Único

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- Chanyeol, já faz 84 anos que é sua vez de jogar essa porra. - eu disse. Chanyeol era muito lento. Eu não sabia porque ainda pedia pra ele jogar xadrez comigo. Ele bugava completamente e toda vez eu tinha que explicar detalhadamente pro garoto como cada peça se movimentava. E agora ele estava demorando o dobro do tempo, sendo que todo mundo com um par de olhos em bom estado (desculpa, Matt Murdock) conseguia ver que qualquer jogada deixaria o rei dele vulnerável.

- Quer saber? Eu tô é desistindo dessa bagaça. Isso é coisa pra gente doida de exatas. - ele deu um peteleco na porcaria do rei dele, de um jeito desnecessário e dramático (Drama Queen mesmo) e levantou do sofá, delicado como um orangotango, arrastando o assoalho e fazendo barulho. Eu só consegui pensar em como minha mãe ficaria fula da vida se eu acordasse ela, que dormia inocentemente no quarto ao lado. - Eu não nasci pra deixar minha bunda maravilhosa achatada em uma cadeira pra fazer uns cavalos se mexerem em um tabuleiro. Eu sou muito lindo pra isso.

E era mesmo. Pelas barbas de Merlin, que garoto lindo. Eu devo ter dançado pole dance pelado na frente da estátua de Afrodite pra ela ter feito o filho dela cair de paraquedas na minha vida desse jeito. Não que eu fosse gay ou tivesse uma enorme queda-barra-abismo pelo meu melhor amigo. Muito pelo contrário. Eu era completamente hétero, sim senhor, e achava ele lindo de uma forma completamente heterossexual.

- O que você quer fazer, então? - perguntei, como quem não quer nada.

- Qualquer coisa que você quiser tá ótimo pra mim. - ele respondeu, de uma forma desnecessariamente insinuante, enquanto se jogava na minha cama. A camiseta dele subiu, deixando seu tanquinho de porcelana à mostra. Puta merda, Chanyeol. Não faz essas coisas que eu sou cardíaco.

Você não pode pensar nessas obcenidades com seu melhor amigo, Baek, pensei. A temperatura do quarto devia ter elevado, não era possível eu estar transpirando assim por causa do tanquinho de Chanyeol. Achar o amigo lindo era uma coisa, querer dar uns pegas nele era outra coisa completamente diferente. Eu dizia pra mim mesmo todos os dias que eu não sentia a mínima vontade de encostar meus lábios nos de Park Chanyeol. Eu era muito hétero pra tudo aquilo. E muito puro também, vale destacar.

Até parece. Kyungsoo costumava dizer que eu tinha o "selo John Watson de heterossexualidade". Que só faltava sair na rua vestindo uma camiseta que dissesse TOP. Mas que grandessíssima falta de consideração com a minha pessoa. Amigos só serviam pra isso mesmo, pra rir da sua cara feito umas hienas e difamar você. E pra jogar D&D a madrugada toda. E ser os nerds esquisitos da sala, e... enfim. Mais hétero que Byun Baekhyun? Só se existisse um Baekhyun 2.0. O que não seria uma má ideia, na verdade. Meu cérebro já tinha começado a viajar por um universo paralelo onde eu tinha uma versão robô extremamente realista e inteligente de mim mesmo e em como podia usar essa maravilha de invenção para dar início ao meu plano de dominação mundial quando a voz de Chanyeol me fez acordar pra vida.

- Porra, Baekhyun, tá me ouvindo? - ele chamou, sem paciência. - É a quinta vez que eu pergunto se você quer maratonar alguma série ou procurar algum filme na Netflix, e você aí com essa cara avoada de tacho.

- Hmmm...? - disse, meio perdido, olhando pra ele feito um abobado e com os pensamentos viajando por aí. Pensei um pouco nas séries que a gente gostava e fiquei meio bugado tentando decidir entre elas, até ele começar a me cutucar pra que eu resolvesse logo. - Tá. Vamos ver GOT, então.

- Não tem GOT na Netflix, esperto.

É pra isso que existem os sites ilegais pra assistir online, sua anta. - disse, tirando o notebook da escrivaninha e me jogando na cama ao lado dele. A gente era do crime mesmo. Viemos ao mundo pra tacar o terrô. - Chega pra lá. Hoje é dia de sangue, incesto e dragões!

Baekhyun, o hétero TOP | chanbaekOnde histórias criam vida. Descubra agora