Capítulo 43 no ponto de vista de Stoico.

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A porta se abriu e eu tive certeza que minha morte chegara. Olhei para porta e de lá entrou cinco pessoas.

Meus filhos tinham vindo me salvar.

A esperança brotou em meu coração novamente, revivendo e insistindo que existia. Antes que eu pudesse me manifestar, ouvi a voz de meu filho:

- Pai!

A voz de Soluço era o melhor som que eu poderia ouvir. Meu estomago revirou, eu estava me sentido horrível por não poder ir imediatamente abraça-lo.

- Filho! – não aguentei e quando notei eu chorava. Chorava do modo que havia chorado apenas uma vez antes: quando minha mulher morreu. Não tentei reprimir as lágrimas.

Por um tempo então fiquei vendo meus filhos trabalharem juntos para tentar nos libertar. Aqueles garotos que eu amava tanto. Jack implicava com Soluço e eu não pude deixar de sorrir ao ver como se davam bem. Poderia conhecer aquele garoto de cabelo branco a pouco tempo, mas nossas almas eram conectadas uma com a outra e eu sabia que o amava. O garoto nunca teve família, nem amor. Eu poderia dar isso.

Jack deu a Merida o medalhão que pegara de Gothelia. A menina se preparava para ir até nós, mas parecia nervosa. Ela pediu a espada de Jack e cortou a saia de seu vestido sem pudor, deixando-o até os joelhos. A ousadia dela me fez sorrir momentaneamente.

Vi Elliot sorrindo e meu filho babando. Eu bem que desconfiava que meu garotão gostava dela. E sinceramente? Eu adoraria tê-la como parte da família. Ela não era nem de longe uma dama indefesa. Ela era decidida e sabia cuidar de si própria, indo contra a sociedade e mesmo assim sendo um exemplo de menina. Não pude deixar de pensar em como minha esposa lembrava ela…

Então fiquei imaginando um futuro não muito longe em que eu estaria sentado em uma mesa com muita comida, meus filhos ao meu lado e suas esposas. Fiquei imaginando eles sorrindo e isso faria com que eu também sorrisse. Eu fiquei imaginando toda minha família em paz e feliz…

Meus pensamentos foram interrompidos quando Merida chegou até nós e destrancou. Após todos nos abraçarmos, era hora de ir para o outro lado.

Elliot, o garoto preso também e Rapunzel passaram sem muitas dificuldades. Eram jovens e ágeis, mas eu não. Estava trêmulo.

– Por favor, Senhor Stoico, vá na minha frente. – pediu Merida para mim.

– Não, não, não. Você tem que ir na frente. – Insisti. Nada poderia acontecer com ela. Sem ela não completariam a profecia.

– Eu insisto, por favor. – a garota disse. Eu apreciava seu heroísmo também. Mas era minha vez de ser herói.

– Não, Merida. Sua vida é mais importante e eu preciso te proteger. – falei sincero.

Era horrível passar. Eu estava certo que cairia em qualquer momento. Eu era grande demais e meus pés nem cabiam direito naquela passarelinha que era a ponte. A imensidão embaixo de mim também não ajudava.

– A dica é não olhar para baixo, apenas para frente. – disse Merida.

– Eu estou tentando. – falei, porque era verdade.

– Foque em apenas um ponto. Olhe para Soluço, apenas para ele e concentre-se. Daqui a pouco estaremos todos seguros.

– Sim, sim…

E foi o que eu fiz. Fiquei olhando para meu filho Soluço, que estava parado e pensativo. Meu garoto havia mudado tanto e eu nem havia notado? Estava vários centímetros mais alto, estava com mais massa muscular e seu rosto havia madurecido. Senti saudade do meu magricelinho.

Foquei muito nele, foquei nele como meu maior objetivo. Foquei porque assim eu chegaria mais rápido do outro lado e poderia abraçar forte meus dois filhos. Poderia dizer o quanto os amava, porque era algo que eu precisava dizer: eu te amo.

Mas a passarela começou a tremular. Se já estava difícil para mim, agora estava impossível. Merida estendeu a mão para mim e eu tentei me estabilizar. Nada adiantou porque a ponte que me sustentava se desfez e eu soube que cairia e morreria imediatamente.

Mas de algum modo eu estava vivo. Estava na beira do precipício, minha mão segurando na de Merida, a garota sustentando todo meu peso. Ela não aguentaria muito mais tempo.

Meu filho Jack havia se aproximado, tentando tirar-nos. Mas eu sabia que era impossível. Eu era muito pesado. Então eu sabia que era agora.

- Filho! – gritei, chamando Jack. Eu conhecia Soluço o suficiente para saber que ele continuava no mesmo lugar, paralisado. Não o culpei por isso.

- S-sim. – a voz de Jack saiu hesitante. Ele estava receoso?

– Saiba que eu te amo muito. Você é mais que um filho para mim. – eu precisava dizer isso para ele, pois seria tarde mais se não fosse agora.

– Por que está dizendo isso? – senti pavor na voz de Jack. Droga, o que eu estava fazendo com esse menino?

– Diga ao seu irmão que… Diga a Soluço que eu o amo muito e tenho orgulho de ele ser quem ele é. Vocês são meus maiores tesouros e salvem as Legiões. Façam isso pelo velho pai de vocês. – e eu juro que nunca senti tanto peso na palavra amor. Eu realmente os amava e eles precisavam completar a missão.

Era hora de eu partir.

Eu via o esforço de Merida. Apertei seu pé uma última vez e sem pensar muito, soltei-o, porque assim era melhor.

Espero que esse infinito tenha um fim.

The Big Four - Guerra das LegiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora