Capítulo XLVIII ● Youngjae

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— POR QUE TICO E TECO ESTÃO PARADOS A MEIA HORA NO MEIO DO LAGO IGUAL DOIS IDIOTAS? — Uma voz, a mesma voz dos meus pesadelos, grita de algum lugar perto de nós. Me aproximo de Jaebeom e tento me esconder atrás de suas costas, porque se o demônio quiser me matar, pelo menos vai precisar passar por ele primeiro.

Estamos aqui a quase um ano, me lembro como se fosse ontem o dia em que ficamos a deriva, eramos tão jovens, tão cheios de sonhos. Jaebeom se cansou de conversar comigo a um tempo atrás, ficou calado e pensativo, me deixando sozinho com minha solidão, podendo falar apenas com os peixes. Porém, embora minha companhia seja maravilhosa, admito que tenho uma personalidade meio irritante, uma hora até mesmo eu me cansei de mim, mas como fugir? Para todo lugar que eu vou, eu estou.

— Por que vocês demoraram tanto? ficamos aqui por semanas! — Grito em direção a voz maligna, tentando demonstrar todo meu desespero e desalento. Jaebeom, sentado na frente do caiaque, da uma risadinha por causa do meu drama, esse traidor.

— Não se passou nem mesmo uma hora completa. — Escuto a voz de Jinyoung, dessa vez vindo de mais perto, eles estavam vindo rápido graças a Deus. Em algum momento pude ouvir ao longe um motor de um barco se desligando, o barco do acampamento eu acho, ouvi as pessoas comentando sobre ele, aparentemente ele era usado apenas em emergência, fico feliz de saber que não é só drama meu, isso aqui é mesmo uma emergência.

— Para nós, pareceram anos. — Jaebeom responde, e pelo timbre da voz dele dava para perceber a dor que ele estava sentindo, por conta do ombro deslocado e tudo mais. Ele tentou não reclamar sobre o ombro por um tempo, mas acho que a dor está insuportável agora e ele não consegue mais esconder.

— Por que vocês ficaram presos? — A voz do demônio, demônio esse que também atende pelo nome BamBam, soa divertida, agora muito mais próxima de nós.

— Nós tínhamos apenas um remo. — Eu falo, da forma mais doce que consigo, porque sou um anjo educado e puro. — POR SUA CULPA, SEU DESGRAÇADO DE MERDA! JURO QUE VOU PEGAR A PORRA DO REMO QUE EU PERDI POR SUA CAUSA E VOU ENFIAR NO MEIO DO OLHO DO SEU CU, CARALHO!

— Gente, o que rolou? — Era a voz do Yugyeom, aparentemente os retardados dos nossos amigos que vieram ao nosso resgate. Mandar adultos responsáveis que poderiam ajudar a gente nessa situação um pouco complicada? Nah, vamos mandar esses adolescentes idiotas pra salvar os outros adolescentes idiotas e vai dar tudo certo.

— Você não pegou um remo novo? — Bambam pergunta, mas ainda dava para perceber o tom zombeteiro no timbre da voz dele, essa peste. — Pensei que você tivesse pegado, amigo.

— Claro que eu não peguei, seu idiota, e você sabe disso porque estava do meu lado e VIU TUDO!

— Ok, para de gritar. — Mark intercede em resgate ao Bambam, ele é a voz da razão, a pessoa mais sensata da rodinha. — MERDA BAMBAM, O QUE VOCÊ FEZ?

— Nossa! Vocês são tão irritados. — BamBam resmunga e eu escuto um som de tapa, acompanhado de um gemido de dor e risadas. — OK MARK! Desculpa, eu pensei que o Jaebeom tivesse pegado outro remo pra ele.

— E como eu pegaria um remo novo se eu nem sabia que ele tinha perdido o antigo?

— Sei lá, você é todo sabe tudo.

— Meu Deus, estou rodeado de imbecis! — Jinyoung suspira alto, derrotado.

— Vamos voltar ao assunto principal? — Jackson interrompe qualquer discussão e age como a verdadeira voz da razão. — Mesmo se vocês tivessem só um remo, ainda assim daria para remar até a margem, demoraria mais, mas ainda ia dar, então por que não foram?

— Desloquei meu ombro. — Jaebeom resmunga, o que faz a frase parecer um rosnado e não uma frase. Gente, serase ele esta se metamorfoseando e virando um lobo? 

— Cara, você tá bem? — Yugyeom pergunta, demonstrando real preocupação. Ai como meus amigos são fofos, até me faz pensar duas vezes na ideia de mata-los, pena que esse sentimento dura pouco e a raiva dura muito.

— Levando em consideração que ele deslocou o ombro... — Comento, soando meio irônico sem querer. Jaebeom suspira lá na frente e eu solto uma risadinha de nervoso.

— Certo, isso só piora tudo. — Mark comenta, parecendo cansado. — Youngjae, por que você não remou até a margem?

— Verdade Youngjae, por que você não fez nada? — Bambam pergunta ironicamente e eu olho em direção de onde a voz dele vinha com meu melhor olhar assassino, porque eu estou cansado, preso no meio de um lago idiota, em baixo do sol escaldante do meio dia e eu definitivamente NÃO PRECISO DE BAMBAM E SEU TOM IRÔNICO PRA LIDAR COM TUDO.

— Eu tentei, ok? Mas não consegui. — Tento me defender, envergonhado, mas eles ligam? Óbvio que não.

— Ele ficava remando em círculos. — Jaebeom conta, não soando bravo, ele entendia que eu realmente teria remado até a margem se conseguisse, mas eu não consegui, sou fraco.

— Certo, acho que é melhor trazer vocês para dentro do barco, pegaram tanto sol que devem estar com insolação. — Mark pronuncia delicadamente e eu quase escuto os anjos cantando aleluia depois do que ele disse.

— Tirem o Jaebeom primeiro, por causa do ombro dele. — Eu me ajeito melhor no caiaque, tentando ficar no meio dele pra que ele não afunde quando Jaebeom saisse. Escuto os movimentos dele lá na frente, o barulho do barco, o barulho dos meninos fazendo força pra erguer ele, o gemido de dor que ele deu quando caiu dentro do convés e depois o suspiro de alívio.

— Agora é sua vez Youngjae, me dá sua mão direita. — Jackson pede e eu estico meu braço e seguro a mão dele. — Bambam, segura o outro braço e a gente puxa no três.

— Ok, chefe! — Bambam obedece e eles contam até três, e então, no três, eles me puxam pra cima com força e eu faço força nas pernas até conseguir ficar em uma das beiradas do barco. Suspiro, ainda segurando a mão de Jackson e Bambam, e então respiro fundo.

— Obrigada amigos, mas agora... — Solto a mão de Jackson e puxo Bambam para mais perto da borda do barco, fazendo ele se curvar e soltar um gritinho assustado, todos param de respirar, então eu sorrio, dou um impulso com minhas mãos na costa dele e empurro ele pra água, que cai no lago que nem bosta seca. — Isso é por ter me feito perder o remo. — Respiro fundo, me sentindo vingado, e então desabo no chão do barco, exausto. — Amo vocês, pessoal.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora