Hospital das almas

O diretor

Logo no início do verão tudo passou a não fazer, mas sentido, as coisas haviam mudado, pessoas novas entraram no recinto, novos rostos, novas histórias para conhecer. Talvez não seja uma das melhores experiências, já que tudo isso leva tempo, e eu praticamente acho isso tudo muito complicado, complicado no sentido de que tentar conhecer outras pessoas, vou contar um pouco da minha rotina diária, nunca pensei nisso mas não é uma má ideia, á propósito meu nome é, Damon.

Como vim parar nesse lugar, bom, eu me pergunto isso todos os dias por incrível que pareça, eu tinha apenas 8 anos quando tive meu primeiro surto no qual fui trazido pra cá, esse lugar é um tanto quanto misterioso, é isolado de tudo, não tem sinal de telefone, é literalmente fora da cidade de onde eu vim, eu vivo aqui com outras crianças e adolescentes, ainda sim, tem uns velhos simpáticos.

Quando cheguei nesse lugar foi estranho, todos me olhavam estranho com um olhar de pena, eu não entendia o porquê, daquilo já que cheguei em uma maca com cintos em todo corpo, me impedindo de mexer qualquer parte do meu corpo, fui levado para uma sala escura, colocaram algo na minha cabeça que dava um baita choque por um curto período de tempo, e logo fui levado para uma sala onde seria meu quarto, porém eu tive que dividir com outro garoto, que á propósito ele é meu melhor amigo.

Todos os meses chegam novos rostos nesse lugar, porém eles chegam de uma forma totalmente diferente, quando saem daquela sala eles parecem outra pessoa, é estranho, mas talvez seja parte do processo, estou nesse lugar há 10 anos e nunca vi nada fora dos muros, tem guardas trancando todas as saídas, me sinto literalmente em uma prisão, aqui aprendemos de tudo, principalmente á sobreviver, todo dia é um novo aprendizado, quem sabe um dia eu saio daqui.

-Ainda escrevendo nesse diário idiota, Damon? -Disse, Noah, meu melhor amigo.

-Não é um diário, Noah, o que você quer? -Respondi com uma expressão de ironia.

-Nada, apenas vi você escrevendo nisso de novo, todo dia você escreve nele. Pra que faz isso? -Pergunta tentando ler o conteúdo do livro

-Bom, todos aqui tem algo com que se apegam, e eu me apeguei a esse livro e escrevo nele para passar o tempo. -Fecho o livro

-Seja lá o que esteja aprontando com isso, tenho um recado pra te dar. O diretor quer falar com você imediatamente.

-Certo...

O diretor, de todas as pessoas que poderiam me chamar, tinha que ser logo aquele velho ridículo, só me faz perder tempo com as ironias e discussões que faz questão de ter comigo. Depois que ele me trouxe para cá, por causa dele minha vida se tornou um inferno de uns tempos pra cá, mas as palavras dele não fazem a menor diferença em minha vida, já que já escutei coisa pior aquele mesmo dia que cheguei aqui.

Da última vez que cheguei naquela sala ele me torturou com palavras, aquela aura que tem em volta daquele velho, é sinistra, nem o Noah, se sente confortável na presença dele, logo ele que não se importa com a presença das pessoas, ele é conhecido por isso, torturar os jovens daqui, sinceramente eu já estou acostumado com tanta arrogância vindo da parte dele, mas, o que eu posso fazer? Sou apenas um peão desse lugar, eu olho, ouço e me calo logo em seguida pra não ficar ruim pro meu lado...

-Mandou me chamar, diretor?

-Sente-se meu jovem, preciso que ouça o que eu tenho a dizer! -Disse o diretor com seu velho cigarro na mão

-Seja breve, tenho muito para fazer ainda.

-Você parece tão apressado, não esperava menos vindo de você, sempre ocupado, com a cara emburrada o dia todo, segurando o bom e velho diário por onde vai. -Disse o diretor me rodeando

"E mais uma vez ele continua falando do meu livro, não sei porque não estou surpreso com isso, afinal, ele uma hora ou outra iria acabar tocando nesse assunto de novo, se tem uma coisa que odeio que esse velho faça, é tocar no assunto do meu livro, ele literalmente tá se achando o rei disso tudo. Mas, o que posso fazer, estou aqui apenas recebendo e cumprindo ordens, como um bom escravo desse lugar."

-Você checou todos os garotos nas últimas semanas, descobriu algo novo neles?

-Não, nada de novo, apenas o mesmo de sempre, usam sempre a capacidade do cerebro para desenvolver suas habilidades.

-Isso é algo horrível para mim, eu queria uma notícia boa vindo de você, mas nem isso, garoto você me decepciona. Se voltar aqui novamente com a mesma desculpa andrajosa, você irá para a sala roxa novamente!

-Sim sen.. -Logo sou interrompido

-Saia da minha sala, agora! -Disse o diretor gritando

"Bom, eu não esperava mais nada de um dia tão sombrio como aquele, ver o diretor me ameaçar daquela forma, me fez pensar no quão inútil eu sou. Enquanto estou perdendo tempo aqui, eu poderia estar fazendo algo produtivo, ou algo para me divertir, mas não, eu preciso observar as pessoas desse local e analisar elas para um dia se tornarem parte de um experimento enfermiço daquele velho idiota."

Deixando o local com uma expressão totalmente irreparável, Damon, assim como o seu melhor amigo, sabiam que uma hora ou outra poderia ser vítimas do velho, e por conta disso eles tinham que fazer tudo que ele mandava já que o velho tinha total controle de tudo dentro daquele lugar. Pelo corpo de Damon se encontravam inúmeras marcas, que o diretor tinha o prazer em deixar em seu corpo, levando o garoto para uma sala de experimentos que se encontrava naquele lugar, e lá ele usava suas ferramentas para torturar os desobedientes, e Damon, foi um deles, ele lutava pelos direitos porém ninguém dava ouvidos para o garoto.

No dia seguinte, Noah, não estava no quarto, ele havia sido levado pelo diretor enquanto eu dormia. É isso que acontece com quem desobece alguma regra, ou lei do diretor, mas quem sabe um dia isso muda, o Noah, ele não merece passar por tudo isso sozinho, ele é dois anos mais novo que eu, mas o garoto tem muita experiência de vida, se bem que nunca perguntei como ele veio parar aqui, já que cheguei bem depois dele, praticamente ele foi um dos primeiros a chegar neste lugar.

-Você não se cansa de enganar todo mundo? -Disse, Noah, amarrado em uma maca.

-Eu vou fingir que não escutei esse comentário vindo de você, garoto. -Suspirava o diretor, com um alicate nas mãos.

-Se é assim que tu resolve as coisas, prossiga logo com isso!

-Quanto a isso, não se preocupe, será rápido. E o, Damon? Vocês andam conversando muito nos corredores.

-Conversas privadas, não é nada demais.

Noah sabia, que naquele momento estava prestes a acontecer algo que mudaria sua rotina com, Damon. Porém ele sabia os riscos, e mesmo assim quis correr para proteger o seu melhor amigo, no mesmo dia em que tudo isso estava acontendo, Damon, percebeu que se algo estava estranho e decidiu por sua conta, ir atrás do garoto. Algo estava estranho, os corredores estavam vázios, as câmeras estavam desligadas, os sons das salas haviam parado. Damon sabia que seu melhor amigo estava correndo perigo nas mãos do diretor, mas, o coração do jovem estava quase saltando pela boca de tanto medo, suas pernas estavam bambas, seu rosto suava sem parar, suas mãos tremiam, o jovem chegou até a sala onde estava seu amigo, porém, não havia mas ninguém no local.