Sonho

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Não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. Aquele brilho, novamente. Já fazia duas semanas desde aquela noite, não havia acontecido nada em especifico eu não tive nenhuma ideia de como voltar para casa, nem obtive mais informações sobre o que aconteceu comigo. Então, a unica coisa que eu podia fazer era esperar, tanto por respostas e até mesmo por peguntas, porque eu estava perdida em relação a tudo. Eu estava perdida como um cego num tiroteio procurando uma agulha num palheiro.

É pedir demais respostas? Eu fui colocada do nada nisso tudo, e por mais que "isso tudo" tenha sido acordar num orfanato amigável em outro país, eu ainda estava confusa, quem não ficaria?

Todo dia eu olhava para a pedra, esperando algum sinal, seja ele qual for. Mas não acontecia nada. Absolutamente nada. As vezes me perguntava o porque insistia em olhar para aquela pedra estupida.

Com Yasmin as coisas não melhoraram, o nosso dia juntas tinha sido esquecido graças a uma nova coleção de livros que ela achou na biblioteca municipal, os quais aparentemente é a unica coisa a quais seus pensamentos respondem agora.

Tudo aquilo estava me deixando estressada, fazia duas semanas que eu não via minhas séries (eu queria muito saber quem tinha matado a mãe do protagonista!) ou jogava meus jogos. Se fosse pra passar o dia entediada, que fosse passar o dia entediada vendo animes.

Talvez, só talvez aquilo fosse bom para me dar uma espécie de "detox de tecnologia".

Eu tentava dormir mais que o habitual, para o tempo passar mais rápido, mas obviamente não dava certo, só me deixava irritada com minha incapacidade de dormir rápido.

Mas em uma das tardes eu tive um sonho estranho. Não aquele sonho estranho do tipo que tem uma sambaia dançando macarena em cima de um hipopótamo; ele fazia sentido, mas era estranho.

Eu estava sentada um chão preto, eu olhava para o lado e não tinha nada, era apenas um lugar vazio e escuro, como aquele que eu vi assim que peguei a pedra. Não, não era "como aquele" era exatamente igual.

Me levantei olhando em volta, e de certa forma eu sabia que era um sonho (algo que nunca acontece comigo). Primeiro me olhei, e eu estava novamente com meu corpo de catorze anos. Depois corri procurando algo, não achei mas logo ouvi uma voz, igual à primeira vez parecia vinda de dentro da minha cabeça. Algo brilhou atrás de mim, e me virei, era uma especie de brilho esférico roxo, do tamanho de uma bola de basquete, ele estava flutuando, e iluminava levemente o lugar.

Aquele brilho emanava um calor, aproximei minha mão, quanto mais eu aproximava, mais quente ficava, mas não chegava a temperatura de um fogo, aquilo não me queimaria, era uma temperatura bem quente mais ainda sim agradável. Quase afastei minha mão quando estava quase para encostar, mas lembrei que era um sonho, que aquilo não era real. Coloquei a mão na bola brilhante, e ela atravessou-a, mas eu a senti, como se eu tivesse tocado numa nuvem de vapor, mas que não se desfez e continuou lá.

Olhei para os lados procurando alguma mudança no local. Nada. Mas quando olhei novamente para a frente vi a esfera brilhante se desfazendo, e aos poucos seus brilhos, já não mais no formato de uma bola, começaram a se organizar para formar outra imagem, que aos poucos pude entender o que era.

Parecia uma mulher, ela segurava algo que não consegui identificar e passou para uma outra garota, que parecia mais jovem, mas talvez só fosse baixinha mesmo. Ela moveu a cabeça para cima e para baixo, indicando que concordava com algo, olhou para o objeto em sua mão e saiu correndo, e a mulher mais alta se desfez. Ela parou de correr quando encontrou algumas outras figuras armadas com espadas, e uma também surgiu em sua mão. Eles começaram a lutar, e toda vez que ela enfiava uma espada neles, eles se desfaziam. Ela ganhou e sua própria espada se desfez, olhou para o objeto em sua mão e voltou a correr.

Ela subitamente parou, olhou em volta, apenas para voltar sua atenção para o objeto que segurava em suas duas mãos. Logo em seguida ergueu-o acima de sua cabeça. A pequena coisa que e garota formada por brilho segurava comecou a levitar, e girar levemente. Aquilo subiu, e quando estava no alto foi envolta por uma esfera brilhosa meio transparete, que explodiu e seus brilhinhos começaram a cair, como uma espécie de neve sobre a garota. E depois a própria garota sumiu, sua imagem se desfazendo.

Fiquei confusa, vendo aparentemente toda aquela história sendo mostrada através de brilhos e ausência de som.

Todo brilho espalhado se juntou em uma figura humana ao meu lado que abriu a boca dizendo:

- Esse, Letícia, é o seu destino.

Aquilo foi dito, com o som novamente na minha cabeça.

Como assim destino? E qual é minha relação com aquelas imagens?

Mal tive tempo de perguntar tudo aquilo. Eu apenas acordei no quarto. Yasmin me olhou intrigada do outro lado do quarto desviando seu olhar do livro. Devo ter acordado gritando, ou apenas sentando rápido, eu só sabia que estava suando frio. O que havia acontecido?

Loucuras Da Minha MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora