Em sua prisão temporal, Thiago tinha todo tempo para olhar seus amigos; via com total clareza, todo o medo, terror, incerteza e insegurança estampados em suas faces. Neste triste cenário, o homem se despediu de cada um, pelo o que pareceu ser mais alguns dias. Mesmo após tantos anos, continuava determinado com seu objetivo: explodir aquele demônio negro, a si mesmo, e ao Santo Berço. Sua mente quase insana, lutando para permanecer, berrava para que fizesse isso.
Diferente de Elizabeth, Thiago não tentou soltar-se da criatura. Se limitou a esperar, ficando imóvel com o detonador na mão. O que uma vez foi ansiedade, já havia se perdido mais de uma década atrás. Pouco a pouco, todos os sentimentos sumiram, realçando o vazio que sentia por dentro. O único que restou, foi o amor por seus amigos, sua família, juntamente com a necessidade de protegê-los e salvá-los. Assistia-os na corrida mais demorada do universo, tentando desesperadamente se distanciar do Deus da Morte, mas ainda com um grande pesar em seus rostos, por deixar o amigo para trás.
Quando finalmente eles estavam longe o bastante, Thiago sentiu um alívio e felicidade enormes que o preencheram, levando todo o vazio da morte para longe. Deu um último sorriso, sincero e alegre, como todos os outros que sempre mostrava, tão costumeiros em sua carismática e adorável personalidade. E então, fez o que queria fazer havia tantos anos: apertou o botão.
Lentamente, por algumas horas, Thiago assistiu a explosão ter seu início; a mochila acendendo, e as chamas vagarosas se expandindo, consumindo tanto ao jornalista, quanto ao gigantesco monstro. O tempo havia retornado ao normal, mas Thiago não teve mais de uma fração de segundo para aproveitar, logo tudo ficou escuro.
Não há mais dor, não existe mais arrependimento ou tristeza. Thiago morreu satisfeito. Tudo que sempre desejou, foi ser um héroi como seu pai era, e ele acabara de se tornar um. Conseguiu proteger a todos: Elizabeth, Joui, Arthur e Cesar. Não precisava de mais nada, tudo estava perfeito. Agora, tudo que restava era ficar só, nesta imensidão escura, sombria e eterna. Solitário, porém conformado. Um bom sentimento que guardaria dentro de seu peito pela eternidade.
"BOM TRABALHO, MENINO!"
Assustou-se ao ouvir aquela voz familiar e caracterísca; gritada, enérgica e carregada de sotaque. E mais uma vez, assim como quando estava preso dentro daquela aranha gigantesca, Thiago encontrou Cristopher em sua frente. O grande dublê o encarava com uma expressão alegre. O ambiente em volta não estava mais escuro, e sim iluminado. Eles pareciam estar em uma espécie de sala, similar as que são usadas para reuniões da Ordem.
"Estou orgulhoso de você, filho."
Ao lado de Cris, apareceu o homem que Thiago mais admirou em vida: seu pai, Arnaldo Fritz. Carregava sua caracterísca bengala, e em seu rosto, assim como no de Christopher, um grande sorriso se faz presente.
E este, foi o fim de Thiago Fritz, o jornalista e agora também herói, mais carismático que já existiu.