Capítulo 35

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Eu poderia dizer que o tempo estava passando devagar demais, que o motor do barco estava lento ou até mesmo que a própria água não estava ajudando

Eu poderia falar se o capitão não tivesse falado que estava vendo Arcádia e que já íamos desembarcar. O barco todo ficou animado

Todo mundo andava de um lado para o outro e Amberly ficou repetindo a mesma frase por uns 10 minutos

"Se vista como uma rainha"

Mas como que eu ia fazer isso ? Se nem roupas eu tenho direito. Coloquei uma calça preta e uma blusa branca solta, encontrei um par de botas grandes pretas que combinou perfeitamente com a roupa e arrumei o quarto

No meio das minhas roupas, encontrei um colar com uma pedra azul claro e o coloquei no pescoço. Eu estava ótima para uma primeira vez na ilha e para uma apresentação, não para ser apresentada como rainha ou princesa de Arcádia

Coloquei a mochila nas costas e sai do quarto assim que senti o barco parar. Respirei fundo e concentrei todas as minhas energias ali e fui para o convés

Amberly e Sam estavam na frente conversando com uns homens na praia e Rita e James estavam descendo, olhando tudo

A praia era enorme e a praia tão limpa que refletia a luz do sol e o tempo ali era quente e agradável, como Amberly me contou

-Majestade- Falou um homem e estendeu a mão para mim- Meu nome é Henrique e sou seu motorista

- Pensei que não tinha carros aqui- Falo baixo e o mesmo sorri

- Tem majestade, vamos mostrar tudo a senhorita ao decorrer da viagem- Fala e eu pego sua mão e desço as escadas

Por alguns segundos, me senti totalmente conectada a aquele lugar. Como se tivesse uma atração ali, olhei tudo curiosa e senti a necessidade de colocar a mão na areia amarela e limpa

Com um pouco de receio, me abaixei e coloquei toda a palma da mão na areia quente e senti minha cabeça rodar e tudo escurecer

" Aqui é a nossa casa May, e nós devemos proteger todos que moram aqui"

Uma lembrança me atingiu em cheio, da minha mãe andando comigo em seu colo por essa praia e eu colocando a mão na areia. A mesma sensação me pegou, da areia quentinha e gostosa. Ao ponto de querer me jogar nela e fica horas deitada ali

Abri os olhos e Henrique me olhava preocupado e levantei. O mesmo me levou até o carro aonde Dominik estava no banco de trás, sentei do seu lado

- O que está achando ?- Pergunta Dominik me olhando curioso

- Tudo me atrai aqui- Falo olhando pela janela o mar e as rochas ao redor da ilha

- Acho que com a sua mãe também foi assim, na primeira vez que viemos aqui. Não foi de carro- Falo brincando e acabo sorrindo

- Como foi ?- Pergunto e Henrique da a partida

- Tem uma caverna cheia de esqueletos e cabeças de pessoas, foi bem assustador para quem nunca tinha visto algo daquele jeito. Os Habitantes do outro lado do muro não foram muito amigáveis- Fala olhando pela janela- Tô falando daquele muro Ali- Falo e olho

Tinha um muro enorme, tão grande que parecia que ia tocar as nuvens de algum modo e tinha algumas casas mas pareciam tão antigas quanto o muro. Parecia coisa de filme de terror

- O que eles fizeram ?- Pergunto ainda olhando o muro até que passamos por dentro e entramos numa floresta

- Nos atacaram é claro e mataram alguns homens que estavam conosco mas assim que ouviram o rugido ou sei lá o que foi do dragão do Stornne. Pararam tudo e saíram correndo

- Desculpa interromper Majestade a conversa- fala Henrique- Mas falavam que os Habitantes do outro lado do muro, temiam o dragão e o Rei Stornne. Os Habitantes já moraram na cidade de Arcádia mas eles meio que tentaram destruir a cidade de algum modo e foram para fora e desde que isso aconteceu. Tentam de algum modo, agradar o rei para voltarem a morar lá

-Eles sacrificaram sua mãe para tentar agradar seu pai então já viu né ?- fala Dominik rindo e olho pela janela

A floresta era bem fechada e por alguns instantes, vi algo passar perto do carro e nos observar de longe. Tinha algo errado ali

- Pare o carro- Falo e Henrique para e abro a porta

- O que foi ?- Pergunta Dominik- O que você viu ?

- Tem alguma coisa lá fora nos olhando

- Talvez seja os monstros que seu pai criou- Fala Henrique e olho novamente para a floresta

- Droga May, pela amor que você tem a sei lá quem. Entra nesse carro- fala Dominik nervoso e saio do carro

O vento quente passou em meu rosto me fazendo fechar os olhos e sentir todo aquele aroma da floresta, era maravilhoso aquilo. A cheiro das flores e as árvores tinham uma sintonia perfeita, senti algo respirar perto de mim e abro os olhos

Tentei não gritar nem me afastar quando abrir os olhos, tinha um bando de velociraptors bem na minha frente. Me olhando com curiosidade e ao mesmo tempo pensando

- Se afasta devagar May- fala Dominik e um deles vê Dominik e abre a boca irritados

- Eles vão matar ela- Fala Henrique desesperado e respiro fundo e calmamente

Estendo a minha mão devagar e o líder do bando a cheira e me olha curioso, minha mão ainda estava estendida e senti seus dentes tocarem ela. Eu não ia me afastar

Eles sabem quem sou

O líder se aproxima ainda mais de mim e me olha nos olhos me fazendo nem piscar. Ele se abaixou e todos se abaixaram, como se tivesse fazendo uma reverência

- Não é possível- Fala Dominik- Como ?

- Eles sabem quem sou eu, sabem que eu sou uma Tanger e que eu sou a princesa- Falo e passo a mão na cabeça de um deles- Deixem as pessoas passarem aqui. Eu preciso delas tanto quanto preciso de vocês- Falo sorrindo e afasto minha mão

O líder me olha e o bando em segundos saem correndo para dentro da floresta e me deixando sozinha ali. Como se eles nunca tivesse ido ali

Rainha Das Chamas - Livro 6Onde histórias criam vida. Descubra agora