. Sou a inspiração de todos os casais, dos grandes poetas aos mais normais. Sai pra lá, rapaz!
O astro rei, com todos os seus planetas, cometas, asteroides, Terra, Marte, Vênus, Netunos e Urânos, foi se apaixonar justo por ela, que o despreza e o deixa esperar.
Mas o sol não se conformou. Pediu ao vento para lhe ajudar, mas o vento nem sequer parou, não tinha tempo para conversar.
O Sol, sem saber mais o que fazer com tanto amor para dar, começou a chorar e a derreter, e começou a chover e a molhar, e a escurecer...
O tempo passou, quando o Sol nascia a lua se punha, e de novo, e de novo, e de novo... O sol pedia a lua em casamento e ela sempre o rejeitava.
E o sol... congelou seu coração...
-Se a lua não te quer, tudo bem. - Disse-lhe o vento, quando finalmente conseguiu parar. – Você é lindo, e seu brilho vai muito mais além. Um dia você vai encontrar alguém que, com certeza, vai te amar também.
-Ele encontrou, mamãe? Alguém que o ama também? – Abaixei o livro que estava lendo e olhei para o par curioso e inocente de olhos azuis olhando para mim.
-Talvez. – Disse, divertido. Me ajeitei melhor na cama e sorri carinhosamente para a criança de cinco anos ao meu lado. – O que você acha, Aki-Kun? O Sol encontrou o amor?
Akira vez um biquinho fofo enquanto pensava sobre isso. Então, ele olhou para mim com um enorme sorriso e balançou a cabeça, fazendo seus cabelos vermelhos caírem em seu rosto.
-Acho que sim. O sol é bonito, grandão e vive no céu. Todo mundo ama ele. – Não pude deixar de sorrir com sua resposta.
-Verdade. Aposto que ele encontrou alguém tão incrível quanto ele. – Falei baixinho, como se estivesse contando um segredo. Aki sorriu e se acomodou melhor no travesseiro, fechando os olhos.
-Aham... E eles se casaram e tiveram um montão de filhos. – Sua voz foi diminuindo até ele adormecer. Ri levemente.
-Eu não classificaria dois como "uma montão." – Beijei levemente a testa de Aki e me levantei da cama, deixando o livro de histórias fechado em cima do criado mudo, antes de cobrir meu filho com sua coberta azul. -Boa noite, raio de sol. – Saí do quarto e fechei a porta devagar.
Assim que me virei, vi o belo ruivo encostado na parede em frente ao quarto. Sorri e me aproximei dele, beijando seus lábios. Franzi a testa, vendo o olhar estranho em seu rosto.
–O que foi?
-Dois filhos? – Seu olhar, quase esperançoso, oscilava entre meus olhos e minha barriga. Sorri, mordendo o lábio inferior, e balancei a cabeça. Gaara sorriu brilhantemente e me abraçou com força. – Mesmo?
-Mesmo. – Concordei, sem conseguir conter a risada alegre de escapar, e retribuí o abraço do meu marido.
Gaara segurou uma de minhas mãos e as descansou na minha barriga. Ele colocou sua outra mão em meu rosto e me beijou apaixonadamente.
-Obrigado. – Disse, encostando sua testa na minha, seus olhos repletos com tanta emoção que me tirou o folego. Uma simples palavra, com tantos significados diferentes.
Obrigado por ficar ao meu lado.
Obrigado por não me deixar chafurdar na escuridão.
Obrigado por me fazer lembrar que minha luz também é importante.
Obrigado por nossos filhos.
Obrigado por me amar.
-Amo você, Sol. – Gaara sorriu e me deu um selinho.
-Amo você, Vento.
Sentado no balanço de madeira na varanda, com seu doce amor dormindo em seus braços, o Sol fez o que sempre fazia, todas as noites, por décadas... Ignorou a fria Lua, que lançava seu brilho invejoso... E arrependido... nos amantes.