𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟏

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Narradora On

Rose acordava com o nascer do sol, seu despertador biológico ajustado à rotina rigorosa que a medicina exigia. Em seu pequeno quarto, cercada por livros de anatomia e anotações de bioquímica, ela se preparava para mais um dia. apesar de sua rotina puxada e das responsabilidades que vinham com o terceiro ano de medicina, nunca deixava de sonhar. Em seu coração, havia um espaço reservado para a esperança e a crença de que poderia fazer a diferença no mundo, uma vida de cada vez. A medicina não era apenas uma carreira, era sua forma de tocar vidas. Ali, ela não era apenas uma estudante, mas uma parte vital da equipe que trazia alívio e esperança aos pacientes. Suas mãos, embora ainda aprendendo, eram firmes e gentis, e seu olhar, sempre empático, oferecia conforto sem palavras.

Yugin, sua amiga de infância, um lembrete constante de que havia um mundo além dos livros e hospitais. quando se encontravam revisavam o dia, compartilhavam risadas e, às vezes, lágrimas. Apesar da distância e das responsabilidades com a empresa familiar na Coreia, Yugin sempre encontrava um caminho de volta ao Brasil, trazendo consigo histórias de Seul. Enquanto Rose contava sobre os pacientes que tocaram seu coração e as letras de música que brotavam de sua alma. A amizade delas era inabalável, juntas, elas eram mais que amigas e sim irmãs de alma, compartilhavam uma conexão profunda, fortalecida por anos de confidências e apoio mútuo.

Rose encontrava alegria nos pequenos momentos: o aroma do café pela manhã, a brisa suave que entrava pela janela de seu quarto enquanto ela escrevia suas letras de música e o sorriso de gratidão de uma pessoa que a ajudou.
No entanto, ao voltar para casa, o cenário mudava drasticamente. A casa dos pais de Rose era frequentemente silenciosa, não por paz, mas porque seus pais estavam ausentes, imersos nos problemas da empresa que administravam juntos. As raras vezes que estavam em casa, o ambiente era tenso, com discussões sobre negócios ecoando pelas paredes que deveriam abrigar uma família amorosa.

A vida social e amorosa de Rose era limitada, uma consequência de sua timidez e das inseguranças alimentadas pelas memórias dolorosas da infância que ainda a assombrava, causadas por uma família fragmentada. A separação de seus pais, marcada por disputas e desentendimentos, havia deixado cicatrizes. O amor, em sua forma mais pura, parecia um conto de fadas distante para ela.
Mas Rose tinha outra paixão: a música. Nas noites em que as vozes elevadas de seus pais se entrelaçavam em um dueto discordante, Rose buscava refúgio em seu quarto, onde há pôsteres do BTS e prateleiras cheias de livros de medicina e também havia um caderno especial que guardava suas letras, reflexos de sua alma. O BTS, especialmente Jimin, inspirava-a. Suas melodias eram o refúgio após dias exaustivos, e suas letras, um espelho de suas emoções. Embora nunca os tivesse visto ao vivo, seu coração batia no ritmo de suas canções.

Com as luzes apagadas e o mundo lá fora silenciado, ela se aproximava da janela, deixando o olhar se perder na imensidão do céu noturno. As estrelas, cintilantes e serenas, eram suas confidentes silenciosas, ouvintes pacientes de seus pensamentos mais íntimos. Ela se encantava com a constância das constelações, a forma como elas permaneciam imutáveis apesar do caos terreno. Para Rose, cada estrela era um lembrete de que havia beleza e ordem no universo, um contraste com a desordem temporária de sua casa. Ela se permitia sonhar com o espaço, imaginando a paz que deve reinar entre as estrelas, onde o único som é o eco suave da própria existência.

Em noites claras, quando a lua cheia banhava seu quarto com uma luz prateada, Rose sentia-se menos sozinha. Ela imaginava que, em algum lugar, Jimin também poderia estar olhando para o mesmo céu, talvez até compor uma nova canção inspirada pela lua. Essa conexão imaginária com seu ídolo trazia um sorriso aos seus lábios, um momento de alegria genuína em meio à turbulência familiar.

Rose sabia que, assim como as estrelas, ela também tinha seu próprio brilho interno, uma luz que nenhum conflito poderia ofuscar. E enquanto olhava para o céu, ela fazia um silencioso voto de buscar sempre a luz, mesmo nos momentos mais escuros, e de se tornar uma estrela-guia na vida daqueles que precisassem de cura e esperança.

Jimin On

"Hyung, vamos jantar daqui a pouco. Se arruma!" - mensagem do Jungkook.

Depois de ver a notificação, coloco novamente o celular no bolso da calça e volto a olhar para o céu. A noite caiu sobre Nova York, e eu me encontrava perdido em pensamentos enquanto a cidade brilhava lá embaixo, a escuridão do lado de fora se misturando com a luz artificial. As janelas do hotel era um quadro vivo, pulsante e vibrante, a cidade nunca dorme, e eu em meu raro dia de descanso, inverto os ciclos naturais, trocando o dia pela noite. Tudo o que eu podia ouvir era o eco da minha própria voz interna. Os pensamentos e emoções que me assolam são como uma melodia sem letra, alta e constante.

Os aplausos e aclamações que recebo são ensurdecedores, e minha gratidão pelos ARMYs é imensurável, porém os gritos dos fãs, o amor dos ARMYs, tudo parecia distante naquele momento de introspecção. Eu me perguntava, "quem é o Jimin fora dos palcos?" "O que resta quando as luzes se apagam e a música para?" Essas perguntas ecoam em um silêncio ensurdecedor, aguardando respostas que talvez nunca venham. Eu poderia ser apenas um homem comum, desfrutando das pequenas liberdades da vida, caminhando pelas ruas, buscando algo tão simples como ir ao shopping, ou talvez, algo tão complexo quanto o amor. Mas esses pensamentos eram como estrelas distantes, brilhantes, porém intocáveis.

A solidão era uma companheira constante, mesmo cercado por tantos. Namjoon hyung estava certo. Eu precisava encontrar alguém para compartilhar esses pensamentos que me assombravam, mas onde encontrar tal pessoa, e como reconhecê-la? As opções eram muitas, mas nenhuma parecia certa.

Sigo para o banho, permitindo que a água lave não apenas meu corpo, mas talvez, parte das dúvidas que me acompanham. Penso em como seria minha vida se não fosse um ídolo conhecido mundialmente. As mensagens dos fãs me lembram do impacto que tenho, mas quando as letras que canto também me salvarão? Eu sabia que a mudança necessária começava por mim, mas como mudar quando você não reconhece mais a própria face no espelho?

No restaurante, o grupo está reunido em um espaço reservado. O jantar com os hyungs era agradável, a música era boa, o ambiente acolhedor, mas ainda assim, algo faltava. Era como se houvesse um vazio que nem a comida, nem a música, nem a companhia poderiam preencher. Essa sensação persistente de vazio me acompanha.

Todos queriam celebrar e assim, eu me deixei levar pela energia dos meus hyungs, pela música, pela dança. Por um momento, as preocupações se dissiparam, e eu pude apenas ser Jimin, não o ídolo, mas o homem, livre e leve. A festa continuou e enquanto observava os outros, tão entregues à celebração. Nossas vidas são diferentes do que se considera normal, consumidas por shows e mais shows. Mas no fim, somos sete garotos unidos por um sonho, vivendo uma realidade que poucos podem imaginar. Eu me perguntava sobre suas próprias lutas internas. Será que eles também sentiam esse vazio? Será que também buscavam algo mais?

A História De Nós Dois - Imagine Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora