PRÓLOGO

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Por Júlia

Eu não estava acreditando no que os meus olhos estavam me transmitindo naquele instante. Eu estava totalmente ferrada, não tinha como fazer todo aquele problemão sumir como fumaça ao  vento, nem tão pouco possuía uma máquina do tempo, para voltar a exatos 45 dias e mudar minha história, coloca-la nos eixos novamente. Como eu pude ser tão inconsequente? Meu Deus! Meu mundo caiu e agora só me resta chorar pelo leite derramado, pois minhas emoções estavam a flor da pele, e não conseguia conter as lagrimas descendo pelo meu rosto, feito um rio ladeira abaixo.

- Droga! Inferno! Burra, burra, sua completa idiota! _ Expressei minha indignidade para comigo mesma. Como eu pude ser tão burra.

- Júlia, tá tudo certo ai? Amiga o que está acontecendo? Abre a porta Juju! Você está me deixando super nervosa. _ Gina, grita atrás da porta do banheiro. Minha melhor amiga de infância, que por sinal mora comigo em um aconchegante e pequeno "apertamento", isso mesmo! Não é apartamento é "apertamento", o meu cantinho e de Gina é apertado pra burro. Eu tenho mania de colocar apelido em tudo e o nosso apartamento não fugiu a regra e tinha sim o seu apelido carinhoso. Não que fosse um lugar ruim, pelo contrário, apesar de ser apertado, pequeno, estávamos justamente no epicentro da coisa toda. Onde a cidade pulsava como um coração viril e forte. Onde tudo acontecia, comércios, empresas de grande porte, boates, shoppings, restaurantes, gente por todo lado, onde rodavam carros, uber, taxi, ônibus a coisa toda... era exatamente onde a cidade tinha mais vida. Nosso "apertamento" era muito bem localizado. Depois de uma disputadíssima e acirrada briga entre um casal, que desejava comprar o apê ao mesmo tempo que eu e Gina tentávamos a mesma coisa, bem a vitória era inevitável, afinal eu não perdia uma boa briga há anos. Meu nome deveria ser força de vontade, ou talvez destemida, pois eu não desistia nunca quando encasquetava com alguma coisa. Minha pobre mãe que o diga. Coitada, quantas vezes tentou me persuadir a desistir de algo e sempre acabava cedendo, pois incansavelmente eu lutava pelo que acreditava ou queria, até o último suspiro. Enquanto eu divago com o leitor, vulgo você aí... isso você que está lendo a minha história. Gina continua a bater na porta feito uma louca desvairada. Céus! Também eu tinha que ficar brigando comigo mesma em voz alta? De certo que ia assustar a minha doidivanas, que conhecia muito bem a minha pessoa, e já sacava que algo estava errado, muito errado. Pra eu estar trancada no banheiro e denegrindo minha própria imagem.

- Já vai, "Vagina", tenha paciência. _ Fiz questão de chama-la pelo apelido do colégio. Às vezes eu era cruel com minha amiga, que detestava o apelido que lhe rendeu muito bullying na escola. Eu sempre a defendia, em alguns momentos, saia da escola de olho roxo e mãos machucadas por dar e receber porrada. Não admitia que a chamassem assim, só eu tinha esse direito. Pois eu o fazia com carinho, não pra machucar, só pra irritá-la um pouquinho, como estava fazendo neste exato momento, com a intenção de desviar o foco de mim. Pois eu não queria compartilhar minha desesperança neste momento. Precisava de tempo. Tempo pra pensar, pra que um milagre acontecesse, quem sabe minha morte súbita sem motivos aparentes, um arrebatamento, essas coisas... sei lá... Um acerto do universo, ou quem sabe eu poderia despertar de um pesadelo. Isso! Queria tempo pra despertar desse pesadelo e ver que minha vida continuava medíocre e perfeitamente sem graça como sempre foi e eu reclamava. Deus! Eu juro nunca mais reclamar da vida pacata que me deste! Me arrependo de cada momento que esbravejava contra o senhor, quando reclamava da minha vida parada, sem emoções e sem novidades. Nesse exato momento eu queria essa vida de volta. A vida cheia de emoções tá me matando.

- Vai a merda com esse apelido. Sua... Sua...Jujubalândia! Porque você está sussurrando como se estivesse fazendo uma oração? Júlia Almeida Lima, o que foi que a senhorita aprontou desta vez? _ Berrou Gina descompensada. Droga! Agora ferrou tudo. Vou ter que contar.

- Aff! Fiz nada não Gina. Credo. Desconfiada demais pro meu gosto. O que você aprontou? Tá muito nervosa menina. _ Fechei os olhos rezando para ver se a replica pegava. Não custa tentar. Quando se está na merda um cocô a mais não vai alterar o fedor né!

- Isso não vai colar Juju, não caio nessa. Abra a porta e desembucha logo.

- Ne nada não miga. Tô só encalhada, comi goiaba demais então estou rezando para todos os santos pra essa merda não me rasgar toda. _ Falei tentando disfarçar, mas acabei me dando conta de que estava sendo mais verdadeira do que poderia imaginar. Afinal pra entrar a sementinha era minúscula, mas pra sair? Deus que me livre! Gente é uma cabeça saindo pela pepêca. Tem hora que penso: Será que Deus nós odeia? Tanta dor pra trazer ao mundo um filho, e depois a peste vir dizer: "Não envolve não Mãe". Era assim que meu primo Icaro falava com a mãe dele toda vez que ela ia dar um concelho ou ajuda-lo a ver as coisas de forma correta.

Bastava o velho sermão dela, e o bordão dele nunca mudava, sempre a mesma resposta e que no final, nu é que ele acabava se dando mal por não ouvi-la! Então leitor, pelas minhas falas você já sacou o porquê deu estar aqui dentro do banheiro, denegrindo minha imagem, rezando a todos o santos e reclamando de um possível arrombamento não na porta de trás como eu disse a Gina, mas na porta da frente, a minha pobre e pequena amiga vagininha ou pepêca. Porque me recuso chamar de Be-ú–ce-é-te-a, ou seja: Bunita! Há há há... Vai concorda comigo que é super escrota essa palavra. Então brincar um pouco com ela diminui o seu peso né...

Enfim! Aqui estou eu com a droga de um palito na mão com dois riscos vermelhos... isso mesmo querido leitor! Pelo amor de Cristo! São dois... dois riscos vermelhos num pauzinho com um pouco de xixi na ponta. Só não é mais nojento que pelo menos o xixi é meu, e não o do futuro pai da criança. Imagina comigo se: nós mulheres tivéssemos que coleta a urina do macho que te fodeu... lembre-se fodeu figurativamente e literalmente pois é uma fodeção ter um ser sobre sua responsabilidade pela vida toda... sangue do cordeiro.... Pela vidaaaaa toda leitor. Pior se além de coletar a urina você mulher fudida pra caralho, tivesse que fazer as escondidas, pois não quisesse que o bofe descobrisse. Seriamos ladras de urina. Aff! Que nojo. Então menos mal que seja a nossa própria urina, mesmo porque quem carrega o rebento somos nós e quem fica com a transformação do corpo, dos hormônios, e do tal de Beta HCG* também somos nós.

Pra esclarecer bem as coisas, voltando ao palito com dois risquinhos e xixi, para quem não sabe é um teste de gravidez de farmácia. Para medir justamente a quantidade do tal Beta HCG. Humilhantemente temos que fazer xixi num potinho, colocar o palito no lado indicado com a seta dentro do potinho, esperar alguns minutos e... Boom!!! Um risco vermelho? Parabéns você se safou desta com vida. Dois riscos vermelho? Se ferrou! Buraaaa, dá zero pra ela! Isso ai bebê a bordo. Justo o meu caso. Acho que vou surtar neste exato momento porque enquanto estava tentando explicar, a ficha caiu.... Puta merda! Eu vou ser MÃE!

Uma Noiva de Mentirinha Para o CEO - Livro 1 - Degustação - #Whattys2020Onde histórias criam vida. Descubra agora