Capítulo IX - Mercadores de escravos

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Eustáquio até ganhou um punhal, mas não é como se ele soubesse usar, então eu estou por conta própria e com um moleque pra tomar conta

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Eustáquio até ganhou um punhal, mas não é como se ele soubesse usar, então eu estou por conta própria e com um moleque pra tomar conta.

A conversa de Lúcia, Edmundo e Caspian pode ser ouvida de onde estou, já que a cidade está deserta. 

— Mercadores de escravos. — ouço meu namorado dizer e arregalo os olhos.

— Como é que é? — eu pergunto, olhando-o por cima do ombro.

A coisa toda deu errado aí mesmo, pois dentro do local homens desceram dos sinos gigantes que haviam ali, e aqui fora quatro me cercaram.

Coloco Eustáquio atrás de mim com um braço, enquanto choco espadas com dois dos homens. Seguro a espada com as duas mãos e consigo desarmar um, em seguida golpeio seu abdômen e parto para acabar com o outro homem, defendendo-me do terceiro. Dou-lhe uma rasteira e estou quase acertando um último golpe, quando ouço um grito de Eustáquio. 

— Larguem as armas, se não querem ver esse aqui gritar feito uma menininha. — o quarto homem diz, com uma faca no pescoço dele.

— Menininha? — Eustáquio pergunta, com sua voz uma oitava acima do normal.

— Agora! — ele ordena, pressionando a faca na garganta do loiro.

Com o maior ódio que já vi, Lúcia joga sua arma no chão, enquanto Caspian abaixa-se e coloca a arma no chão, mantendo os olhos no homem que tem Eustáquio como refém.

— Eustáquio. — Edmundo reclama, jogando a arma no chão.

— Ele nem devia ter vindo junto, Ed. — eu digo, revirando os olhos, e coloco minha espada no chão. — O garoto não sabe se defender.

— Mas já está na hora de aprender, não acha? — ele retruca e eu olho pra ele com cara de tacho. Ele fala como se soubesse algo sobre defesa pessoal antes de vir para Nárnia.

— Quietos vocês dois. — o homem com Eustáquio manda. — Algemem eles. — ele diz e então tira a faca da garganta de Eustáquio, segurando-o pela orelha. — Vamos levar esses três para o mercado, levem os dois ali para a masmorra.

— Tá de sacanagem. — eu resmungo, sendo segurada por dois homens em seguida.

— Calada, bonitinha. — um deles diz, amarrando minhas mãos com cordas.

— Filho de uma... — eu xingo quando ele amarra forte demais as cordas.

O homem me dá um tapa com as costas da mão e eu olho para ele com raiva, sentindo que ele tem sorte de eu estar sem uma faca na mão.

— Seu tolo insolente, eu sou seu rei! Não ousem tocar nela novamente! — Caspian esbraveja, debatendo-se no aperto dos homens que o seguram.

— Você vai pagar por isso. — Edmundo afirma, após levar um tapa de um dos homens.

— Na verdade, outra pessoa vai pagar. — um homem mais velho aparece, de repente. — Por todos vocês.

— Desgraçado. — eu digo, já sendo puxada por dois homens para fora, junto de Lúcia e Eustáquio.

— Elle! — Caspian grita por mim.

— Caspian! — eu grito de volta, mas sou arrastada para a rua pelos homens.

O que posso dizer além de que a noite que passei foi um show de horrores? Eu fiquei vigiando a maior parte da noite, deixando Eustáquio e Lúcia dormirem, mesmo que precariamente. Fomos levados para um prédio e ficamos perto das paredes, sendo vigiados pelos mercadores. Havia muitos presos no local, o que partiu meu coração.

Honestamente, eu estava apavorada com a ideia de dormir e algo acontecer comigo e Lúcia, pois havia muitos homens desconhecidos ao redor, mas a Pevensie me convenceu que poderia acertar um belo chute e me acordar caso fosse necessário. Então eu dormi, muito mal, mas dormi.

Acordo com os mercadores chamando (gritando mesmo) por nós, e somos todos arrastados para a rua, então andamos vários metros antes de sermos acorrentados à um muro. Sim, acorrentados.

O sol começa a nascer e rapidamente começo a ficar com calor, já que acabei colocando aquele colete estúpido de novo. 

Diferentemente de ontem, a cidade parece extremamente barulhenta conforme a manhã passa. Devemos ter ficado aqui por três horas quando algo bizarro acontece: pessoas são colocadas em um barco, e uma névoa verde aparece, levando-os embora.

— O que foi isso? — eu pergunto, assustada. 

— Pareceu um sacrifício. — Lúcia responde e trocamos um olhar.

— Definitivamente estamos com problemas. — eu digo.

E a gente, na ingenuidade, achando que Nárnia estava sem problema algum, tranquila.

— Levantem-se. — um mercador ordena e todos fazemos isso, então ele nos solta dos muros. 

Somos escoltados pelos mercadores até um palanque, onde a venda começa. Provavelmente ficamos uma hora vendo as pessoas serem vendidas antes de chegar a vez de Lúcia. Ela é vendida por 150 moedas, e logo é a minha vez. Sou vendida por 180 moedas e nem quero imaginar o que farão comigo.

Na vez de Eustáquio, ninguém parece querer comprá-lo, chegando a reclamar do seu cheiro.

— Que mentira! Eu ganhei o prêmio de higiene escolar dois anos seguidos. — ele se defende e eu coloco as mãos no rosto, desacreditada. Ele realmente acabou de dar motivo para comprarem ele?

— Eu alivio você dessa carga, eu alivio você de toda essa carga. — um homem de capuz se aproxima, então ele e vários outros com capas tiram elas e vejo, então, que Ripchip está no ombro de Drinian. O rato grita: — Por Nárnia!

Os tripulantes do navio gritam o mesmo, começando a lutar com os homens ao redor. Ripchip ataca o mercador que estava nos anunciando e derruba-o, então vem até mim e Lúcia, nos soltando.

— Obrigada, Rip, eu sabia que viriam. — a Pevensie diz, enquanto ele destranca sua algema.

— Majestade. — ele faz uma reverência e ataca um homem que aparece ao nosso lado, então me solta.

— Você trouxe o Jonathan?! — eu brigo com ele, lançando-lhe um olhar repreensivo.

— Eu não poderia deixá-lo sozinho, majestade. — Ripchip responde, enquanto pego a espada do homem que ele derrubou.

— Está bem, falamos disso depois. — eu resmungo e derrubo um dos homens que ataca Lúcia, o outro ela nocauteia com um pesado livro que encontrou. — Muito bem, ruiva.

Ela me lança um sorriso e pega a espada de um deles, então pulamos do palanque e ficamos de costas uma pra outra, lutando contra os homens que aparecem.

°°°°°

Espero que tenham gostado.

Até a próxima.

25/09/2020.

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