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Sem previsão de uma nova reunião com Snape, Isis fez uso do novo passe, entregue por Aurora, para não ganhar uma detenção caso fosse avistada perambulando pelos corredores à noite

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Sem previsão de uma nova reunião com Snape, Isis fez uso do novo passe, entregue por Aurora, para não ganhar uma detenção caso fosse avistada perambulando pelos corredores à noite. Os lanches repartidos com Madame Nor-r-ra ainda não eram o suficiente para livrá-la de Filch. Ao entrar na sala privativa da Torre de Astronomia, encontrou a professora lendo o exemplar surrado de Os Sonhos e Delírios de Bes, um dos primeiros livros publicados por Underhill; o cheiro forte de kyphi¹ impregnava o ar, saído do incenso aceso sobre a escrivaninha.

As duas vinham estudando há dias tudo o que o ex-comensal escrevera sobre o assunto, enquanto cuidavam do material necessário para a produção da poção Merikare — criada por ele e um bruxo egípcio na década de 80 — e da tinta mágica para gerar a conexão com o mundo onírico. Isis e Aurora contaram com a discrição dos donos do Apotecário, e da Parralena & Cicuta Verde para comprarem os ingredientes, sem McGonagall suspeitar de algo. Se terminasse expulsa da escola, estaria em maus lençóis, mas a preocupação real residia na carreira da amiga, que já tinha se arriscado o bastante ao protegê-la diante da diretora e do ministro.

— Hoje é o dia — falou Isis, ansiosa, desfazendo a transfiguração e verificando o relógio de parede. — Tem preferência por uma memória específica?

— Eclipse lunar de 85. O de outubro, não o de maio. — Sinistra sorriu ao ver a bruxa concordar. — Foi uma ótima aula de Astronomia, não foi?

— Uma das melhores. — O fato de ter dado um fora em Bill Weasley naquela mesma noite era irrelevante. — 23h32 — acrescentou, estalando o pescoço. — Se começarmos agora, estarei de volta ao dormitório antes das 4h. — "E pronta para abraçar a insônia", pensou, respirando fundo.

Estavam próximas da terceira semana de prática; o frio de novembro cobrira as terras do castelo com o branco das geadas e congelara o lago. Até aquele momento, Isis só visualizara os sonhos de Sinistra, sem manipulá-los além de poucas sutilezas. Era uma tarefa mais difícil que o esperado, apesar das expectativas baixas. Não queria admitir que as falhas a irritavam, tampouco conseguia disfarçar o sentimento. A astrônoma não oferecia qualquer tipo de resistência e, mesmo assim, encontrava dificuldade em realizar a tarefa.

— Tomou o chá? — Aurora assentiu, bocejando. — É melhor ir se deitar. — Isis bebeu a poção Merikare, fazendo careta quando o amargo tocou a língua. — Eu termino por aqui. Se tudo der certo, não se esqueça: a paralisia ao despertar é normal e passará em questão de minutos, talvez menos. — A astrônoma desejou boa sorte e se recolheu em seu quarto.

Isis molhou a ponta da pena na tinta mágica e traçou os símbolos na pele — em um padrão de escrita hierática —, partindo da palma da mão até o fim do antebraço. No primeiro instante, não sentiu nada além de um formigamento leve, porém, ao repetir o padrão no outro braço, uma letargia a abraçou, quase derrubando-a. Ela se arrastou até o tapete e, em um piscar de olhos, encontrou-se estirada no chão. A respiração pesada saía dos lábios enquanto encarava o teto enfeitiçado, hipnotizada pelas constelações em movimento.

Solace ϟ PotterversoOnde histórias criam vida. Descubra agora