what's that in your hair ?

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Como lidar com uma pilha de documentos que, mesmo não sendo tão importantes, precisavam ser digitalizados e enviados a todos os acionistas?

Essa era a pergunta que permeou a mente de Kai durante a manhã. E, enquanto girava em sua cadeira, o rapaz formulou três possíveis formas para lidar com aquilo:

Primeira: pedir demissão;

Segunda: colocar fogo em tudo e mentir que fora um acidente;

Terceira: criar coragem, ligar a impressora e iniciar o trabalho pelo qual era pago para fazer.

Depois de alguns minutos pensando enquanto encarava a (não muito) grande pilha de documentos, ele descartou a primeira ideia. Eram tempos difíceis e oportunidades de emprego como aquela eram escassas, além de que foi quase um milagre ele, sendo tão jovem e inexperiente, conseguir um emprego bom como aquele.

Tudo bem, não foi “quase um milagre”. Ele era competente e isso bastou.

Mais alguns minutos encarando a tal pilha e ele acabou descartando a segunda ideia também. Ele não era um bom mentiroso, acabaria se enrolando com as próprias palavras e seria demitido; e também, não havia um lugar seguro para fazer tal ato dentro do prédio.

Sobrou então a terceira alternativa. Essa que o fez dar gritos internos de irritação, puxar os próprios cabelos e bufar, tudo ao mesmo tempo. Já recuperado de seu pequeno surto, ele estalou, um por um, os dedos, preparando-se mental e fisicamente para ligar a máquina desnecessariamente grande e puxar a primeira folha.

E lá se foram três preciosas horas.

Ele já não estava mais irritado, apenas conformado, quando finalizou o último documento e o salvou na pasta que nomeou de “terror matinal”; levantou então, os braços acima da cabeça, apenas para ouvir um pequeno estalo vindo de um deles.

Com um resmungo que mais pareceu um grunhido, ele pegou o celular e abriu a câmera. Viu seu estado quase deplorável: olheiras enormes embaixo dos olhos, a boca ressecada, os cabelos grandes demais que insistiam em cair sobre sua testa. Esse foi o que mais o incomodou, na verdade. Cada fio parecia ir em uma direção diferente, dando a ele uma aparência que o garoto chamou de “louco da floresta”.

Mas como poucas horas foram suficientes para deixá-lo naquele estado?

Não foram as horas, foram os meses! Desde que iniciara naquele emprego, mal tinha tempo para cuidar de si mesmo. Tanto que sua cabeça doía ao lembrar do amontoado de louça suja que o esperava em casa. Vou pedir comida hoje, pensou, convencido de que aquilo lhe pouparia tempo e esforços.

Ele quase entrou em um debate interno sobre qual seria a melhor opção para o jantar, mas foi tirado de seus pensamentos por um estrondo em sua mesa.

— Que vida boa, hein? — foi Beomgyu quem disse, deixando que outra pilha de papéis caísse sobre a mesa. Ah! Você nem imagina! — Mandaram esses documentos, bonitão.

Kai bufou, mais de uma vez, antes de esticar o pescoço para ler o primeiro dos papéis.

— Mas o que faço com isso? Não avisaram nada… — indagou o rapaz, confuso.

O outro apenas deu de ombros, distanciando-se enquanto falava: — Pergunta pro chefe, Kai.

Pela décima vez no dia, ele quis arrancar os cabelos – não os seus, ele amava seus fios, mas os de qualquer outro.

O Chefe e o Secretário 𖧵 csb + hnkOnde histórias criam vida. Descubra agora