Primeiro capítulo.

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São Paulo, fevereiro de 2020.

Era mais um dia naquela escola vazia cheia de pessoas hipócritas e egoístas, adentrei a sala e sentei - me em minha cadeira de sempre que ficava encostada na parede no lado direito da sala, abri um livro de romance de Nicholas Sparks, a primeira vista. Por algum motivo eu nunca conseguia ler esse livro até o final.


O sinal finalmente tocou quando um garoto adentra a sala pedindo licença a professora para entrar na sala, ele se encaminha até o fundo dela e senta atrás de meu amigo. - vamos chamar esse amigo de Natan- Eu olhava para trás a todo momento sem saber o que tanto me chamava atenção naquele garoto, então quando o sinal soou novamente pela escola eu fui até o Natan e sentei na cadeira a sua frente e comecei a conversar com ele, o garoto atrás levantou a cabeça e olhou pra mim.


-Oi, prazer... Clara - Eu disse tímida.

Oi, meu nome é Lucas!- (Obs: esse não é o nome real do garoto, é apenas um nome fictício).- então quer dizer que você gosta de animais ?- perguntou.


- É.... eu sou bem criativa com nomes- eu ri- Eu tenho quatro cachorros, mel, belo, Lula e Sofia- ele riu-.


-Você é realmente criativa- disse ele ainda sorrindo-.


-Eu nunca te vi aqui, você é de outra escola ?- perguntei-.


-Não - ele riu- na verdade eu fui reprovado- o sorriso desapareceu-.


-Entendo.- disse meio sem graça- quer sentar do meu lado? Acho q a gente tá incomodando o Natan.- disse receosa mas ele disse que "sim" então eu sorri-.


Isso se seguiu por vários dias, nós sentávamos juntos, ficávamos juntos no intervalo e nas aulas vagas e sempre que eu podia notava um traço diferente nele.


- Nossa!- disse assustada o fazendo levantar a cabeça- você desenha a sobrancelha com sombra- eu ri-.


-E..- ele disse sem graça- a minha prima faz pra mim! Infelizmente minha sobrancelha não cresce como a das outras pessoas - ele riu-.


O cheiro dele era muito bom as roupas dele cheiravam a amaciante Downy e ele cheirava a um perfume masculino forte - se eu conheço bem, Malbec- ele era sorridente e muito bonito, me tratava super bem! A gente até era shippado pela escola toda como casal do ano, sinceramente eu queria que a gente tivesse tido a oportunidade de se tornar isso.

Em uma segunda feira ele chegou na sala todo sorridente. 

-Porque está tão alegre- disse dando um beijo na bochecha dele-.

-Eu vou ficar com...- vamos chamar a fulana de Ellen-... a Ellen.


Meu chão caiu, eu fingi não estar incomodada com aquilo por pelo menos quatro aulas e na hora do intervalo eu disse que queria ficar na sala, eu estava tendo uma crise de ansiedade! Eu chorava e suava frio.
Alguém toca meu braço e pergunta "Você está bem ?" Eu olho pra trás e é minha "amiga" - vamos chamar essa "amiga" de Luisa-.

- Sim, eu estou bem!-respondi enxugando as lágrimas-.

- É o Lucas não é ?- perguntou-.

- Sim! Ele vai ficar com a Ellen!- disse chorosa-.

- A Ellen da sala do lado ou a do outro lado da escola?- perguntou-.

-Do outro lado da escola- ela fez cara de nojo- eu gosto dele só que ele ainda não sabe e me machuca saber que talvez ele nunca saiba.- disse chorando-.

- tá tudo bem, amiga!- disse ela- eu já volto!.

Talvez eu não devia ter abrido minha boca pra alguém como ela! Não mesmo!!
Lucas passou as próximas três aulas estranho comigo e meio aéreo, eu tentava puxar assunto e ele simplesmente estava sendo grosso.
No outro dia eu descobri que ele tinha ficado com a menina e perguntei como foi, ele disse que ela beijava bem e que era muito legal, eu me senti mal por ser tão egoísta.
Na nossa sala nos tínhamos costume de sempre jogar uno, como a professora havia faltado resolvemos jogar Uno, eu bati seis ou sete vezes seguidas nesse dia.
Chegou uma hora que eu decidi que deveria olhar um pouco mais pro Lucas.
Notei que ele não havia pintado a sobrancelha.


-Você não pintou a sobrancelha- disse olhando pra ele e logo em seguida pras outras  pessoas da nossa roda- gente vocês sabiam que ele pinta a sobrancelha, fofo né ?.

Eu não disse aquilo na intenção de fazer chacota ou deixa - lo constrangido.

-Cuida da sua vida garota, ninguém te perguntou nada!- ele disse ríspido-.

Eu me senti a pior pessoa do mundo.

-Eu não queria ser rude com você mas estou sendo obrigada! Fale alto com quem quiser menos comigo seu escroto de merda!- gritei-.

A partir desse momento outras pessoas começaram a falar e a ficar contra mim e eu me senti um lixo e acabei desistindo de continuar o jogo, sai da sala e fui ao banheiro chorar um pouco. Nesse meio tempo eu havia descoberto que nos dois tínhamos bastante coisas em comum, infelizmente não eram tantas como eu pensava.

Algumas semanas depois...

Lucas já não sentava mais comigo e havia até mudado de lado da sala. Ele me evitava não falava comigo em hipótese alguma, me evitava a todo custo. Aquilo estava me matando! Eu pedi desculpas duas ou três vezes nas minhas tentativas falhas de falar com ele só que ele sempre fingia que não me escutava. Naquele dia especial da semana foi o dia que talvez tenha me marcado pra sempre! Eu fui pra porta da sala olhar o movimento no corredor quando me deparo com ele beijando uma garota desconhecida! A gente não tinha nada mas aquilo ainda me machucava! Eu fingi não ter visto e virei o rosto. Algumas horas depois eu tentei falar com ele de novo e novamente fui ignorada! Aquele era o meu limite! Pedi pra minha mãe me mudar de escola, ela me questionou e eu menti um pouco, no outro dia eu já estava em outra escola. 

1 mês depois....

Já fazia um mês que eu havia mudado de escola e trocado de número, eu pedi o número do Lucas ao meu amigo Natan que não se recusou a passar.
Eu mandei um Oi que logo foi respondido com "Oi, quem é?"
Eu respondi "Sou eu, Clara"
Depois da mensagem ser lida eu fui ignorada por mais um longo mês.
Estava na sala de aula quando meu celular vibra e era ele! "Oi, você mudou mesmo de escola?" Ele perguntou. Eu respondi que sim e recebi um "graças a Deus não aguentava ficar na mesma sala que uma garota falsa igual você" depois dessa mensagem eu comecei a discutir com o garoto e falar que ele estava sendo babaca em dizer aquilo! No final das contas eu descobri que a minha suposta "amiga" tinha inventado coisas sobre mim que eu simplesmente não poderia desmentir, aquilo me destruiu, hoje eu e o garoto não temos mais contato e mesmo assim ele ainda tem um lugar guardado no meu coração.

Algumas vezes ainda vejo ele, na rua ou até mesmo em lugares, mercados ou lojas, infelizmente vê-lo era e é inevitável, eu ainda carrego aquela velha sensação de afeto, e eu garanto que seu toque em minha pele ainda queima.

Baseado em fatos reais.

Doce fim.Onde histórias criam vida. Descubra agora