Se você perguntasse a qualquer estudante na fase da adolescência ele diria que a escola é um lugar sombrio, onde todos estão cansados e as energias são sempre carregadas. Mas Emma não imaginaria nada disso da sua nova escola, simplesmente porque ela nunca esteve em nenhuma escola. Desde criança até o presente momento, com seus catorze anos, Emma estudou em casa. Porém ela sabia desde o início que aquela escola não era para ela, não era feita para gente como ela.
Emma é uma garota diferente, tão diferente quanto seu pai. Seu pai, Magnus Mageya, é um bruxo. Ela nunca conheceu sua mãe, seu pai diz que ela morreu quando Emma ainda era bebê, mas Emma nunca viu sua sepultura, nem a levou flores ou pode lhe acender uma vela, nunca viu seu pai lhe fazer oferendas ou tentar a contatar do outro lado do rio da vida.
Desde criança a pequena Emma recebia cartas de diferentes escolas de bruxaria. Elas apareciam em todo lugar, saiam das chamas da lareira, eram trazidas pelo vento e pelas águas do riacho, até mesmo animais e espíritos mágicos vinham a trazer cartas. Ela deveria ter um ensino bruxo, mas seu pai dizia que era perigoso, ele a subestimava. Independente do quanto ela estudasse e treinasse, ele sempre diria que ela não está pronta, não está pronta para estudar em uma escola, não está pronta para fazer invocações o qualquer outra coisa.
***
Emma saiu para colher ervas, era uma manhã fria de primavera e as flores cresciam em todos os cantos da floresta, saíra cedo para evitar o mal humor matinal de seu pai, ainda tinha os cabelos castanho-avermelhados meio bagunçados e andava tropeçando um pouco em seus próprios pés. Enchera a cesta que levara com todo tipo de ervas que pode encontrar, mas ainda era cedo para voltar, ainda mais naquele horário que era o que seu pai acordava, então ela decidiu ficar perto do riacho até que fosse meio dia.
A água do riacho passava pelos seus pés e lhe acalmava, o som ritmado das folhas balançando com o vento a deixava cada vez mais relaxada. E então suas pálpebras foram ficando pesadas, ao ponto que já não aguentava manter os olhos abertos. Ela tirou seus pés do riacho, deitou-se na grama, apoiando sua cabeça em seus braços, e foi aos poucos pegando no sono.
Acordou com os raios de sol em sua cara, atrapalhando sua visão. Piscou até se acostumar com a claridade repentina, voltou seus olhos para cima, parecia ser quase meio dia.
Pegou sua cesta e se preparou para sair, quando algo chamou a atenção de seus olhos, um homem alto em cima de uma arvore parecia a observar. Olhou bem para ele, seu cabelo longo e loiro brilhava como ouro quando encontrava a luz do sol, sua pele cor de cobre parecia escondê-lo entre as arvores, sua postura o fazia parecer gracioso. Ela piscou, e ele sumiu, ficando em seu lugar apenas uma coruja carregando uma carta.
- Você é a garota Emma? A filha do bruxo Magnus?
- Está falando comigo?
- Há alguma outra bruxinha nessa floresta? Porque se tiver é melhor aparecer logo.
- É que nenhum animal mensageiro falou comigo antes...
- Não sou um animal mensageiro, sou um familiar. Mostre mais respeito, familiares são importantes. - A coruja desceu da árvore trazendo a carta em seu bico, parou em frente da garota, deixou a carta no chão e então ficou a encarando.
- Essa carta é da Academia Elemental, a melhor escola de bruxaria. Eles requisitam sua presença, você tem até a próxima primavera para se decidir, os detalhes estão na carta. - A garota observou a coruja, seu olhar se fixando nos olhos âmbar da criatura. A coruja abriu suas asas, e com um movimento rápido levantou voo.
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O Primeiro Elemento
General FictionEmma viveu sua vida inteira com seu pai, estudou em casa e nunca conheceu sua mãe. Ah, seu pai é um bruxo, e ela é uma bruxinha que deveria ter recebido a educação correta em uma escola de bruxaria, mas seu pai diz ser muito perigoso. Seu mundo vira...