waves - jjk&kth [🦋]

o n e - be brave.

Não tive chances de ir pra casa. Queria ao menos ter ido pegar meus pertences, mas nem isso os médicos permitiram, pois pensaram que eu iria fugir. Não tinha sentido em fugir. Pra onde eu iria, afinal? Sou maior de idade mas não tenho absolutamente nenhum dinheiro e nenhuma forma de conseguí-lo.

Fui transferido do meu quarto da UTI para um novo, onde seria minha nova morada – sim, assim que o médico se referiu aquele quarto que ficaria por tempo indeterminado.

— tem outros adolescentes da sua idade aqui, sabia? — minha mãe comentou, enquanto me ajudava a colocar minhas roupas na cômoda do quarto. — você podia tentar fazer algumas amizades.

Dei de ombros; não queria causar confusão pra minha progenitora, não queria deixá-la magoada e nem nada parecido, eu obviamente não iria falar com nenhum desses adolescentes, mas ela  não precisava saber disso, era um dano evitável.

Ela se despediu, com a promessa que voltaria a me ver assim que me fosse permitido. O quarto estava aparentemente arrumado, não tinha muitas coisas ali. Próximo a porta estava a cômoda, que guardava minhas roupas e em cima dela, alguns livros e minha coleção de bonecos da Marvel, que senhora Jeon não esqueceria por nada nesse mundo. A cama ficava de lado em relação a porta. Não era uma cama de hospital, como uma maca, estranhamente era uma cama normal, e ao lado dela, uma mesinha, que portava um abajur vermelho - também trazido de minha casa – e duas gavetas, com pertences meus. Em frente a cama tinha uma mesa e uma cadeira de rodinhas, um pedido meu a minha mãe pra eu poder continuar com meu costume de desenhar.

Desde criança sempre fui apaixonado por desenho. Sonhava em ter aulas na faculdade relacionadas a isso, seja design ou artes; qualquer coisa relacionada a isso. Com o tempo, conforme meu transtorno foi tomando conta de cada aspecto da minha vida, fui deixando meu hobby de lado, assim como todas as

outras coisas que me davam prazer, seja uma saída com os amigos ou aproveitar uma pizza na rotineira noite da pizza, no sábado a noite, onde toda minha família se juntava pra assistir filmes e devorar duas caixas de pizza.

— com licença... — uma voz grossa tirou-me de meus pensamentos melancólicos, onde a culpa estava prestes a me consumir. Agradeci mentalmente por isso, porque seria uma péssima hora pra ser atropelado por uma infestação de sentimentos negativos trazidos por ninguém mais, ninguém menos que Jeon Jeongguk.

— sim? — tornei a olhar pra porta, vendo um jovem enfermeiro com cabelos negros que quase tapavam seus olhos, tais eram os comprimentos dos fios. Não deixei de perceber que ele carregavam em suas mãos uma prancheta.

— eu me chamo Kim Taehyung. — ele entrou, cautelosamente em meu novo cômodo e se pôs em pé, próximo a cama. — eu vou estar cuidando do seu caso a partir de hoje. Cuido da maioria dos casos de adolescentes com transtornos alimentares por aqui, espero que se dê bem comigo.

O sorriso dele era simpático, nem parecia que sua intenção era me engordar até que eu odiasse meu corpo o suficiente pra querer morrer mais ainda. Apenas assenti com a cabeça, esperando que ele prosseguisse.

— aqui nesse cronograma tem os horários que você precisa saber. — me foi entregue um papel, escrito digitalmente frente e verso. — Às oito horas, o café da manhã. Você pode optar por tomá-lo em seu quarto ou na cafeteria, com todos. Mas claro, se for tomar aqui, eu ou algum outro enfermeiro estará te acompanhando.

— que divertido, vou ter babás. — deitei-me sobre a cama, bufando profundamente. Ele pareceu ignorar meu comentário, prosseguindo seu discurso decorado.

— meio dia, o almoço. Somos restritos com a pontualidade, você terá meia hora pra fazer sua refeição e se passar disso, vai perder pontos. Às três e trinta, café da tarde. Nenhuma das refeições são opcionais, nem mesmo as que não são as principais. — ele conferia se falava tudo certo, conforme o que a copia da tabela dizia. — O jantar é as oito e a ultima refeição, dez da noite.