Prólogo

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Oi pessoas, tudo bem com vocês?

Desde agora quero deixar um recado. Eu não costumo abandonar as coisas que eu começo a fazer. Talvez demore? Provavelmente, mas ela irá até o final. 

É a primeira historia que eu escrevo sobre os novas especies, então por favor tenham paciência. 

Até a próxima.



Sirius


Ela está morrendo.

Desde que fomos resgatados pela força tarefa e fomos morar em uma cabana na reserva, nossa vida estava começando a dar certo. Todo trauma que minha fêmea sofreu nas mãos da mercile estava indo embora, graças ao tratamento que ela estava fazendo. Ela não tinha mais medo e estava feliz ao meu lado.

Quando chagamos aqui e soubemos pela Dra. Trisha que os machos espécies poderiam ter filhotes com fêmeas humanas, uma luz apareceu em nossas cabeças e desde então, venho tentado engravidar minha companheira com a minha semente.

Os meses iam passando, as fêmeas dos meus amigos iam tendo seus filhotes e nada da Amália engravidar. Eu queria que ela fosse ao hospital, ver se tinha algo errado, mas ela insistiu em não ir, dizendo que com algumas pessoas isso demorava acontecer e que estava tudo bem.

Depois de fazer a guarda nos muros, encontrei minha fêmea muito feliz em nossa casa dizendo que achava estar gravida do nosso filhote por estar algum tempo atrasada. Eu me aproximei contente com a noticia e a abracei encostando o nariz na curva de seu pescoço para sentir seu cheiro e confirmar se era verdade. Eu inspirei fundo e apenas senti seu cheiro de frutas cítricas que eu amava e nada mais. Abaixei-me ficando na altura de sua barriga e encostei o nariz na mesma e inspirei novamente para ter certeza e não havia nada de diferente em seu cheiro.

Levantei-me ficando a centímetros de encostar em seu corpo e a olhei em seus lindos olhos antes de falar.

- Amor – disse calmo não querendo assusta-la – eu não sinto outro cheiro misturado ao seu.

Aos poucos seu sorriso foi morrendo e ela olhou para mim com um semblante triste.

- Talvez não de para sentir ainda. Tenho certeza que estou. – ela fala com lagrimas nos olhos – vamos falar com a Trisha – ela se levanta pegando o casaco perto da porta e saio com ela a acompanhando.

Dentro do carrinho, a levei para o hospital e no caminho pude sentir o cheiro de seu medo ficando cada vez mais forte cada vez que nos aproximávamos mais. Quando chegamos, fomos direto procurar pela Trisha que estava em sua sala. Ao nos ver, ela fica séria e pergunta o que aconteceu.

Conto a ela que Amália havia me contado e que não havia sentido cheiro do nosso filho nela. A Doutora logo tenta acalmar minha fêmea que estava em prantos e começa a fazer alguns exames.

Os minutos seguintes não poderiam ser piores. Depois que os resultados dos exames ficaram prontos, Trisha ficou em silêncio analisando os resultados e pelo seu comportamento não era uma noticia boa. Ela nos encarou pelo que pareceu muito tempo e só começou a falar quando soltei um rosnado.

- Bom, os exames constam que você não está gravida Amália. - diz me ignorando enquanto fala com minha companheira. - mas, no ultrassom que fizemos - faz uma pausa antes de continuar -  você tem um cisto no útero que está bem avançado e precisamos fazer mais alguns exames para confirmar.

- Explica isso direito doutora - falo quando percebo que minha fêmea não vai falar.

- A formação de cistos no ovário ou no útero da mulher é algo normal de acontecer, mas em alguns casos ele pode se desenvolver e virar um câncer. Pode ser o motivo de o ciclo menstrual ter atrasado e na maioria das vezes é assintomático.  - ela volta seu olhar para Amália e continua - mas isso é só uma hipótese, precisamos fazer mais alguns exames para confirmar e começar o tratamento.

Depois que Trisha soltou essa bomba, os dias seguintes passaram como um borrão até sair o resultado final do exame. E nada poderia me preparar para receber o diagnóstico da minha fêmea. Ela não apenas estava com câncer, mas estava no estagio terminal da doença. 

Eu estava perdendo minha fêmea para uma doença que não tinha mais cura e a única coisa que eu poderia fazer por ela era ficar ao seu lado e vê-la morrer ao poucos. A estimativa de vida que deram a ela era de apenas um ano, com o tratamento paliativo para garantir um conforto com a doença que estava a definhando.

Minha Amália apenas aceitou que estava morrendo e passou seus últimos dias entre ficar em nossa cabana e o hospital. Quando conheci minha companheira ainda nas indústrias mercile, eu não imaginei que sairia de lá e teria uma vida longe daquelas celas. Então, meus irmãos nos resgataram e começamos a construir nossa vida juntos e desde que ela se tornou minha, não pensei que ela pudesse ser tirada de mim de tal maneira.

***

Hoje faz um mês que Amália foi embora e estou trancado em minha cabana sofrendo a minha dor. Sem ela ao meu lado, as coisas tem ficado difíceis de lidar. O seu cheiro estava indo embora como ela foi e me angustiava ainda mais. Eu não saberia viver sem ela por muito tempo e esperava morrer logo para encontra-la novamente.

Do lado de fora, ouço um carro se aproximar e nele descer duas pessoas que eu sabia bem quem eram. Slade acompanhado de sua fêmea Trisha. Eles batem na porta e fico em silencio esperando que vão embora. Sinto a irritação de Trisha quando ela bate na porta pelo o que parece ser a sétima vez e ouço ela gritar.

- Sirius, se você não quer deixar nós te ajudarmos tudo bem. - ela diz e se acalma um pouco - só vim aqui fazer o último pedido da Amália. ela pediu que eu te entregasse essa carta e acho que está na hora de você ler. - ela diz e passa a carta por baixo da porta e escuto alguns minutos depois o carro indo embora.

Me levanto de onde estou e vou em direção a porta buscar a carta que estava dentro de um envelope. Abro-a e começo a ler.


Querido Sirius

Eu sei que esse último ano foi difícil para você. Passou por tanta coisa antes de ser resgatado pelos seus irmãos e ser trazido para junto deles e recomeçar uma vida nova.

Lembro-me de quando te conheci naquela cela fria, eu estava com medo do que aconteceria a mim naquele lugar e que ninguém procuraria por mim, porque eu não tinha uma família a quem voltar como você.

Mas foi eu te olhar e ver o que faziam com você naquele lugar, eu senti que poderíamos nos apoiar e ser a família que não existia. Eu me apaixonei por você e a dor se tornou mais suportável ao seu lado. Quando fomos resgatados, eu senti medo deles me tirarem de você e nunca mais poder te ver novamente.

Mas agora, sabendo do que me espera, eu quero que você siga em frente com a sua vida. Eu sei que para vocês somos companheiras para a vida inteira e que é difícil viver sem a pessoa que ama.

Mas eu quero te pedir que continue vivendo sua vida, por nós dois. Vai doer, mas com o tempo a dor vai ser menor. E quando estiver pronto, se estiver, quero que abra espaço para alguém especial entrar na sua vida e dar tudo aquilo que eu não pude te dar.

Amo você.

Amália.

Sirius - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora