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Um mês da prisão do Alex
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Carla Torres
Quinta
19:30


Nunca fui a melhor pessoa desse mundo, mas tudo que eu queria era poder curtir a vida e me aventurar por ai, como toda jovem de dezoito anos.

E eu estava vivendo isso até descobrir a gravidez, gravidez essa que nunca foi desejada por mim.

Eu tinha estragado a minha vida da pior forma possível, um filho me atrasaria em tudo. Perderia o meu emprego e a minha liberdade.
E eu sabia bem quem era o pai da criança e ele também não ia querer saber dela.

Meu desespero foi tanto que tentei abortar algumas vezes usando métodos caseiros, mas a criança era resistente e não morreu.

Então resolvi procurar uma clínica ilegal, estava tudo certo, já tinha até o dinheiro pra pagar.

Assim que cheguei na clínica, que funcionava nos fundo de uma casa, me chamaram numa sala onde tinha um casal e a dona da clínica, ela me disse que o casal queria o bebê, porquê a mulher não conseguia engravidar e eles iria me pagar por isso.

Não pensei duas vezes antes de aceitar. Além de me livrar de um fardo eu ainda ganharia dinheiro.
Então eles passaram a me bancar em tudo, a mulher ia comigo em todas as consultas e ela era quem pagava tudo.

Fui privada de poder sair, curtir e aproveitar durante nove meses.
Mas quando a bebê nasceu a mulher que iria comprá-la engravidou e então eles não queria mais o bebê que eu gerei.

Me desesperei novamente, o que eu faria com ela?
Não tive tempo pra pensar nisso, porquê ela nasceu.

Depois de vê-la, percebi que não parecia nada comigo, pensei em largá-la num orfanato, mas cheguei a uma conclusão melhor, iria pedir dinheiro ao pai dela, não fiz sozinha não é mesmo?

E foi o que eu fiz, ele não acreditou no começo, mas um teste de DNA provou a paternidade e comecei a receber quase cinco mil reais por mês.

Até um nome eu dei a menina. Cecília,  achava esse nome bonito.

Mas nem todo esse dinheiro fazia a aquela menina calar a boca, não importava o quanto eu desse de comer a ela ou desse a chupeta, ela não parava e isso me irritava.

Várias vezes a deixei chorar sozinha até cansar.

Não entendia o porquê de Deus me dar essa criança sabendo que eu não a desejava e nem conseguiria criar.
Novamente me via em desespero, sem saber o que fazer.

Quando soube que o Cobra foi preso pensei que ficaria sem receber o dinheiro, mas o irmão dele continuou mandando e até veio ver a menina, mas eu estava esgotada.

Um mês aturando aquilo, estava a beira da loucura. Minha vontade era largar ela em qualquer beco pra que chorasse longe de mim.

Mas aquela garotinha não merecia isso, ela merecia alguém que pudesse cuidar e amá-la como eu jamais conseguiria nesse vida.

E eu estava disposta a me livrar dela e viver a minha vida longe dessa favela, longe de tudo isso e de quebra dar a ela uma boa vida e uma mãe de verdade.

Luz em todo morroOnde histórias criam vida. Descubra agora