A princesa na Torre

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Era uma vez uma linda princesa, embora não se enxergasse dessa maneira. Vivia em uma torre no meio da floresta, satisfeita porém, solitária.

Todos os dias a princesa coletava as mais belas flores e em seguida, as guardava dentro de seus baús com todo o amor e carinho. E apesar de a sua rotina nunca mudar, ela se sentia completa.

Numa certa manhã a princesa notou uma dor incomum na ponta de seus dedos, pensou que pudesse ser devido aos espinhos que haviam crescido em suas flores recentemente, mas não se importou e continuou a cultivar.

Quando se deparou com uma poça de sangue que manchava o seu vestido branco, se ajoelhou no chão e apertando os seus dedos, não os sentia. Mas a satisfação em ver os seus baús cada vez mais cheios permanecia.

Os dias se passaram e a sua situação decaia, mas teimosa como é, jamais deixava de lidar com o que a machucava.
Foi então que um belo pássaro entrou pela sua janela e pousou em seu ombro.

- Porque continua a colher se podes parar? E porque se isola nesta torre se podes simplesmente escapar?

A princesa já havia pensado na possibilidade de sair daquela torre, mas não se sentia forte o suficiente para deixar o acomodo para trás, afinal ela não sabia como lidar com mudanças.

Olhou com carinho para o passarinho e aceitou que talvez fosse melhor se libertar daquele habitat, recuperar os seus dedos e tentar algo novo.

Com medo e aperto no peito, a princesa saiu e pela primeira vez depois de muito tempo, se sentiu em paz. A grama não era tão árdua como o concreto e o vento a motivava.

Brincava e sorria dia após dia e os seus dedinhos já não sangravam mais, podendo colher alguns frutos frescos ao invés das mesmas flores de sempre.

Porém, em um anoitecer, quando a lua iluminou seu rosto durante o sono, despertou.
Se arrependeu de ter deixado os seus baús para trás e sentiu uma dor ainda maior do que ter seus dedos cortados.

Correu em direção a torre e com voracidade se pôs em frente a sala onde guardava toda a sua riqueza, mas infelizmente, as coisas já não estavam da mesma maneira como ela deixou.

Ao abrir os seus baús, notou que as flores estavam sem cor e sem vida e então, percebeu que as suas semanas de colheita de nada adiantaram.
A princesa se colocou dentro do baú o fechando, para que lá dentro, pudesse lidar com a dor da perda.

Algumas semanas depois o pássaro entrou pela mesma janela, mas dessa vez, a torre não era mais a mesma.
Um odor diferenciado tomou conta dos quatro cantos daquele quarto e por mais que tentasse, as luzes não se acendiam mais.

Dentro do baú mais importante que habitava ali, estava a princesa, fria e sem vida, sufocada junto as flores que ela mesma cultivou.

- Jhenifer Azevedo

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