Parte 05

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• Lena Luthor •

"Você é o quê? Um monstro?"

A pergunta de Kara ficava se repetindo sem parar em minha mente, como um carpinteiro martelando um prego até que não sobre nada dele.

— Eu não sou um monstro. — sussurro depois de alguns longos minutos — Eu só... ela começou a falar algumas coisas que realmente me tiraram do sério, eu fiquei...

— Irritada, eu sei... Você tem estado muito assim ultimamente. — Kara diz, se aproximando mais de mim, parando a minha frente — O último ano tem sido um inferno para todos nós, eu duvido muito que você esteja contente com isso.

— E não estou, Kara. — afirmo apressada.

— Ótimo, mas isso não te dá o direito de descontar nela. — fala séria.

Eu levanto a cabeça para olhar para ela, o seu rosto estava mais pálido do que o normal, abaixo dos seus olhos havia olheiras profundas e o seu semblante era puro cansaço. Estava tão diferente da jovem Kara que eu conheci seis anos atrás, da mesma Kara que me levou pra cidade natal dela e que me pediu em casamento na beira de um penhasco em uma noite estrelada. Da Kara que sorria de tudo e para todos... Eu estava acabando com ela também?

— Lena... Eu preciso saber o que está acontecendo com você. — diz se sentando ao meu lado — Eu quero entender o que te fez mudar, o que está ou o que estava te atormentando... Eu quero ajudar, Lena... Mas eu não consigo se você não me ajudar de volta.

'' Um pouco mais cedo, logo após Lena deixar Olivia na rua. ´´

· Olivia Luthor ·

Observo o carro de Lena sumir na rua e respiro fundo, olhando em volta, tentando buscar algum ponto de referência para poder ir para casa. 

— Que merda Lena... — sussurro enquanto começo a andar pela calçada.

A minha vontade era ligar para Kara e pedir carona, mas se eu fizesse isso, seria apenas mais um motivo para que elas brigassem e eu já estou cansada de carregar esse fardo. 

Não sei por quantos minutos continuo andando, mas acabo entrando em um bairro estranho, tinha alguns caras me olhando de longe, sentados na calçada onde eu teria que passar em frente.

— Droga, droga, droga. — murmuro apressando o passo. 

Mas então, um carro para bem ao meu lado, me assustando ainda mais.

— Ei pirralha, onde você pensa que vai? — o motorista grita e só então eu vejo que é o Will — Entra, vou te deixar na Becca, esse bairro não é pra crianças.

— Eu não sou criança. — reclamo, mas ele não dá ouvidos, apenas abre a porta para que eu entre.

— Vamos Olivia, se a Rebecca descobre que eu te encontrei por aqui e não te levei embora, ela me mata... Então vamos logo. — bate no banco do carona.

Olho em direção aos homens na calçada e entro no carro, Will não demora muito para sair cantando pneu em direção ao bairro onde Becca morava.

— O que você estava fazendo por aqui? — ele questiona.

— Me perdi na hora de voltar para casa. — respondo sem rodeios — Alguém sempre me busca e por favor, eu sei que eu sou uma riquinha mimada, mal agradecida e ingrata, mas você pode, por favor... Me deixar em paz hoje? 

Will não diz mais nada durante o resto do caminho, apenas para em frente ao prédio onde ficava o apartamento de Becca e espera que eu saia, mas antes que eu faça isso, ele me segura pelo pulso, me impedindo.

Resiliência (Supercorp)Onde histórias criam vida. Descubra agora