Capítulo 01: A Chegada

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Não conseguia parar de pensar na situação de Remise, não enxergava justiça em ser o único a fugir dessa situação, a imagem de meus pais se despedindo não saia de minha cabeça, nem o barulhento percurso até Pêcheur ocupava minha mente, não reparei na paisagem do grande lagoa que se formava na beira da esburacada estrada, uma paisagem que se escondia em meio as fábricas de Remise. Me angustiava ter poucas lembranças sobre os Fournier, já acompanhamos meu pai em algumas visitas comerciais a eles, mas minhas memorias eram uma grande tela em branco. Fico imaginado como seria.

Enquanto divagava , já havia chegado, percebo apenas quando a poeira da estrada de terra para de invadir a carruagem, olho para fora da janela vejo um belo jardim com flores brancas, logo na frente de uma mansão bege, com um aspecto de envelhecido, porém muito bonita e luxuosa, nas escadarias se encontrava um homem ruivo e alto, que se dirigiu até mim com um sorriso em seu rosto e abriu a porta da carruagem:

-Seja bem-vindo senhor Dumont, imagino que a viagem tenha sido deveras cansativa.

Fico indeciso em como poderia me direcionar ao homem, será ele um dos senhorios da casa? Mas não demoro a responder:

-Muito obrigado por sua hospitalidade Senhor Fournier, trago saudações dos Dumont, você tem razão foi uma viagem cansativa!

O mesmo me olha com um olhar confuso e zombeteiro acompanhado de um sorriso:

- Acho que o senhor está equivocado, sou apenas um empregado, mas não se preocupe todos comentam que tenho um ar de elegância, o senhor Fournier o espera em sua sala.

O empregado segui em direção da grande porta, em detalhes dourados já um pouco desbotados, ele abre um lado da porta e salda minha entrada, a mansão em seu interior não tinha seu mesmo esplendor, tomada por uma escuridão, como se fosse um estridente pedido de socorro, as coisas dentro dela pareciam sem vida, a atmosfera transmitia melancolia , o brilho de dentro da mansão havia se perdido. O fechar da porta me arrepia a espinha, o empregado vai em direção as escadas:

- Por aqui senhor.

As escadas eram longas e contornavam o grande salão, já estiveram em melhores dias, mas ainda tinham seu charme, ao tocar nos corrimões se notava que mesmo com esse aspecto os empregados a mantinham bem limpa, onde as escadas se encontravam havia um grande retrato, com certeza essa seria a grande estrela do salão se sua imagem não estivesse em parte coberta por um tecido preto, o pouco que se via do retrato me trazia um sentimento de familiaridade, duas crianças com olhares travessos e um mulher que transbordava beleza e saúde em seu rosto, com certeza seriam esses os Fournier, uma imagem que destoava do resto do salão.

Chegando a uma porta de madeira esculpida com flores, o empregado bate na porta e de dentro se escuta uma voz imponente e encantadora:

-Pode entrar!

Sou surpreendido com a luz que bate em meus olhos ao abrir a porta, haviam dois homens, um deles se destaca pelo seu tom de pele caramelo e por seus cabelos cacheados, algo que pouco se via, o outro tinha alta estatura , olhos marcados por sua heterocromia, fico maravilhado com tais olhos, o olho direito era um azul frio me sentia como uma simples presa, o olho esquerdo era castanho escuro me trazia segurança como se pode-se confiar nele de olhos fechados, fico fixado em seu olhar, ele se dirigi a mim:

-Na cidade grande vocês costumam encarar assim? Imaginei que um Dumont teria mais educação.

Fico sem reação, penso que nada poderia ser mais vergonhoso, com olhos baixos vejo seu sorriso malicioso e o respondo com minha língua enrolada:

-Des...Desculpa se acabei o oferendo, digo, ofendendo.

Recebo risos como resposta, inevitavelmente irrita meus ouvidos, me sinto confuso com sua reação, ao parar de brincar com a minha cara, fala:

- Estava apenas brincando. Nos deixem a sós, Jordan espere do lado de fora para acompanhar Lohan até seu quarto, obrigado.

Os empregados se retiram do recinto, o homem de pele morena é o último a sair fechando a porta, o Fournier se escora na mesa e olha para mim:

-Vejo que você não cresceu muito, imagino que pela maneira que esta olhando não se lembre de mim.

-Como poderia me esquecer! É claro que me lembro.

Falo tentando ser convincente, me pergunto como pude me esquecer de alguém tão peculiar.

-Deve se lembrar que eu sempre deixava você me achar no Cache-Cache, você sempre foi muito sensível.

Ao escutar o Fournier uma lembrança me vem, quando criança brincávamos de Cache-Cache, nunca fui o melhor em achar as pessoas, admito que ficar para trás me deixava triste, mas sempre havia um menino que achava com facilidade, isso me deixava feliz e me sentia o melhor, e pensar que ele deixava ser encontrado. Mesmo com a lembrança seu nome não vem em minha mente.

-Com certeza não era um dos melhores, mas já faz muito tempo, nunca é tarde para nos reapresentar, Lohan Dumont prazer em poder me reapresentar.

As coisas pareciam voltar para o eixo, estendo minha mão para um comprimento como forma de mostrar meu respeito

-Alison Fournier será um prazer recebê-lo em nossa casa, Jordan irá acompanha-lo até seus aposentos.

Alison passa como se não vesse meu comprimento e abri a porta a espera de minha saída, acho sua atitude rude, talvez ele não goste de tanta formalidade. Vou ao encontro de Jordan já com minhas expectativas baixas, as coisas pareciam estar dando errado, Inesperadamente enquanto passávamos pelas escadas em direção ao outro lado da casa Jordan puxou assunto:

-Não se preocupe o Humor é a maneira que o senhor Fournier encontra de se comunicar, não interprete ele como uma pessoa grosseira, peço que não tenha impressões precipitadas.

Seu pedido me deixou confortado, alguém que teria tanto apreso de seus funcionários com certeza seria alguém bom, talvez eu apenas esteja em um mal dia mesmo, Jordan para em frente a porta de meus aposentos e a abre

-Qualquer coisa necessária pode nos chamar senhor Dumont.

O mesmo fecha a porta me deixando sozinho, o quarto não havia nada de especial, os poucos móveis pareciam mais novos do que os do restante da casa, a cama tinha lençóis que lembravam muito os meus habituais, aos pés da cama havia uma colcha vermelha e grossa, abro as grandes janelas que eram cobertas por densas cortinas, deixando o ar primaveril entrar.

Acho que não tive a melhor das chegadas, mas sinto que é apenas o começo.

(Notas do Autor : Esperamos que vocês gostem e aproveitem a história. Toda quinta-feira um capítulo novo! Até a próxima)

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