a vida como ela é.

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Eu me lembro exatamente da sensação daquele dia. O primeiro dia do resto da minha vida. 

Olhando para o meu reflexo no espelho do banheiro, eu estava chocada. Parecia bem, normal até. Por dentro, eu sentia meu próprio coração bater sem parar com medo. Puxei meus lábios em um sorriso e soltei um soluço assustado quando percebi que qualquer um poderia facilmente confundir este sorriso sem brilho com felicidade real. Como podia parecer tão normal quando desmoronei por dentro?

Eu nunca havia pensado em toda aquela coisa padrão, casar, ter filhos. Mas não esperava que fosse assim, súbito, e num momento tão doloroso.  Eu estava no banheiro de um restaurante que havia parado para vomitar, a cinco minutos do campus. Não sabia se era aquilo que se mexia em mim, ou se era eu, nervosa por reencontra-lo.

Passara os meus dias de férias protelando o que seria dali pra frente, o que eu iria dizer? Chase era meu ex-namorado e consequentemente, pai do meu filho.

Não havia respondido nenhuma de suas mensagens durante as férias, lhe ignorei tanto que ele simplesmente parou de enviar, e por algum motivo, doía. Rosie e Sidney achavam que eu havia passado as melhores férias do mundo em casa, e não, eu não sei porque não as contei.

Sai do meu transe quando alguém bateu na porta, e ajeitei meu cabelo, abrindo logo em seguida, dando de cara com Ariel. Com os cabelos curtos, e mais camadas de gloss do que eu podia ver, vê-la foi como um maldito soco no estômago, e ela percebeu.

— Nossa, você tá uma merda. — disse, encarando-me de cima a baixo, com puro despeito. Engoli seco. O tempo que eu havia tido longe da faculdade me havia feito pensar em como eu não me importava com Ariel, ela não era o meu problema, ele era. Ele era a causa de tudo. Ela era uma otária? Sim. Mas nunca havia dito o contrário pra mim, ela era quem ela era.

Passei por Ariel como um canhão, correndo para a saída daquele restaurante. Fora do estabelecimento, meu rosto já era tomado por poucas lágrimas, e uma possível vermelhidão, eu carregava minha mochila pesada nas costas e tudo que podia fazer era caminhar em silêncio até meu apartamento. Eu tentava me esconder por baixo das pessoas, prendera meu cabelo em um coque baixo, vestia roupas que fossem tão comuns quanto de qualquer pessoa. Eu precisava ficar...invisível.

Ninguém percebera ou pelo menos, me notara o suficiente para comentar algo. Adentrando o meu dormitório, ironicamente havia um enorme cartaz do time de futebol, e a sua cara estampada a minha frente. Aproveitei que estava sozinha e ergui meu dedo, aquela maldita foto. Ouvi uma risada atrás de mim, e me virei curiosa, encontrando um rosto conhecido. Hailey? Acho que era seu nome, olhos azuis, cabelo negro.

— Gosto de você. — se aproximou de mim, segurando três malas. — Achei que fossem amigos.

— É, somos, mas ele não deixa de ser um idiota. — me deu um sorriso solidário, mas rapidamente, mudou de expressão. — Pode me ajudar a encontrar meu quarto? 

— Vai morar aqui agora? — perguntei, assentindo para a mesma.

— Sim, eu morava fora do campus, mas...é complicado. — sorriu amarelo, e eu peguei uma mala, trazendo-a comigo. 

Em seu papel, mostrava que seu apartamento ficava no mesmo corredor que o meu, mas um pouco mais para trás. Hailey era silenciosa, o caminho até seu dormitório fora quieto, talvez ela percebera que minha cara não era das melhores. Quando chegamos à sua porta, coloquei a mala sobre o chão. 

— Está entregue. — era claro meu desconforto. Hailey era próxima de Chase, e iria morar ali, eu rezava para que ele nunca fosse visita-la ou coisa do tipo. — Meu apartamento é aquele ali. —apontei para o número 12B — Pode me chamar quando precisar.

Depois Do Fim. | LIVRO 2 - SEQUÊNCIA ANTES QUE ACABE.Onde histórias criam vida. Descubra agora