Meu Falso Amor

1. O inicio da minha vida

Hoje é um dos dias mais importantes e felizes da minha vida, ao menos até agora. Isso porque estou indo morar com meus melhores amigos de todo esse mundo, Ana Clara e Lucas. Eu nunca imaginei que chegaríamos até aqui. E com certeza, entre tantas pessoas no mundo, eu ainda escolheria eles.

Eu conheci o Lucas no 8° ano do ensino fundamental, não éramos muito maduros mas sempre fomos melhores amigos. Toda minha família notava o quão inseparáveis nós éramos, e isso permaneceu.
A Ana Clara eu conheci no ensino médio, 1° ano, pra ser mais exata. Nossos gostos musicais em comum nos fez amigas. E quando tentaram separar as turmas pra manter o equilíbrio e controle dos alunos, nós três nos encontramos e ficamos grudados para sempre. E aqui começamos com a história de nossas vidas.

Mesmo em meio a tantas pessoas que mostravam me amar, eu me sentia sozinha. E pode parecer clichê, mas entre sair para encher a cara e ficar vomitando pelos cantos, eu preferia ficar em casa assistindo tv e comendo besteiras. As vezes lendo e imaginando quais histórias eu teria pra contar aos meus netos. E hoje é o dia que estou começando a criar tudo isso, talvez pra ter histórias pra contar, talvez pra me conhecer.

Minha mãe era um pouco super protetora, mas nunca deixou de me apoiar nas minhas escolhas. Depois de descobrir quais eram os meus planos, ela me auxiliou 100% em tudo que eu precisava, e até mesmo o que não precisava.

- Olha só, você não ta morando longe, qualquer coisa é só voltar. - Minha mãe estava arrumando minhas coisas e tentando se conter para não chorar, o que tava sendo em vão porque dava pra ver nos olhos dela.

- Fica tranquila, vai dar tudo certo. - Enquanto tentava acalmar minha mãe, eu ria ao mesmo tempo, era impossível ficar tranquila naquele momento.

A Ana Clara e o Lucas eram mais velhos, em questão de idade, e por isso minha mãe havia ficado mais calma em relação a eu morar "sozinha". Sabia que eu estava com boas companhias e que, por mais doidos que éramos quando estávamos juntos, ia dar tudo certo. Ela não parava de chorar se quer um minuto.

- Oh, mãe - eu disse enxugando ligeiramente suas lágrimas - não chora, ta bom? Eu venho te visitar uma vez na semana, e você pode ir em casa quando quiser. Almoçar nos fins de semana, todo mundo junto.

- Esse não é o fato! - ela disse com as lágrimas ainda nos olhos - Você é minha bebê, e ver que você está se mudando agora, mostra que você cresceu, e daqui a pouco vai estar com uma familia, e esquecerá aos poucos de nós.

- Não exagera, mulher! Eu jamais esquecerei de vocês. - eu disse fechando o porta-malas - Bem, agora tenho que ir, vou dirigir uns minutos antes de chegar ao apartamento, e não quero ser a ultima à chegar, até logo.

Quando entrei naquele carro, sabia que estaria assinando a minha carta de responsabilidade, e estaria, também, me tornando uma nova pessoa. Eu queria muito saber quem eu realmente era, estar longe de tudo que eu sempre conheci, faria eu me tornar a pessoa quem eu nasci pra ser. E por todo o caminho fui pensando como seria nossas vidas, a partir de agora teríamos que cozinhar nossa própria comida, limpar nossa própria bagunça.

Depois de um tempo dirigindo, cheguei ao condomínio, e como não tive contato com a Ana e o Lucas, resolvi subir as coisas pelo elevador de serviço, já que teríamos muito trabalho nos próximos dias.

Depois subir e descer algumas vezes, resolvi mandar uma mensagem para o Lucas pra saber onde eles estavam e por quê demoravam tanto. E para minha não surpresa, ele tinha acordado naquele exato momento, e então a mudança iria se atrasar um pouco. Mas não tinha problema, eu tinha muito o que fazer, muita disposição e um espaço enorme pra preencher naquele lugar grande e vazio.