• Capítulo 9 •

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Leonardo chegou em sua casa exausto, fisicamente e psicologicamente, tudo acontecera tão de repente. Tomou banho e almoçou para tentar ver Anne mais tarde. Sua mãe o chamou do quarto. Laura morava com Leonardo desde que ele se mudou para o apartamento e o pai faleceu, já era de idade.
— Eu vi no jornal, filho. — disse, colocando a cabeça dele em seu ombro.
— Mãe, logo agora que ela estava bem, feliz e recomeçando... não sei o que fazer. — disse com a garganta seca.
— Você proporcionou a ela algo bom, deu o seu melhor, ela é uma mulher linda, via direto suas fotos nas revistas que deixavam no hospital. — disse, acariciando os cabelos de Leonardo. — Vai passar.
Ele sorriu mesmo com tanta dor em seu peito.
— Ela me pediu para esperar por ela antes de viajar. — disse, olhando fixamente para os olhos da mãe, tão apagados, cheios de melancolia. — Ela é realmente linda.
— Faça isso, eu sei que honrará a sua palavra, como sempre fez. — aconselhou-o.
Despediu-se da mãe e foi até o hospital meio desnorteado, tudo havia se encaixado. Chegando lá, tudo parecia estar mais calmo, procurou por algum médico para o informar do caso de Anne. Caminhava de um lado para o outro em frente a porta do quarto onde ela estava.
— Querida Anne... preciso tanto de você. — disse, encostando-se na parede.
Não sabia o que fazer diante de tudo o que estava acontecendo nos últimos dias. Finalmente, um médico apareceu, sem expressão alguma.
— Oi, você é...? — indagou, analisando o rosto aflito de Leonardo.
— Um amigo próximo de Anne. — disse com certo anseio em vê-la.
— Boa tarde, Doutor, sou Clara, amiga de Anne, eu e Leonardo podemos ir vê-la? — disse, tentando sorrir para Leonardo que a encarou confuso.
— As visitas serão liberadas amanhã a partir do meio-dia. — disse, olhando com compaixão para os dois que ficaram desapontados por tardar tanto em estar ao lado dela.
Leonardo voltou para a editora, mesmo em péssimo estado. Reconhecia que precisava estar ao lado de Joaquim, não sabia o que deveria ser feito exatamente, mas se lembrou do livro de Pedro Bianco. Pegou o endereço da casa de Anne com o seu assistente, a editora estava com ar sombrio e pesaroso, todos lamentavam o que ocorrera.
Chegando à imensa casa, foi recebido por Luiza. Ela o abraçou com tanto afeto que ele sentiu uma paz o invadir. Dave também estava lá, olhando para a casa com olhar triste. Leonardo subiu as escadas e chegou na biblioteca de Anne, suas pernas ficaram trêmulas, e a garganta ardeu ao sentir o cheiro forte dela naquele lugar. Havia montantes de livros e mais livros, alguns dentro de caixas e outros começados. Avistou uma mesa de escritório imensa, em cima dela estava o notebook de Anne, estranhou que, ao ligar não houvesse senha, apenas uma foto dela ao lado de um casal que, sem negar, eram os pais dela. Ela continha um sorriso maroto e ar leve de quem não tinha problema algum.
Leonardo hesitou ao ver sua galeria de fotos, tudo extremamente organizado. Muitas fotos de família, amigos e do casamento... ele não queria invadir sua privacidade, mas precisava tanto entendê-la. Em cada foto, ela mantinha uma legenda em especial. Em meio a tantas, ele arregalou os olhos, nela estava escrito: “Descobri que o homem que eu me casei é tão possessivo por poder a ponto de trocar minha presença por trabalho.” E lá estava uma foto de Pedro de uma reportagem polêmica após a imprensa atingir Anne por ser a culpada de um suposto comentário dele de que sentia falta dela por ela viajar tanto.
Abriu uma pasta sem nome, havia um documento com o título: “Simplesmente Anne”.
— Ah meu Deus... — sibilou, impressionado ao ver que Anne escrevera sobre a sua verdadeira vida, começou a ler e só saiu do quarto tarde da noite levando consigo o notebook. Foi para casa com o coração acelerado ao lembrar cada palavra que lera. Continha muitas revelações naquele documento. Aquilo não podia cair em mãos erradas.

O Guarda-Chuva VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora