Bosta de dragão.

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        A primeira aula de Herbologia não os reservara muitas coisas interessantes. Alvo e Iv se apoiavam no extenso balcão sujo de terra, totalmente entediados. Para a irritação de Rose, eles começaram a lançar de um lado para o outro do balcão um pequeno pedaço de adubo. Alvo preferiu não pensar que aquilo era bosta de dragão e convidou Marcus para se juntar à brincadeira. Estavam refinando as coisas, formando aros com os dedos e fazendo de goles a pequena bosta, quando o Prof° Longbottom, num aceno rápido da varinha, fez sumir o entretenimento do trio.

         — Muito bem, agora quero ver o quanto assimilaram. — O bruxo encarou os pequenos transgressores, mesmo que falasse para a turma inteira. Alvo notou Rose se empertigando, como se muito feliz que a ordem houvesse sido restaurada. — Peguem o serrote de poda... não, essa é a serra para cortar árvores, Alvo. Não, não, o menor... isso. Bem, peguem o serrote de poda ou a faca de prata, se vocês preferirem, e retirem três lascas finas da raiz... Cuidado, senhorita Patil!

        Alvo virou o rosto para Achala Patil, a qual brincava com sua faca de prata. Se a intenção era treinar o corte de raízes nos dedos da corvina Emily Billington, então Achala fazia um bom trabalho. As vidraças sujas de terra e quase completamente ocultadas por plantas banhavam a sala de aula com luzes amarronzadas e esverdeadas. Talvez por isso as feições do Prof. Longbottom parecessem tão doentiamente preocupadas.

        — Professor, porque não usamos magia para fazer isso? — reclamou Achala Patil, muito interessada em apunhalar a mesa entre os dedos de uma Emily sorridente.

        — Calma, calma. Largue a faca... isso, com calma. Bem, vocês ainda são bruxos inexperientes, então o uso de magia seria um desastre e... senhorita Hughes e senhor O'Leary, parem, por favor, de cutucar essa planta! Muito obrigado.

         No momento em que Neville Longbottom parou de falar, ele teve de encerrar a aula, e os primeiranistas ficaram finalmente livres. Alvo tinha a impressão que aqueles bruxos de onze anos tinham muita capacidade para desastres mesmo sem magia, mas decidiu não dar ideias. Ele percebera o Professor se aproximar dele e de Rose enquanto limpavam suas vestes de toda a bosta de dragão.

        — Olá, vocês dois — ele falou, envergonhado. — Qualquer ajuda que precisarem, saibam que eu não deixo de ser o tio Neville porque sou o professor de vocês... — O homem sorria nervosamente. Durante a conversa, Iv e Marcus ficaram plantados por ali, sem ideia do que fazer perto de Longbottom.

        — Nós sabemos disso, pode deixar. — Rose sorriu. Alvo suspeitava que a proximidade que ela já possuía com um professor de Hogwarts enchia seu peito de orgulho. Isso se confirmou quando Rose fez questão de que outros alunos escutassem: — Ah, nossos pais mandaram lembranças!

        Com um sorriso, Alvo se despediu de tio Neville e puxou Rose e os dois amigos para fora das Estufas. Ele não era um fã tão assíduo de exibicionismos quanto sua prima. Alvo ficara inclusive muito nervoso ao ver tantas faces de grifinórios e corvinos viradas para eles, todos curiosos com sua relação com o Professor Longbottom.

        O quarteto marchou para aula de Poções com a Sonserina. Chegaram com muito esforço à sala nas masmorras do Prof. Slughorn, e esse já não estava em seus melhores dias. Cabelos muito brancos e ralos, a pele enrugada... parecia um grande morcego velho. Porém, sua voz continuava cheia de vida quando distribuiu os pares: um grifinório e um sonserino.

        —... Ivonne Ward e Scorpius Malfoy... — Slughorn enunciava, os olhos franzidos para o pergaminho.

        Alvo não deixou de ficar com um Diabrete atrás da orelha. Rose também os olhava intensamente, já que, após os eventos do trem, ela colocara o sonserino na mira de suas implicâncias. O sorteio seguiu, e Alvo ficou com Amelia Nott, a qual não tinha uma aparência amigável; Rose, que ficou com Maxwell Zabini, dirigiu-se para a mesa ao lado de Alvo, ambos os primos de tocaia próximos ao Malfoy; Marcus, por sua vez, acabara com uma tal de Elitsa Stankova, e eles até que pareciam ter se dado bem.

O Invasor de Hogwarts - ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora